A Transamazônica pode salvar Belo Monte, artigo de Paulo Afonso da Mata Machado
Resumo
A discussão em torno da construção da Usina Belo Monte tem focado aspectos ambientalistas e deixado de lado a baixa eficiência prevista para a usina. Neste artigo, apresenta-se uma solução para aumento de sua eficiência sem novos desmatamentos.
[EcoDebate] O projeto da Usina de Belo Monte prevê uma potência instalada de 11.233 MW, mas sua potência média de geração de energia (potência firme) será de apenas 4.418 MW, uma diferença de mais de 6.600 MW (60% da potência de geração máxima prevista). A título de comparação, a Itaipu Binacional tem 69% de eficiência. As seis maiores usinas já instaladas no Brasil têm percentual médio de geração de energia de 70%, sendo a média nacional de 55%. Por outro lado, a área a ser desmatada será de 516 km² (0,046 km2/MW, bem menor que a média nacional por potência instalada, que é de 0,49 km2/MW).
Originalmente, a diferença entre a potência instalada e a potência firme era muito menor, mas previa-se o alagamento de uma área muito maior – 1.225 km², incluindo reservas indígenas –, além de redução significativa da vazão na Volta Grande do Xingu. Com a modificação no projeto, não mais serão alagadas áreas indígenas e foi garantida a vazão mínima de 700 m3/s na Volta Grande do Xingu, o suficiente para manter as atividades de pesca e de navegação nesse trecho do rio.
Um aumento de alguns pontos percentuais na eficiência de Belo Monte poderá aumentar muito a média de geração de energia no país e, evitando o alagamento de novas áreas de floresta, poderá dispensar a construção de outras hidrelétricas na Região Norte, particularmente na bacia do Rio Tapajós, considerada a região atual de maior potencial aurífero do mundoi. Esse aumento poderá ser feito apenas aproveitando o enorme potencial hídrico da região, que detém 70% de toda a água doce do país, incluindo o maior aquífero do mundo – o Alter do Chão.
Existe mais de uma solução para o aumento na eficiência de produção de energia em Belo Monte. Focaremos apenas uma delas: a transformação de um trecho da Transamazônica em hidrovia.
A Transamazônica
A BR-230, conhecida vulgarmente como Transamazônica (ver Fig. 1), jamais foi concluída. Por ter o lençol freático muito próximo à superfície, a estrada permanece alagada no período de chuvas. É por isso que há tantos buracos que tornam o trânsito impraticável durante os meses de chuva mais intensa. Cogita-se de asfaltá-la, sabendo-se de antemão que haverá necessidade de recuperação anual após o período chuvoso, recuperação essa que poderá ser dificultada devido à grande distância da maior parte da estrada em relação aos centros urbanos.
Fig. 1 – Traçado da Transamazônica
Melhor que asfaltar o trecho de 557 km entre Altamira (próximo de onde se localizará o reservatório da Usina Belo Monte) e Jacareacanga, todo ele em planície, será transformá-lo numa hidrovia. Estima-se que o custo total de uma rodovia chega a ser cinquenta vezes o custo de uma hidrovia. Além disso, comparativamente à rodovia, a hidrovia é um modelo menos poluente, além de assegurar o transporte de produtos com mais baixo custo. Em Jacareacanga, a nova hidrovia estará ligada à hidrovia Tapajós-Teles Pires (ver Fig. 2), permitindo o transporte de embarcações entre Santarém e Altamira.
Fig. 2 – Hidrovia Tapajós-Teles Pires e BR-230 (Transamazônica)
Para isso, a Transamazônica deverá ter seu leito escavado a uma profundidade mínima de 1,8 m. Muito antes de se completar a escavação do leito da hidrovia, será atingido o lençol freático, que se encarregará de fornecer parte da água à hidrovia. O restante será fornecido de forma controlada pelo Rio Tapajós, de modo que o nível de água da hidrovia seja mantido constante.
