Urânio na Bahia: população aguarda ação do IBAMA
[Por Zoraide Vilasboas, para o EcoDebate] Depois que o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) apontou, através da imprensa (http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-caso-cnen-por-sergio-rezende) crimes ambientais praticados na unidade de produção de urânio, antes denunciados, inúmeras vezes, pela sociedade civil, aos órgãos oficiais de fiscalização, técnicos da Divisão de Licenciamento do IBAMA estão em Caetité, no sudoeste da Bahia, fazendo uma inspeção na Unidade de Concentrado de Urânio (URA-Caetité).
Os técnicos chegaram cinco dias depois da CNEN ter declarado que a INB é incapaz de garantir a segurança nuclear e proteção radiológica, confirmando a ocorrência de rompimento de tubulações, transbordamentos de solventes químicos, vazamentos de urânio para o meio ambiente, e a contaminação subterrânea de partes da plataforma da URA-Caetité, expondo publicamente a grave crise que envolve a cúpula nuclear brasileira.
Mesmo considerando cinco dias suficientes para a “casa ser arrumada”, a fim de bem receber as visitas, como tem ocorrido em episódios anteriores, a população está aguardando, com expectativa, os desdobramentos da vistoria do IBAMA. Afinal, as denúncias agora foram feitas pelo próprio presidente da CNEN, órgão proprietário, e fiscal, da Indústrias Nucleares do Brasil, que opera a única unidade produtora da matéria prima do combustível nuclear que alimenta as usinas atômicas de Angra dos Reis.
Nos últimos dias, os trabalhadores foram, mais uma vez, acionados a limpar os vestígios das “barberagens” da incapacidade técnica, de engenharia, de gestão, agora escancaradas pela CNEN, na tentativa de levar os técnicos do IBAMA a ter uma boa impressão da maquiagem industrial, como aconteceu há cerca de um ano, quando uma missão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) concluiu que a unidade de produção de Caetité “é bem projetada, bem mantida, segura e eficiente“. Segundo noticiou a INB, em fevereiro de 2010, os inspetores da AIEA afirmaram que as atividades “atendem a todos os requisitos de segurança e não provocam nenhum impacto significativo ao meio-ambiente da região”.
O que terá visto a AIEA em Caetite, já que logo depois, seguiram-se tantos problemas agora apontados pela CNEN? E que fim foi dado ao relatório final desta visita da AIEA, que seria divulgado em janeiro deste ano? Qual solução será dada às toneladas de rejeitos (lixo atômico) produzidos, já que os depósitos estão praticamente esgotados? São algumas das perguntas para as quais as populações da região querem respostas e esperam que o IBAMA venha a esclarecer, na atual vistoria, (os técnicos ficariam por lá uma semana), tomando as providencias legais cabíveis aguardadas pelas populações da região há muito tempo.
Por Zoraide Vilasboas, jornalista da Coordenação de Comunicação da ASSOCIAÇÃO MOVIMENTO PAULO JACKSON-Ética,Justiça,Cidadania
EcoDebate, 08/04/2011
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