Tentativa de votar Código Florestal com urgência gera protestos na COP-16
A tentativa de votar alterações no Código Florestal com urgência no Brasil ecoou em Cancún, durante a COP-16, Conferência do Clima. Além dos brasileiros presentes no evento se mostrarem contra a rápida aprovação, protestos de ONGs também chamaram atenção para o assunto.
O jornal ECO, panfleto que circula pela COP e é feito por ONGs, criticou as alterações do código. Já o Greenpeace estendeu cartazes de protestos e trouxe um papai-noel que distribuiu mudas de árvores para os participantes e dizia “Mudar o Código Florestal = Um Natal sem árvores”. Reportagem de Lilian Ferreira, do UOL Ciência e Saúde, em Cancún, (México)
A ONG entregou ainda o prêmio “Motosserra de Ouro” para a senadora Kátia Abreu, “por sua defesa ferrenha de mudanças no Código Florestal, em prol de mais desmatamentos no Brasil”, de acordo com a organização.
Abreu é a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e veio à COP para divulgar a ideia de que os fazendeiros brasileiros querem produzir sem desmatar a Amazônia e outros biomas.
As alterações no Código Florestal, defendidas pela senadora, diminuiriam as áreas de preservação ambiental nas propriedades privadas e dariam anistia aos desmatadores, entre outras propostas.
“A presidente Dilma Rousseff já afirmou que veta estas determinações se elas passarem pelo Congresso. A anistia dá a idéia de que quem cumpriu a lei é otário e para quem fez barbaridades está tudo bem. Não vejo como elas prosperarem”, explicou Carlos Minc, deputado estadual do Rio de Janeiro e ex-ministro do Meio Ambiente.
A atual ministra, Izabella Teixeira, também se mostrou contrária à aprovação em urgência do Código. “A proposta ainda não está madura para ser votada e causa impacto negativo. O Brasil tem condições de atualizar o código. A posição do governo é avançar nas discussões até chegar a um texto que atenda a todos os segmentos da sociedade”.
A senadora Marina Silva, outra ex-ministra do Meio Ambiente, disse que o código não pode ser aprovado como está. “Mostraria uma posição esquizofrênica do Brasil. Para fora (para os estrangeiros) se mostra avançado, e para dentro é refratário”.
Segundo estudo do Observatório do Clima, se aprovadas, as alterações provocariam a emissão de 25,5 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa em cerca de uma década, mais de 13 vezes o total do que o Brasil lançou em 2007. Isto colocaria a perder a meta brasileira de redução das emissões de 36% a 39% até 2020 sobre o que seria emitido se nada fosse feito.
EcoDebate, 09/12/2010
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