Brasil ainda queima 7% do gás que produz
Dados da ANP, de fevereiro deste ano, indicam que no mês a queima de gás atingiu 4,8 milhões de metros cúbicos por dia, o menor número desde abril de 2008
Apesar dos avanços obtidos e de ter fechado o mês de fevereiro deste ano com a menor queima desde abril de 2008, o Brasil ainda queima cerca de 7% de todo o gás que produz.
Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), relativos a fevereiro deste ano, indicam que no mês a queima de gás atingiu 4,8 milhões de metros cúbicos (m³) por dia, enquanto a produção ficou em torno de 62 milhões de m³ diários – o volume queimado é suficiente para gerar cerca de mil megawatts (MW) de energia termelétrica e propiciar o abastecimento diário de uma cidade com 4 milhões de habitantes.
O volume queimado equivale ainda a mais de 10% do consumo médio do mercado verificado nos três primeiros meses do ano que, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), foi de 44,8 milhões de m³ por dia. Equivale também a aproximadamente 15% do volume que o país importa diariamente da Bolívia e que varia entre 24 milhões e 31 milhões de m³ diários.
Embora o Brasil venha reduzindo gradativamente a queima de gás no processo de produção de petróleo – em parte em decorrência da assinatura de um termo de compromisso com todos os concessionários e que resultou no Programa de Queima de Gás e também ao declínio natural de produção de alguns campos – o percentual ainda não é o ideal, uma vez que o gás natural tornou-se importante insumo da matriz energética brasileira.
Em entrevista à Agência Brasil, o superintendente adjunto de produção da ANP, André Luiz Barbosa, admitiu que o ideal para a agência é que essa queima fique em apenas 3% do total produzido.
“O objetivo da agência é que se chegue a um nível de queima de apenas 3% do gás produzido – o que levaria a uma redução significativa. No final do mês de fevereiro, chegamos a uma queima em torno de 7%, mais ou menos. Estamos verificando que desde janeiro de 2010, com a assinatura de um termo de compromisso com todos os concessionários, essa queima vem decrescendo ano a ano, mas ainda estamos longe do ideal”, admitiu.
Segundo Barbosa, chegar a 3% de queima é um percentual ainda difícil de ser alcançado. “Esse resultado de 3% seria o ideal, só que é preciso considerar que muitas das plataformas existentes no Brasil são antigas e quando foram concebidas não previam o aproveitamento do gás, porque o petróleo na época tinha um valor comercial muito maior. Então, esse percentual de 3% ainda vai demorar um pouco mais para ser alcançado”, previu.
Na avaliação do superintendente adjunto de Produção da ANP, as estimativas da agência apontam para a possibilidade de que se chegue a 2012 com uma queima diária em torno de 5%. “Nós estamos com estimativa de chegar a 5% de perda em 2012 ou 2013, o que já seria um cenário bem razoável. Se em fevereiro nós já reduzimos a queima para 4,8 milhões de metros cúbicos por dia, se chegarmos em torno de 3,5 milhões a 4 milhões de metros cúbicos diários no próximo ano já será um cenário bem razoável pela quantidade de campos existentes no país”.
Para Barbosa, depois de atingir a meta de 5% é que a ANP vai avaliar se será possível “apertar mais os níveis de queima para atingir esse patamar de 3% em 2014, 2015”.
Os dados do Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural de fevereiro deste ano indicam que houve redução de 42,1% na queima do gás, na comparação com fevereiro de 2010, e de 20,4% em relação a janeiro deste ano.
As informações mostram ainda que do volume total de gás natural queimado em fevereiro último, 84,9% foram oriundos de campos em fase de produção e 15,1% relativos a testes de longa duração da fase de exploração.
“Considerando-se apenas as concessões na fase de produção, o índice de utilização de gás natural no mês foi de 93,4%”.
Em fevereiro foram produzidos nos campos do país 62 milhões de metros cúbicos de gás natural, volume 3,8% superior ao do mesmo mês de 2010.
Reportagem de Nielmar de Oliveira, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 27/04/2011
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