As várias faces da Sustentabilidade, artigo de Newton Figueiredo
[EcoDebate] Sustentabilidade está se tornando um tema, cada vez mais, recorrente, porém, várias vezes, tratado com superficialidade sem, de fato, trazer para a discussão seus benefícios e traduzindo-se na maioria das vezes, como simples práticas ambientais para proteção do planeta.
E isso ocorre em, praticamente, todos os setores, no supermercado, quando nos são oferecidos produtos ditos sustentáveis, apenas porque possuem embalagem reciclável, ou então, ao buscarmos um imóvel e nos deparamos como diferenciais de sustentabilidade apenas caixas coletoras de pilhas. Absurdos, sim, mas que são levados a sério por milhares de pessoas motivadas pela boa vontade.
A sustentabilidade tem várias faces, a começar pela sustentabilidade individual. O objetivo da sustentabilidade individual é a felicidade. Para tanto, há a necessidade e de atendimento a alguns parâmetros de renda, alimentação, moradia, mobilidade etc… Quando vista sob a ótica da família, a sustentabilidade, além da felicidade busca a harmonia da convivência. Se estamos pensando em um condomínio, em uma comunidade ou bairro, a sustentabilidade para ser alcançada passa a ter o objetivo da qualidade de vida e do respeito mútuo. Quando se fala em sustentabilidade da cidade, outros aspectos como saúde, transporte, educação, resíduos, poluição passam a estar incorporados. Quando falamos em sustentabilidade da humanidade estamos tratando de assuntos ligados à segurança alimentar, de energia, de água, de paz e de preservação dos recursos para as futuras gerações. E o que seria a sustentabilidade empresarial?
Sustentabilidade empresarial é sinônimo de garantir rentabilidade e perenidade da empresa com equilíbrio entre decisões econômicas e o respeito pela sociedade. Muitas vezes, confunde-se sustentabilidade empresarial deixando de lado o componente econômico e parte-se para ações não sustentáveis focadas apenas nos aspectos socioambientais. Sustentabilidade corporativa significa gerar valor para a empresa e para a sociedade. Essa confusão de conceitos é que tem feito com que algumas empresas se encontrem frustradas com seus esforços na direção do que ela entendia, erradamente, como sustentabilidade. Outro erro comumente cometido é o da dispersão de ações ditas sustentáveis sem uma coordenação que gere uma resultante em benefício da empresa.
Assim, cabe reforçar alguns pontos chaves para os empreendedores que buscam a sustentabilidade de seus negócios:
Eficiência.
No caso dos lojistas, a escolha de um ponto em um shopping que tenha uma gestão sustentável é fundamental, com equipamentos eficientes, como elevadores, escadas e metais sanitários. Com isso estará buscando ter maior rentabilidade para seu negócio, pelos menores custos condominiais, e maior responsabilidade para com seus clientes e para com a sociedade, pelos menores impactos ambientais.
Evitar desperdícios.
Avalie bem antes de comprar, para minimizar os riscos de encalhe de mercadorias. Os maiores inimigos da sustentabilidade empresarial são a baixa produtividade e os desperdícios. É o óbvio, mas às vezes nos esquecemos deles e decidimos por impulsos emocionais. Ouvir os clientes é uma obrigação para garantir que seus produtos e serviços sejam desejados.
Aprazibilidade.
Desenvolva um ambiente que seja atraente para os clientes, agradável e aprazível. Atraia os clientes pela aprazibilidade de sua loja.
Fornecedores responsáveis.
Escolha fornecedores que também estejam engajados de forma séria em garantir produtos menos tóxicos, extraídos e produzidos com responsabilidade socioambiental.
Regionalidade.
Dê preferência para produtos produzidos em sua região. Isso colabora para aumentar o nível de emprego e reduzir os problemas sociais e a criar um ambiente mais agradável de convivência. Evite a compra de produtos artesanais produzidos em outros países. A compra de produtos de baixa tecnologia de outros países diminui o recolhimento de impostos e estimula o desemprego e a falta de infra-estrutura pública.
Garantia de Sustentabilidade.
Materialize seu discurso de responsabilidade para com seus clientes destacando a oferta de produtos que tenham a sustentabilidade garantida por selos de terceira parte, no caso da madeira, FSC ou Cerflor; para equipamentos eletroeletrônicos, o Selo Procel, para materiais de construção e decoração, o Selo Sustentax de Qualidade e Sustentabilidade.
Comunicação.
Informe o consumidor destas iniciativas. O cliente precisa ter a percepção de que tudo está sendo feito para que ele se sinta muito bem no ambiente e que será informado para que tome a melhor decisão para ele. Mas, atenção: tenha práticas consistentes para comunicar. Não crie falsas expectativas e jamais se deixe levar pela maquiagem verde.
E, finalmente, lembre-se: sua obrigação como empresário é garantir rentabilidade e perenidade para o seu negócio, com visão de curto, médio e longo prazos. Não se esqueça que investidores e consumidores já estão dando preferência para aqueles que conseguem gerar o lucro de forma responsável para a sociedade visando mitigar riscos para todas as partes.
*Newton Figueiredo, 62 anos, é engenheiro naval e Presidente do Grupo SustentaX, que desenvolve, de forma integrada o conceito de sustentabilidade nas áreas de Sustentabilidade Empresarial e Pública, Sustentabilidade Urbana e Imobiliária e Sustentabilidade de Produtos e Serviços. O Grupo SustentaX é pioneiro na certificação do primeiro empreendimento ambientalmente sustentável da América do Sul, na rotulagem de Produtos Sustentáveis e na avaliação e reconhecimento das construtoras mais sustentáveis do Brasil. Em Brasília, o Grupo SustentaX foi o responsável pelo estabelecimento de requisitos para o primeiro bairro sustentável da capital federal, o Setor Habitacional Noroeste. É conselheiro de várias instituições ligadas aos setores de engenharia energética e racionalização de recursos. É membro fundador do Conselho Brasileiro de Construções Sustentáveis e do Green Building Council Brasil e presidente do Comitê de Sustentabilidade do capítulo brasileiro da Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (Fiabci).
Colaboração de Janaína S. e Silva para o EcoDebate, 02/05/2011
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muito bom…