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UHE Belo Monte e outras discussões importantes para o Brasil, crônica de Paulo Sanda

[EcoDebate] Por estes dias estava conversando com um amigo, o quanto o politicamente correto por vezes enche o saco.

Os humoristas que o digam. Fazer piada está cada vez mais difícil.

Falávamos saudosistas de várias piadas, que hoje não são de bom tom.

Do quanto é irritante a regra inaugurada na época do ex-presidente Sarney:

“Brasileiros e brasileiras”.

E outras “baboseiras” mais.

Mas um ponto interessante nas conversas que tenho com este amigo, é que sempre caímos para o campo filosófico.

Começamos a analisar que, talvez este extremismo do politicamente correto, acabe também desembocando em reforço para os movimentos radicais no lado oposto. Skinheads, homofóbicos, machistas, etc.

Será que isto é positivo para a sociedade?

Mas por outro lado, a manutenção de um estado das coisas aparentemente moderado, morno, também pode levar a mazelas que passam despercebidas.

Como sou descendente de japoneses, dei o seguinte exemplo:

Os japoneses, são respeitados, como honestos, estudiosos, esforçados, etc.

Mas por outro lado somos o famosos “café com leite”.

Explico, quantos descendentes de japoneses tem destaque como artistas na televisão ou na música?

Pouquíssimos.

Somos tão “café com leite”, que sequer as piadas sobre japoneses são poucas. A pecha sobre o membro pequeno continua, mas nem trisca no politicamente correto, pois quase não são contadas, para a sociedade em geral não temos graça.

Por outro o racismo contra os negros, sempre foi grande, e seguindo a mesma linha de raciocínio, as piadas sempre foram muito mais engraçadas, os artistas mais reconhecidos.

E hoje temos medidas sendo tomadas contra a discriminação racial. Não pretendo julgar méritos, para dizer se são ou não corretas nem suficientes. Apenas que acontecem.

Ainda em relação aos negros, nos Estados Unidos, o racismo sempre foi mais violento. E agora temos um presidente negro.

A questão dos homossexuais é outra que está sendo discutida.

E é neste ponto que desejo chegar.

Melhor dizendo, com esta linha de raciocínio, cheguei a conclusão que a UHE Belo Monte, está sendo muito importante para nosso pais.

Pois ela deu na década de 70 visibilidade na discussão sobre os índios, e hoje traz o assunto de volta, permeado com mais, e importantes nuances.

A importância da preservação da floresta, a defesa dos povos indígenas, das comunidades ribeirinhas.

A conscientização de que a floresta é mais importante que os recursos minerais em seu subsolo.

A sacudida que estamos precisando, para ver que o sistema de poder político, econômico, e roda viva de consumo que vivemos é uma falácia.

Enfim, a discussão está aberta.

Eu e mais meia dúzia de gatos pingados (Carol, Thiago, Eli, Leda, Patrícia, Tati, Paola) começamos em São Paulo as manifestações contra Belo Monte, fizemos uma vaquinha para comprar um megafone, material para faixas, etc. Ficavamos horas a fio em frente ao MASP, falando e sendo objeto de chacota de alguns passantes. Mas hoje milhares de pessoas estão participando das manifestações que acontecem por todo Brasil.

Com disse, a discussão está aberta, só espero que não tenhamos que pagar muito caro por esta oportunidade de aprendizado.

No dia 17 de julho (domingo agora) haverá outra manifestação.

Se você é contra Belo Monte, venha, vamos fazer esta festa pela vida juntos.

Se é a favor, venha e vamos discutir o assunto, pois não há melhor caminho que o diálogo.

Paulo Sanda é Teólogo, chefe escoteiro, palestrante, idealista, associado da ONG RUAH e tem sido ativo participante das manifestações Belo Monte NÃO, em São Paulo. RUAH – Desenvolvimento Integral do Ser Humano

Agendem: Manifestação contra o desmonte do Código Florestal e a construção de Belo Monte – SP, 17/7, às 14h, vão Livre do Masp, Avenida Paulista, 1578

EcoDebate, 15/07/2011

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