Derrotados pelo peso (3), artigo de Américo Canhoto
[EcoDebate] Continuando a luta.
Inevitável que as crianças repitam os adultos, copiem e fixem no subconsciente sua forma distorcida de perceber a realidade – depois, já adultos repassem para as crianças…
Sem dúvida o problema mais crucial da humanidade é a educação formadora das culturas, sistemas de crenças e hábitos.
A CULTURA FORMANDO HÁBITOS ALIMENTARES.
A situação geográfica, o clima e o sistema de vida também assumem um papel de peso na formação do padrão de hábitos dos povos nas diferentes regiões do planeta.
Geração após geração as pessoas aprendem a comer com seus ancestrais e levam esses hábitos a vida toda sem muitas mudanças, tal e qual os animais ditos não racionais.
O perigo é iminente, pois a vida contemporânea gera mudanças súbitas e desafios vários á sobrevivência; esgotando nossa incrível capacidade de adaptação.
Antes as mudanças eram mais lentas; a influência das migrações sobre os hábitos e o sistema de crenças, em tempos não muito distantes sempre foram mais controladas e localizadas.
Analisemos a cultura alimentar do brasileiro.
O primeiro habitante foi o índio, que comia apenas o que a natureza oferecia: caça, pesca, frutas, raízes, sementes…
Depois vieram os portugueses que na sua maioria eram trabalhadores braçais com necessidade de um grande número de calorias para viver num clima frio, retiradas do azeite, carne de porco, aves, grãos, etc.
Noutra etapa vieram os negros que no seu habitat natural se alimentavam de forma mais parecida com os índios do que com a dos portugueses. Os negros foram obrigados a uma carga de trabalho que necessitava de uma quantidade muito maior de carboidratos nas suas tarefas diárias.
Dessa natural miscigenação inicial teve inicio a cultura de alimentação do povo brasileiro e que se mantém mais ou menos igual até hoje.
Na outra fase de imigração vieram os também trabalhadores braçais, italianos, espanhóis, alemães e depois os japoneses. Numa outra leva vieram os que fugiam da guerra, etc.
A parte mais recente dos imigrantes concentrou-se em determinadas regiões, o que produziu a cultura regional de comer.
A cultura alimentar que predomina, é resultante da primeira fase da miscigenação que se tornou a marca registrada do povo brasileiro: arroz com feijão.
De uns anos para cá o poder dos meios de comunicação aumentou de forma intensa e centrifugou tudo, “globalizando” a dieta à força e “americanizando” os hábitos alimentares do brasileiro de forma talvez danosa. O estilo fast – food predomina nas grandes metrópoles. Tanto que o número de obesos principalmente crianças tem aumentado nos últimos tempos de forma significativa; além de doenças diretamente relacionadas com a dieta: diabetes, aumento de colesterol, doenças renais, etc.
A intenção desta análise das influências culturais tem a intenção apenas de tentar ajudar o leitor a identificar a origem de seus hábitos de alimentação; para que possa analisar do que costumam adoecer e morrer seus ancestrais e os de seu grupo familiar. E para que avalie as suas próprias tendências para adoecer; bem como sua biotipologia. Essa avaliação pode ser útil para eventuais planos de mudança de hábitos; caso haja algum interesse.
Como exemplo dos inúmeros distúrbios causados pela dieta inadequada: se a base de sua dieta é o arroz com feijão e as tradicionais “misturas” e você não é um trabalhador braçal, com certeza sua produtividade no trabalho e no estudo só atinge uma pequena porcentagem de sua capacidade. Enquanto a digestão não se processa você fica sonolento, indisposto – o tico e o teco vão tirar uma soneca.
Quem desejar reciclar a dieta deverá livrar-se das pressões exercidas por esses atavismos culturais e distorções da verdade/realidade geradas pela mídia a serviço dos interesses de alguns…
Somos o que comemos; para sobreviver ou viver com qualidade: Mudar é preciso.
Derrotados pelo peso (1), artigo de Américo Canhoto
Derrotados pelo peso (2), artigo de Américo Canhoto
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Usa a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 22/02/2011
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