DER-RJ quer ampliar aplicação do asfalto-borracha nas estradas estaduais
O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ) já concluiu o asfaltamento de 35 quilômetros da Rodovia RJ-122, que liga Guapimirim a Cachoeiras de Macacu, usando a nova tecnologia do asfalto-borracha. Essa é a primeira estrada do estado a receber o processo considerado ecologicamente correto. “Estamos com metade do projeto executado e não temos dúvida de que ela é eficiente”, disse à Agência Brasil o presidente do DER, Henrique Ribeiro.
As vantagens do novo produto levam o governo fluminense a projetar sua aplicação em outras estradas estaduais. A tecnologia foi trazida dos Estados Unidos e vem sendo estudada no estado do Rio há quatro anos. A decisão de aplicar no Rio de Janeiro foi tomada depois que técnicos do DER constataram in loco que a tecnologia funciona. O asfalto-borracha é produzido com a adição de 20% de pó de pneus inservíveis.
“É uma tecnologia que transmite essa eficácia, além de ser mais barata”, disse Ribeiro. A borracha é misturada com o asfalto na própria obra, o que exige controle tecnológico dos materiais que compõem o produto, acrescentou o presidente do DER. Entre as vantagens, ele listou a durabilidade. “É o dobro do asfalto convencional, que tem duração de dez anos. Vai para 20 anos, no mínimo.”
Segundo Ribeiro, o custo é até 40% mais baixo porque as dimensões do pavimento asfáltico são menores. Em vez de cinco centímetros de espessura, o asfalto-borracha é aplicado com 2,5 centímetros. Além disso, o uso de 20% de borracha na mistura contribui para baratear o asfalto. “A tonelada de borracha é mais barata que a tonelada de asfalto.”
A presença de mais borracha na mistura reduz os ruídos, diminuindo também o tempo de frenagem. “Você freia em menor espaço de tempo”. O presidente do DER assinalou ainda o aproveitamento dos pneus inservíveis como fator de benefício ao meio ambiente.
Até o final de maio próximo, estará concluída a aplicação do asfalto-borracha em toda a RJ-122. “Vamos homologar o processo a seguir e determinar as especificações para colocar no mercado”, disse Ribeiro. Os investimentos do governo fluminense no projeto passam de R$ 49,5 milhões.
O presidente do DER esclareceu que o governo fluminense não pretende obrigar as concessionárias a adotar a nova tecnologia. “Mas, vamos facilitar e incentivar o uso do processo em todas as nossas rodovias.”
De acordo com o presidente do DER, é necessário ter no estado uma fábrica de pó de borracha, uma vez que o material vem sendo comprado em São Paulo e Minas Gerais. O órgão, informou, está aberta à cooperação com institutos de pesquisa, como a Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
O DER também pretende fazer pesquisas com outros polímeros para adicionar à mistura do asfalto-borracha, como garrafas PET e sacolas plásticas. “Já estamos começando a trabalhar isso para aplicar em outros processos mais simples de asfaltamento.”
A próxima estrada a receber a tecnologia do asfalto-borracha deverá ser a RJ-186, que liga Pádua a Bom Jesus do Itabapoana. Trata-se de um eixo rodoviário importante no estado do Rio porque é a continuação da BR-393, antiga Rio-Bahia. “É um corredor de transporte muito importante para a região, porque liga Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro”, disse Ribeiro.
Uso do asfalto-borracha deve buscar a durabilidade e não reduzir a espessura, diz especialista
A tecnologia do asfalto-borracha, que o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ) está aplicando em um projeto piloto na RJ-122, é uma novidade parcial, porque a mistura de asfalto com pó de pneu moído já é feita e comercializada há cerca de oito anos por várias empresas no Brasil.
A informação foi dada hoje (5) à Agência Brasil pela coordenadora de Misturas Asfálticas do Laboratório de Geotecnia da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Laura Motta.
A diferença é que a tecnologia adotada pelo DER processa a mistura na hora da própria aplicação do produto na pista, enquanto as outras misturas são feitas previamente.”Há mais de 8 mil quilômetros aplicados no Brasil, utilizando a mistura prévia”, disse Laura.
De acordo com a especialista da Coppe, o asfalto-borracha é uma tecnologia boa, já usada com sucesso em outros países. O consumo de pneus inservíveis para a obtenção do pó de borracha é uma das vantagens, porque “vai melhorar o meio ambiente e também o asfalto”.
Laura questionou, entretanto, a redução da espessura do asfalto para compensar o custo da adição de pó de pneu à mistura. O DER estima que o custo do asfalto-borracha é até 40% mais barato porque as dimensões do pavimento asfáltico são menores.
“No meu ponto de vista, isso não é correto. A gente tem que lutar para fazer pavimentos duráveis e não ficar diminuindo a espessura para ter o mesmo tempo de vida curto que outros (asfaltos) têm. Tecnicamente, o que a gente tem que buscar é maior durabilidade e não diminuir a espessura”, afirmou Laura.
Ela disse que, eventualmente, se pode reduzir a espessura do asfalto, mas “não em qualquer situação cair à metade. Isso não tem justificativa técnica”. Segundo Laura, a compensação de valor não pode ser feita diminuindo a espessura do asfalto.
De acordo com ela, o emprego do asfalto-borracha é justificável, “mas não em todas as obras”. Dependendo das condições, ele pode aumentar a vida útil do pavimento, mas também há casos de insucesso, alertou ela.
A Coppe já fez pesquisas para uso de garrafas PET em misturas de asfalto. Laura considero o resultado como “promissor”.
Outros resíduos industriais podem ser usados para melhorar e baratear o pavimento, não só na capa de asfalto, mas também na base. Entre eles, ela citou entulhos de obras (resíduos de construção e de demolição), cinzas de carvão e de queima de lixo e escória de aciaria. Também podem ser adicionados ao asfalto com vantagens as argilas e solos especiais.
Reportagens de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 07/04/2011
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A dimunuição da espessura para menor que 5 cm não vai de encontro a norma que define como minimo esta espessura.
A redução da espessura do asfalta-borracha, de 5 para 2,5 cm faz com que este asfalto tenha o mesmo tempo de duração do que o que utiliza somente asfalto (10 anos), então não é inteligente ter que futuramente ter que se utilizar nova mão de obra e contratação de serviço, para fazer o mesmo trabalho. Além disso, há o transtorno que o fechamento das pistas causam ao trânsito. Sem falar que é mais uma possibilidade para corrupção.