RS: Fepam pressiona para liberar usinas de carvão, diz ONG
Entidades ambientalistas denunciam novas ações da direção da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para beneficiar empresas. No início de Agosto, a diretora-presidente da Fepam, Ana Pellini, trocou dois representes da entidade no Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema). Eles integravam a Câmara Técnica de Recursos Atmosféricos e Poluição Veicular, que discute os limites de poluição para usinas de carvão. Por Paula Cassandra, Agência de Notícias Chasque.
A coordenadora do Núcleo Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, denuncia que a medida serve para facilitar as licenças ambientais para os projetos de termelétricas no Estado. Fato semelhante aconteceu com técnicos do Consema, que foram trocados, no início do ano, porque eram favoráveis à restrição da monocultura de eucalipto e pínus.
“Tem todo um processo de intimidação ou retaliação daqueles técnicos da Fepam que apresentam posturas mais em defesa do meio ambiente. Isso aconteceu com os técnicos que representam a Fepam nas câmaras técnicas que tratavam do zoneamento da silvicultura”, diz.
Recentemente, cinco organizações não governamentais (ONG’s) entraram com ação civil pública contra Ana Pellini por improbidade administrativa. Os ambientalistas exigem a saída da presidente por pressionar técnicos a liberar com mais rapidez os empreendimentos da celulose. Assim como no caso das papeleiras, Lúcia afirma que a Câmara Técnica que avalia as emissões de poluentes é dominada por representantes do setor carbonífero. A Amigos da Terra é a única ONG ambientalista que integra o grupo.
“Então, acho que é uma estratégia, coordenada pela Secretaria do meio Ambiente, para tornar a questão ambiental não tanto um empecilho para que se possa liberar os projetos de grande impacto ambiental”, diz.
Estão previstas a construção das termelétricas de Candiota Fase III e outras duas na mesma região, e a Jacuí, na região metropolitana gaúcha. Hoje, existem duas termelétricas em funcionamento, a de Charqueadas e a Candiota Fase II. No entanto, elas representam menos de 5% da energia elétrica produzida no Estado.
[EcoDebate, 20/08/2008]
Olá!
Sou defensor do meio ambiente e trabalho nesse setor, no município de Candiota.
Também me preocupo muito com o impacto que grandes empreendimentos venham a causar no município, mas por conhecer razoavelmente a realidade posso afirmar que existe preconceito, ignorância e muita hipocrisia em torno do assunto, pois muitos pretensos ambientalistas militantes contra grandes empreendimentos (que em geral respeitam a legislação ambiental e desenvolvem projetos mitigatórios), silenciam com relação ao impacto muito mais abrangente que é causado pela ocupação intensiva do zona rural por assentamentos da reforma agrária, que indefectivelmente geram caça, pesca, derrubada de mata nativa, e queimadas. Acho que os ambientalistas autênticos deveriam ter a coerência de manifestar-se também contra esse impacto ambiental menos ostensivo, porém mais efetivo.