‘Nutrenrolação’ e a dieta ideal, artigo de Américo Canhoto
[EcoDebate] O animal, do nascer ao morrer sabe com absoluta precisão: o que, em que momento, e o quanto deve comer.
Em circunstâncias naturais sua dieta é sempre a ideal. Sem possibilidade de errar. Porém sem muitas opções de escolha; o cardápio é seu habitat.
Para os que estão sujeitos aos padrões de atitudes automatizadas pela evolução das espécies todos são capazes de comer o necessário, exatamente o que precisam, sem que saibam que gosto, que tipos de nutrientes ou mesmo que tipo de “venenos” o seu alimento contém. Simples, quem não está apto a escolher, ainda não é capaz de errar.
Para as criaturas que já podem pensar; mas, tem dificuldade em fazê-lo, o livre arbítrio pode tornar-se uma perigosa e até mortal armadilha dietética.
Num mundo dominado pelas “tranqueiras” a dificuldade cresce em progressão geométrica. Pois, para quem já é capaz de decidir o que saborear, a situação pode tornar-se ainda mais deliciosamente indigesta.
Como a liberdade é relativa à capacidade já desenvolvida de pensar e de escolher. E sendo nossa vida interativa e comunitária, ninguém vive só; nossas relações são de interdependência, e até em certas fases, dependemos uns dos outros. Então: Se decidir o que, em que momento, e quanto, eu posso comer já é complicado, pior ainda, é ter que fazer isso para outra pessoa como ocorre na nossa infância. Como pais temos que decidir, o que, em que momentos e o quanto as crianças tem que comer para crescerem fortes, saudáveis e felizes.
Será que nossas escolhas serão determinantes para formar-lhes o padrão de hábitos alimentares para o resto da vida?
Até certo ponto sim, mas a sorte é que eles podem modificar futuramente os hábitos adquiridos na infância; quando se capacitarem; e, se o desejarem.
Reformar, mudar: nesse ponto, surge um novo problema.
Se não sabemos com clareza como e porque mudar nosso hábitos. Se o conjunto de motivos capaz de nos levar a fazermos isso; não está bem definido, cria-se um conflito que parece sem solução. Pior, quando torna-se uma obrigação. Reciclar sob pressão da doença ou do sobrepeso, torna-se algo penoso e desagradável.
A mudança de hábitos ideal é aquela que é feita segundo uma opção clara e lógica. Executada segundo a vontade do interessado e com alegria e prazer. Faço porque quero. E sei porque o desejo.
A soma dessas dificuldades ou nutrenrolação é que no leva a repetir o mesmo tipo de dieta geração após geração.
Nesta midiática Era, de forma destrambelhada milhares de pessoas buscam a dieta ideal, e os motivos que as impulsionam a essa busca são os mais variados: para emagrecer, criar massa, estar na moda, conseguir mais saúde, viver mais, etc.
Encontrar a dieta que mais se ajuste às necessidades de cada um não é tão difícil.
O problema está em praticar a dieta; pois desejamos decretar uma dieta; quase sempre ilusórias, fora da realidade e ditada por pessoas que estão em evidência na mídia; os nutrenroladores.
Alcançar a ideal é uma conquista que pode e deve receber ajuda externa. No entanto, praticar uma dieta imposta por outra pessoa é de certa forma abdicar de uma condição que nos diferencia: a capacidade de decidir e de escolher com alegria e com prazer; além disso, como seres humanos temos coisas mais importantes a criar e a fazer; do que ficarmos pesando o que vamos comer ou medindo calorias.
A dieta ideal é simples, fácil de ser praticada e gratuita.
Quer engordar, emagrecer ou tornar-se saudável? Pergunte ao seu corpo.
Sim ele fala, às vezes, o coitado tem que gritar, berrar sob a forma de mal estar, dor – não dê um cala boca que não te perguntei nada; nele.
Pára de tomar remédio e ouça o que seu organismo tem a dizer.
Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Usa a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 10/12/2010
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