Própolis dá capacidade antimicrobiana a polímeros biodegradáveis
Polímeros biodegradáveis à base de gelatina ganham propriedade antimicrobiana após adição de própolis
Polímeros são materiais que têm utilização em larga escala pela indústria e podem servir para inúmeras funções. Sabendo disso, a engenheira de alimentos Renata Barbosa Bodini desenvolveu, em sua dissertação de Mestrado, materiais poliméricos bioativos à base de gelatina e própolis para serem usados como embalagens.
O estudo intitulado Desenvolvimento de materiais poliméricos bioativos à base de gelatina e própolis, foi orientado pela professora Rosemary Aparecida de Carvalho e desenvolvido na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, tendo por objetivo produzir filmes biodegradáveis à base de gelatina e com propriedades bioativas, que seriam dadas pela própolis. A pesquisadora conta que a gelatina já é usada experimentalmente na produção de filmes biodegradáveis, como uma alternativa para substituir polímeros sintéticos, como o plástico.
A adição de extrato etanólico de própolis (EEP) formou os filmes plásticos, mostrando sua viabilidade, e foi o primeiro passo da análise. “A própolis é uma substância que possui comprovadamente propriedade antimicrobiana, e seria necessário verificar se essa característica seria mantida nos filmes, caracterizando a bioatividade”, conta Renata. A atividade antimicrobiana foi avaliada tanto no EEP isolado como no filmes biodegradáveis. As análises foram feitas por 177 dias, com observações a cada 28, e o resultado foi positivo: a propriedade foi conservada em ambos os casos.
A pesquisa de Renata produziu um material biodegradável, com capacidade antimicrobiana e fabricado a partir de um produto natural encontrado em abundância. Deste modo, a engenheira acredita que seu estudo pode ter grande utilidade para a sociedade, já que atende às suas novas necessidades.
O filme plástico desenvolvido tinha vários componentes: gelatina (comum), material plastificante (foram utilizados o sorbitol e o citrato de acetil tributila), alcool etílico e o EEP. O microorganismo utilizado para colocar à prova a propriedade antimicrobiana do filme foi a bactéria Staphylococcus aureus. O EEP ainda foi testado em diferentes concentrações em relação à gelatina: 5%, 40% e 200%. Tal diferenciação foi útil, já que os resultados foram diferentes. Quando o extrato etanólico de própolis foi utilizado em concentração de 40% e 200%, os filmes apresentaram a atividade antimicrobiana. Já na concentração de 5%, a Staphylococcus aureus cresceu sobre o filme biodegradável, demonstrando que esta concentração não tem efeito inibitório.
Uso comercial
A ideia inicial era a de que os filmes biodegradáveis com propriedades bioativas pudessem ser utilizados comercialmente como embalagens, mas Renata explica que há desafios pela frente: “O método utilizado inicialmente na produção, chamado casting, é laboratorial e por enquanto não é viável para produção em larga escala. Além disso, o própolis tem um aroma muito forte e característico que foi passado para os filmes, o que dificulta a utilização deles para embalagem. Mas isso não significa que não há possibilidade de uso comercial: os filmes podem ser utilizados para embalar produtos cárneos ou podem servir de suporte para o aditivo (própolis). Mas todas essas utilizações tem que ser testadas, são necessárias pesquisas complementares para se avaliar o potencial de aplicação do material”.
Reportagem de Mariana Soares, da Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, 07/06/2011
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