Além de propiciar transporte mais barato e mais ágil, essa hidrovia fornecerá a água que Belo Monte vai necessitar para aumentar sua potência firme. A adução de água da hidrovia para o reservatório de Belo Monte será feita sempre que este estiver com volume abaixo de sua capacidade plena.
Quando as chuvas inundarem a hidrovia, o volume excedente será descartado no Rio Xingu, a jusante de sua confluência com o Rio Iriri e a montante do reservatório da usina, aumentando a garantia de funcionamento do reservatório com capacidade plena.
A transformação de um trecho de 557 km de estrada em hidrovia permitirá um tráfico ágil e mais barato durante todo o ano em uma área muito desenvolvida no Estado do Pará, além de aumentar substancialmente a eficiência da Usina Belo Monte, sem novos desmatamentos, tornando desnecessária a construção de hidrelétricas previstas para a região, cujos impactos sociais e ambientais são inevitáveis.
Como se trata de uma proposta nova, alguns questionamentos devem ser considerados.
1) Quem se responsabilizará pela dragagem da hidrovia?
Tal como acontece nas rodovias, o transporte na hidrovia deverá pagar pedágio. A empresa que vencer a concorrência e vier a arrecadar os valores do pedágio ficará responsável pela dragagem da hidrovia, que será feita pelo menos uma vez a cada ano, após o fim das chuvas.
2) Como será feito o cruzamento com os rios da região?
Se o nível de água do rio estiver abaixo do fundo da hidrovia, esta passará sobre o rio por meio de uma ponte como ocorre no Rio Elba, na Alemanha. Na outra hipótese, as águas do rio e da hidrovia se misturarão e continuarão seus trajetos, devendo o projetista ter em mente que a vazão da hidrovia a jusante da confluência não deve ficar diminuída por transferência de vazão para o rio, nem aumentada excessivamente devido à água proveniente do rio.
3) Como será feito o bota-fora para escavação do leito da Transamazônica?
Deverão ser priorizadas as áreas desmatadas às margens da BR-230, com ênfase naquelas que estejam em processo de erosão mais acentuado.
4) Será possível transformar toda a rodovia em hidrovia?
Toda a rodovia, não, visto que parte dela está integrada à rede viária dos estados do Nordeste. No entanto, deve-se ter em mente que a vocação de transporte na Região Norte é, principalmente, por via hídrica e não por rodovia.
* Paulo Afonso da Mata Machado – Analista do Banco Central do Brasil – Engenheiro Civil e Sanitarista pela UFMG – Mestre em Engenharia do Meio Ambiente pela Rice University.
Monteiro, T. – Complexo Hidrelétrico do Tapajós estaria no maior distrito aurífero do mundo – EcoDebate de 11.8.2011 – http://www.ecodebate.com.br/2011/08/11/complexo-hidreletrico-do-tapajos-estaria-no-maior-distrito-aurifero-do-mundo-artigo-de-telma-monteiro/
EcoDebate, 05/09/2011
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Acho incrível a Ecodebate abrir espaço para mais um desenvolvimentista…não temos suficientes no governo?. Essa idéia da hidrovia parece um plano tirado dos projetos alucinados da ditadura para o Norte.
Meu caro Paulo Afonso, você já transitou pela Transamazônica? Que historia é essa que o lençol está muito perto da superfície e por isso a estrada fica intransitável? Quem contou isso para você? A profundidade do lençol varia tanto quanto a topografia da estrada, tão acidentada que por vezes lembraria qualquer estrada serrana do sul do pais (so que com muita mais lama!). Aliás, devido a que boa parte (o trecho Itaituba-Altamira) transita por terrenos calcários (FM. Itaituba), o lençol pode ser bem profundo (além dos 100 metros).
A minha sensação é que o senhor nunca colocou os pés no Pará e tem a idéia de que aqui é plano igual a fundo de panela…existe um desnível enorme entre os diferentes vales que a BR-230 atravessa, fazendo da sua idéia um delírio desenvolvimentista pior ainda do que a própria barragem de Belo Monte.
