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Artigo

Dando ‘voz’ à biodiversidade, artigo de Maurício Gomide Martins

[EcoDebate] Incrível! Medonho! Horrível! Está ocorrendo monstruosa tragédia, com milhões de mortes e extensas destruições. Nós denunciamos e ninguém toma conhecimento desses crimes. Os meios de divulgação de notícias não trazem ao público qualquer informação a respeito. Ficam inteiramente insensíveis às nossas dores que estão ocorrendo de forma assustadora. Apenas têm olhos e ouvidos para seus próprios interesses e não querem perder tempo com crimes cometidos contra indefesos viventes deste mundo sem justiça.

Por poderes mágicos de uma fada bondosa, foi-nos dada a oportunidade de alçar até ao instrumento da escrita e conseguir fazer esta denúncia ao mundo, a fim de que as forças e consciências da humanidade se sensibilizem e cessem as monstruosidades que estão sendo perpetradas contra seres pacíficos, honestos e trabalhadores.

Sentimo-nos angustiados e impotentes para aglutinar todos os nossos esforços numa peleja tão desigual. Reconhecemos que de nada adiantará lutar contra esses seres superiores que investem contra nossa existência. Fazemos a única ação possível ante a tragédia: apontamos ao mundo os crimes perversos que vêm sendo praticados impunemente. Gravamos aqui os lamentos e gemidos de sofrimento e desespero de nossos irmãos, ao tempo em que pedimos socorro a quem puder se sensibilizar.

Mesmo pessimistas quanto aos resultados, temos consciência de que, na pior das hipóteses, teremos cumprido o nosso dever de registrar para a História os crimes inauditos desta época. Tais horrores vêm sendo cometidos por entes de inteligência superior e munidos de instrumental eficientíssimo. Tal espécie vem se reproduzindo em escala absurda, de forma a dar presença em todas as partes do mundo, apoderando-se de todo o espaço alheio.

Eis os fatos: desde certo tempo, surgiram na terra animais até então desconhecidos, mas em quantidade bastante pequena e que não nos causavam males porque se inseriam harmoniosamente na Natureza. Com o passar dos séculos, tais indivíduos foram-se reproduzindo em progressão gigantesca, enquanto desenvolviam suas capacidades intelectuais privilegiadas. Dessa forma, adquiriram domínio sobre o destino de todos nós, mais fracos por origem, e vêm intentando ações de domínio até da própria Natureza, como se fossem deuses.

Aí começaram nossas desditas, com eles nos fazendo uma perseguição metódica, intensiva, arrasante, movidos pela ânsia incontrolável de a tudo se apoderarem. Nossos irmãos têm sido mortos aos milhões, nossas comunidades destruídas impiedosamente. Até velhos e criancinhas não são poupados à ação insana desses criminosos que agem numa irracionalidade total.

Tudo isso vem ocorrendo em quantidade e intensidade crescentes e nenhuma autoridade com senso de justiça consegue sensibilizar-se ante tais crimes. Tão inteligentes são nossos algozes, contando com eficientes instrumentos, que nossa eliminação da terra vem sendo procedida sem que a humanidade consiga percebê-la. Usam de meios sutis ou brutais, venenos e outros recursos requintados, visando sempre nossa aniquilação como já fizeram com outras espécies e viventes.

Executam seus crimes com máquinas poderosas que eliminam nossos recursos naturais de alimentação e plantam espécies vegetais inadequadas ao nosso sustento, obrigando-nos a alterar nosso regime alimentar para não morrermos de fome. Algumas vezes o produto cultivado é tão nocivo que comunidades inteiras são obrigadas a migrar ou perecer. Mas já não temos para onde fugir.

Pela eficiência com que nos combatem, já sentimos como fato concreto a nossa eliminação total deste planeta. Nossa salvação, e a de toda a humanidade, está apenas na esperança de que algo aconteça na esfera divina, desviando essa criatura infame de sua ação destruidora, retornando-a ao complexo harmonioso da natureza. Seria a redenção de toda a biodiversidade e a preservação da vida planetária.

Somente nessa hipótese poderá o homem voltar a se integrar ao todo – fonte de sua origem – numa vivência compatível com sua inteligência. E poderemos, como conseqüência, prosseguir em nossas ações de vida, segundo as determinações naturais.

Esse o apelo desesperado que nós, as formigas, fazemos à consciência dos humanos.

Maurício Gomide Martins, 82 anos, ambientalista e articulista do EcoDebate, residente em Belo Horizonte(MG), depois de aposentado como auditor do Banco do Brasil, já escreveu três livros. Um de crônicas chamado “Crônicas Ezkizitaz”, onde perfila questões diversas sob uma óptica filosófica. O outro, intitulado “Nas Pegadas da Vida”, é um ensaio que constrói uma conjectura sobre a identidade da Vida. E o último, chamado “Agora ou Nunca Mais”, sob o gênero “romance de tese”, onde aborda a questão ambiental sob uma visão extremamente real e indica o único caminho a seguir para a salvação da humanidade.

EcoDebate, 13/04/2011

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