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Artigo

Assentamento Roça Velha, Baixo Parnaíba Maranhense, artigo de Mayron Régis

[Ecodebate] Para certas pessoas parece que nem o começo e nem o fim importam muito. O Baixo Parnaiba maranhense apazigua uma feição de “roça velha”. O assentamento estadual da Roça Velha, municipio de Santa Quitéria, desagrava o sucedido nas demais comunidades da região porque jamais permitiu a presença de carvoarias em seu território.

O Paulo, filho do senhor Verissimo, pequeno proprietário da comunidade Coceira, que trabalhou para a Marflora, ex-subsidiária da Margusa, para cortar a mata nativa do Cerrado, exprime com satisfação que na Roça Velha as madeiras se domiciliaram por décadas ou por séculos. As comunidades agroextrativstas do Baixo Panaiba revelariam suas histórias através das inúmeras madeiras e de seus frutos que envelheceram ou que foram derrubadas sobre as Chapadas por empresas como a Suzano ou como a Margusa ou pelos póprios trabalhadores no ato de roçarem a terra.

As ações desenvolvidas pelo Fórum Carajás nas comunidades do Baixo Parnaiba maranhense amortecem as nítidas presenças dos agroextrativistas quando estes aterrissam em suas roças para capinar os matos que assomam os seus terreiros. O seu Crispin, da comunidade de Mangabeirinha, município de Urbano Santos, desenredou uma caminhada, bem cedo, pros rumos de uma roça da sua filha – retirante do rio Preguiça.

Ao mesmo tempo em que se retiram para os seus plantios de mandioca, arroz, feijão e milho, próximos e nem tão-próximos assim do rio Preguiça, os agroextrativistas de Urbano Santos escapolem para a Chapada a fim de testar a sorte e, quem sabe, arrematar para si e para suas famílias uma coleção de bacuris recém-despejados pelos bacurizeiros.

Enquanto o seu Crispin se entranhava mata adentro, a sua filha cuidava do almoço e assim que vira aquela turma do Fórum Carajás avisou que seu pai se retivera em sua roça e só voltaria por volta do meio-dia. Antes do aviso, a turma apetrechara a sua visita numa área de bacurizal à beira do rio Preguiça para asseverar que um projeto de manejo de bacurizeiros, como o de São Raimundo, adornaria aquele trecho entre a Chapada e o rio Preguiça.

A iniciativa de postular uma área em Mangabeirinha para o projeto de manejo de bacurizeiros surgira nas reuniões com as parteiras durante o projeto “Cerrado que protege”, financiado pelo Centro de Apoio Sócio-Ambiental (CASA). Os materiais distribuídos pelo Fórum Carajás e pela Associação de Parteiras foram quatro bolas de arame e oito sacos de grampos. Com esse material a comunidade cerca a área definida para o experimento com as brotações de bacurizeiros.

Nessa viagem se acertou a participação das parteiras e da associação de Mangabeirinha no encerramento do projeto de São Raimundo que aconteceria no dia 12 de fevereiro de 2011. O que perpassaria o encerramento seria a idéia de que o projeto das parteiras assim como o projeto de São Raimundo abrange uma região com várias comunidades que o poder público obliterara para qualquer tipo de política, programa ou projeto.

Mayron Régis, articulista do EcoDebate, é Assessor do Fórum Carajás e atua no Programa Territórios Livres do Baixo Parnaíba (Fórum Carajás, SMDH, CCN e FDBPM)

EcoDebate, 18/02/2011


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