São tantos os argumentos contra a sua ideia que não vou perder meu tempo na enumeração, mas, pelo amor de deus, pergunte para qualquer engenheiro hidráulico e, depois de ouvir a resposta dele, dedique-se a outra coisa. Sugiro origami ou meditação transcendental.
E pense bem: Belo Monte não está sendo feito para produzir Megawatts, está sendo feito para produzir Dinheiro. Não adianta otimizar a obra para evitar outras. Tem é que denunciar a aliança entre empreiteiras e governo, que descobriram o melhor jeito de lucrar imensamente com o dinheiro público: o PAC.
Um abraço cordial desde Itaituba, Pará.
Juan
Prezado Juan,
O EcoDebate é um veículo de comunicação independente e alternativo e, justamente por isto, ao contrário da grande mídia, tem o dever ético de dar espaço à diversidade de opiniões, alternativas e perspectivas.
É a sociedade quem deve avaliar quais as suas opções e alternativas.
Atenciosamente
Henrique Cortez, coordenador editorial do Portal EcoDebate.
Parece meio fantasioso, mas muito interessante e resoveria boa parte dos problemas da região. Gostaria de me interar mais sober esse assunto. Essa ideia/projeto ja está em posse de algum ministério? quem são os “representantes do povo” que defendem essa ideia? são esses alguns questionamento.
Juan, as suas críticas a Belo Monte me lembram as que foram feitas durante a construção de Itaipu. A única diferença é que àquela época estávamos numa ditadura e não podíamos nos expressar livremente. Hoje, numa democracia, cada um dá a sua opinião. Pergunto a você: como viveríamos sem Itaipu? Você estaria disposto a abrir mão de sua televisão, de seu computador e mesmo de sua luz elétrica?
Gostaria de lembrar-lhe que o lençol freático não é algo estático, mas que varia de acordo com a quantidade de água infiltrada. Você mesmo disse que a Transamazônica lembra qualquer estrada serrana, “só que com lama, muita lama”. Você já parou para pensar de onde vem essa lama? Imagine que o lençol freático estivesse a 100 metros de profundidade, como você disse. Que aconteceria com a água de chuva? Formaria lama ou se infiltraria?
Parece que você não leu o texto na íntegra. Eu não estou prevendo apenas o uso do lençol freático. A fonte principal será o Rio Tapajós, para o qual estão previstas várias hidrelétricas, visto que sua vazão média é muito maior que a do Rio Xingu. Ao invés de se fazer novas hidrelétricas, com novos reservatórios (e novos gastos com empreiteiras, que você tanto teme), não será muito mais lógico aproveitar ao máximo a UHE de Belo Monte? Afinal, deveria ser a terceira do mundo, mas se formos considerar apenas a potência firme, vai ser uma usina como tantas outras que temos no Brasil.
Finalmente, gostaria de questionar sua assertiva final de que Belo Monte não será feita para gerar eletricidade. Então será feita para quê? Como vai produzir dinheiro, como você afirma, sem gerar eletricidade? Lembro a você que um dia a obra ficará concluída e que as empreiteiras vão parar de lucrar com ela.
Agradeço as palavras do Charles, mas quero deixar claro que a ideia é pessoal e não pretende ser a melhor de todas para salvar Belo Monte. Afinal, é simplesmente inaceitável que o Brasil construa a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas da binacional Itaipu e de Dois Irmãos na China (a maior de todas), mas a energia aproveitável seja de apenas 40% de sua capacidade de geração máxima. Lembro que o Brasil detém 12% de toda a água doce superficial do planeta e que Belo Monte vai se situar na Região Amazônica, que detém 70% dessa água.
Da mesma forma que apresentei essa ideia, espero que haja outras com o objetivo de aumentar a capacidade firme de Belo Monte, que, afinal, foi diminuída para evitar que áreas alagadas atingissem terras indígenas.
