França tenta resolver a difícil questão da reciclagem de fraldas usadas
A gestão da incontinência, tanto dos bebês quanto dos representantes da “quarta idade”, é um problema insolúvel do ponto de vista ecológico. Entre seu nascimento e o início do uso do vaso sanitário (por volta dos 2 anos e meio de idade), uma criança consumirá entre 4 mil e 5 mil fraldas. Na França, a cada ano 3 bilhões de fraldas vão parar nas lixeiras. Isso representa 600 mil toneladas de resíduos, ou seja, 3% de todo o lixo doméstico do país.Reportagem de Nathanaël Vittrant, Le Monde.
“O problema é que uma fralda descartável é constituída de plástico, fibras têxteis e produtos absorventes, sem contar o fato de que ela chega suja aos depósitos de lixo. Quanto mais heterogêneo o produto, mais difícil ele é de reciclar”, explica Flore Berlingen, do Centro Nacional de Informação Independente sobre o Lixo (Cniid, sigla em francês). O que explica o fato de que até hoje não exista uma solução de reciclagem para as fraldas.
“Não há nenhum reaproveitamento: as fraldas são incineradas ou jogadas em aterros sanitários, como todo lixo”, diz Emily Spiesser, que cuida das questões de consumo responsável na Agência do Meio Ambiente e do Controle de Energia (Ademe).
No entanto, há empresas que vêm trabalhando na criação de um setor específico. A Suez Environnement apresentou, na terça-feira (14) em Vésinet (departamento de Yvelines), uma unidade-piloto que permite “isolar os diferentes componentes de uma fralda e avaliar o potencial de recuperação de cada constituinte”, como explica Antony Simao, engenheiro de estudos na SITA, filial da Suez especializada na gestão do lixo.
Fraldas laváveis
O procedimento utilizado permitirá um triplo reaproveitamento: “Recuperamos o plástico para reciclá-lo, a energia para o biogás, mas também adubo composto a partir das matérias orgânicas”, explica Laurent Galtier, diretor do programa.
“Podemos considerar um reaproveitamento das fraldas, mas é preciso fazer estudos econômicos e ambientais muito elaborados para termos certeza de que vale a pena”, acredita Spiesser. Uma coleta específica por caminhões provocaria, por exemplo, uma transferência de poluição. Questões que os engenheiros da Suez Environnement reconhecem ainda não ter levantado. “Primeiramente seria preciso verificar a viabilidade técnica”, garante Simao.
Além disso, Galtier não descarta que o projeto seja abandonado, caso se revele que ele não é rentável ou que ele não apresenta um saldo ecológico satisfatório. “De qualquer forma, não haverá um processo industrial antes de 2013, na melhor das hipóteses”, acredita.
Enquanto isso, as associações ambientais procuram promover o uso de fraldas laváveis, mesmo que nesse caso o argumento ecológico nem sempre seja evidente. “As fraldas laváveis geram menos lixo, mas seu impacto ambiental não é nulo porque elas precisam ser lavadas e secas”, ressalta Spiesser.
Dependendo da frequência de lavagens, da idade da máquina de lavar e do produto utilizado, o saldo ecológico das fraldas laváveis varia muito. “Para coletividades, isso pode ser interessante: o número de filhos faz com que haja necessariamente uma otimização da lavagem”, acredita a representante da Ademe.
Mas mesmo nesse caso, falta convencer pais e profissionais. Desde 2008, a maternidade de Roubaix (Norte) dá a escolha às jovens mães entre descartável ou lavável: somente 10% optam pela segunda solução. Em Rennes, dez das dezesseis creches municipais oferecem fraldas laváveis desde 2009: ao final de dois anos, somente dez crianças as usavam.
Tradução: Lana Lim
Reportagem de Le Monde, no UOL Notícias.
EcoDebate, 20/06/2011
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