Excelente material para os correligionários do governo tuitarem. O Blog da usina vai invejar o post.
Prezados(as) Leitores(as),
As restrições ao livre acesso à informação e conhecimento são questões críticas em qualquer mídia. E, em qualquer situação, a censura e as restrições editoriais à diversidade de opiniões é uma afronta ao direito de opinião e restringe o acesso da sociedade ao debate qualificado.
No EcoDebate as nossas posições são claras, mas não apoiamos a censura, a restrição ao direito de opinião e expressão. Aliás, ao contrário da grande mídia, a mídia independente e alternativa deve ter claro comprometimento com a socialização da informação. Sem hipocrisias.
Henrique Cortez
coordenador editorial do Portal EcoDebate
Sônia, e qual o problema do “material” ser divulgado? Os leitores são imbecis e massas amorfas, que não possuam capacidade crítica para concordar ou discordar da proposta?! Você defende então esconder de seus “correligionários” as propostas diferentes das suas, é isso?!
Se não concorda com a proposta, questione-a no mérito, no conteúdo, e não na forma ou pelo veículo no qual ela foi divulgada.
Parabéns, Cortez, pela sua posição e pelo comportamento coerente, ao contrário dos que pensam que liberdade de expressão boa é a que divulga somente aquilo que eu concorde…
A meu ver, Róridan, os leitores são de todo tipo, inclusive, oportunistas, exibicionistas e laudatórios de portais. Quanto à forma como eu deva questionar ou deixar de questionar posts na web, não considero que, deva estar sob os desígnios autoritários de quaisquer dos tipos de leitores, muito menos dos que apregoam “liberdade de expressão boa” (sic).
Prezada Sonia Mariza Martuscelli,
O EcoDebate não é um blogue, ele é um veículo de comunicação editado por jornalistas profissionais. É um conceito ético respeitar o direito de opinião e assegurar o acesso de seus leitores às diferentes versões dos fatos e às diversas tendências de opinião da sociedade.
O direito de opinião deve ser assegurado sempre, mesmo as opiniões dos outros. Aliás, este é um direito humano fundamental e devidamente assegurado em nossa Constituição Federal.
Nossa posição em relação à Belo Monte é clara, expressa e pública e nossa cobertura editorial é prova disso, mas não deixamos a ética de lado apenas por isto.
A sua opinião também deve ser respeitada e assim o foi, tanto é que seus comentários foram postados sem quaisquer restrições.
Em termos práticos, autor tem o direito de expressar a sua opinião, assim como você. É assim que qualquer veículo de comunicação, em qualquer circunstância, deve agir.
Atenciosamente
Henrique Cortez
coordenador editorial do Portal EcoDebate
Interessante foi observar que o texto aqui publicado foi anteriormente divulgado como comentário de um post do Jornal do Comércio, de 29/8/2011, no qual se veicula editorial dizendo que os índios “Vivem em meio a celulares, rádios de pilha e dirigindo belas camionetes importadas.” Observe-se que o autor em nenhum momento criticou essa publicação bizarra do jornal. Isso é jornalismo “ético”.
Prezada Sonia Mariza Martuscelli,
O EcoDebate não tem qualquer relação com o Jornal do Comércio.
A posição editorial do Jornal do Comércio diz respeito ao Jornal do Comercio e a posição editorial do EcoDebate diz respeito ao EcoDebate. Nós não ‘falamos’ em nome do Jornal do Comércio e o Jornal do Comércio não ‘fala’ em nosso nome.
Nossa posição editorial é mais do que evidente a quem acessar a nossa tag Belo Monte.
No mais, repetimos, artigo de opinião é exatamente isto, um texto que expressa a opinião de um autor, que tem tanto direito de opinião quanto qualquer pessoa, incluindo você.
Henrique Cortez
coordenador editorial do Portal EcoDebate
Caro HC,
Respeito e até acho admirável que a Ecodebate insira no seu espaço opiniões diferentes, expressando pontos de vista variados sobre temas ‘quentes’. É bom mesmo.
Só sugeriria da um pouco mais de atenção ao rigor científico das publicações.
Caro Paulo Afonso,
Admiro (e tem dias que invejo) seu cândido positivismo. Sugiro você dar uma volta por Altamira, Tucuruí, Estreito, para ter um choque de realidade. O buraco é muito, muito, muito mais embaixo…
Cordialmente,
Juan, desde Itaituba
Caro Juan,
Não sei se você leu a Folha de São Paulo do último sábado, dia 10, em que houve um editorial intitulado “Um sopro de sucesso”. Trata-se de uma análise da produção de energia eólica no país.
Segundo o editorial, a energia produzida pelos ventos no Brasil é de apenas 1.000 MW, o que totaliza menos de 1% da energia produzida no país. Nos leilões de venda de energia, a energia eólica está cotada a menos de R$ 100,00 o MWh, enquanto a energia hidráulica mais barata, que é a gerada pelas hidrelétricas novas, está entre R$ 70,00 e R$ 80,00 o MWh. Especialistas indicam que, se for feito um acréscimo anual de 2.000 MW na produção de energia eólica, esta poderá vir a competir economicamente com a energia hidráulica.
A questão é que nem todas as áreas são propícias a se instalar os geradores de energia eólica. As perspectivas mais otimistas indicam que, em 2020, a energia eólica poderá contribuir com 15% da matriz energética nacional.
Isso significa que continuaremos a demandar energia hidráulica não somente porque é a fonte de energia mais barata do Brasil, mas, principalmente, por se tratar de uma energia limpa que não contribui para o aquecimento global ou para o efeito estufa, de vez que, excluído o impacto inicial causado pela construção do reservatório, a produção de energia em si não gera qualquer passivo ambiental.
Isso posto, concluímos que, se as hidrelétricas tiverem menor capacidade produtiva, precisaremos construir novas hidrelétricas, com seu impacto ambiental inicial inevitável.
A hidrelétrica de Belo Monte será, nominalmente, a terceira maior do mundo, atrás apenas de Dois Irmãos, na China e de Itaipu. Entretanto, se mantidas as condições de projeto, sua eficiência será de apenas 40%, muito abaixo da eficiência de Itaipu, que é de 69%.
Pergunto: não será melhor para todos nós aumentar a eficiência de Belo Monte sem aumentar seu impacto ambiental? Ou vamos repetir o erro cometido na transposição de águas do Rio São Francisco, em que ficamos discutindo eternamente, nas inúmeras audiências públicas. se devíamos ou não realizar o projeto e nos esquecemos de que ele poderia ser melhorado. Afinal, as obras se inciaram com um erro: os canais são de concreto e com geomembrana impermeabilizante. Ao longo do tempo, essa geomembrana vai-se romper, exigindo reparos e, para efetuá-lo, será necessário quebrar o concreto. Assim, cada vez que houver rompimento de geomembrana, haverá necessidade de se parar o bombeamento. O curioso é que, à mesma época, foi realizado no Brasil um congresso internacional em que foi apresentado como os diversos países estão fazendo a renaturalização de seus rios, destruindo os antigos leitos de concreto. Enquanto isso, executamos um projeto novo utilizando canais de concreto…
A propósito, se alguém me dissesse há alguns anos que água do Rio São Francisco seria utilizada no interior da Paraíba, eu também diria que isso não passava de ingenuidade…
Complementando o comentário anterior, gostaria de destacar o pedido de desculpas da OEA ao governo brasileiro por ter, equivocadamente, se intrometido em assuntos do nosso país. No pedido de desculpas, a Comissão de Direitos Humanos da OEA explicou que, quando enviou carta ao Governo Brasileiro há cerca de cinco meses, solicitando a suspensão do empreendimento, os membros daquela comissão não detinham todas as informações sobre o assunto.