Exposição dos fetos a produtos químicos leva EUA a rever regulamentação
Cientistas da Agência de Proteção Ambiental temem que uso esteja relacionado ao aumento dos casos de obesidade infantil
Estados Unidos – Representantes da Agência de Proteção Ambiental (EPA) se reuniram com cientistas neste mês em Washington para discutir maneiras de estabelecer políticas para o uso de químicos. A reunião foi motivada pela publicação de novas pesquisas que associam o uso de produtos químicos durante a gravidez a doenças que se desenvolvem já na fase adulta.
De acordo com esses estudos, mudanças que ocorrem na primeira fase da gravidez podem ser responsáveis por problemas na saúde futura da criança. Podem, por exemplo, determinar se o bebê será propenso a mudanças bruscas de humor, terá tendência a ganhar peso, aumentar o risco de desenvolver problemas cardíacos ou câncer ao fazer 50 anos e ainda definir maior ou menor probabilidade de passar os genes para seus filhos.
De acordo com os especialistas da EPA a exposição aos químicos podem estar causando o aumento de obesidade nos Estados Unidos. “Estamos sentindo a necessidade de avaliar todos os 200 mil químicos que são usados comercialmente para determinar sua toxidade”, explica Bruce Blumberg, biólogo da Universidade da Califórnia. Blumberg achou evidências muito convincentes que demonstram as origens da obesidade no feto.
Sua pesquisa sugere que uma criança que foi exposta ao tributil estanho durante fase inicial da vida terá por toda a sua vida propensão a ser obesa. “Em um momento vital, quando células decidem se especializar como osso ou adiposa, aquelas que foram expostas ao tributil estanho ficaram duas vezes mais propensas a se tornar adiposas”, disse Blumberg. Ele chamou esses químicos de “obesogenes”ou químicos que estimulam a obesidade. “Eu diria que os obesogenes são um fator que não tínhamos considerado anteriormente e que agora estamos começando a avaliar”, explicou. “Dieta e falta de exercício não são suficientes para explicar a epidemia de obesidade atual, principalmente, a epidemia de bebês de seis meses obesos.”
Nesta semana na Escócia, o porta voz de saúde pública do partido democrata, Jamie Stone exigiu do governo uma posição mais definida em relação ao bisfenol A. Ele disse que o governo deveria “utilizar a abordagem do princípio de precaução”e proibir o uso de bisfenol A em embalagens alimentares. “Vários outros países, como a Dinamarca, estabeleceram restrições ao BPA. Nós também devemos tomar medidas de precaução para proteger a saúde de nossos cidadãos ao invés de ficar esperando que comunidade científica chegue a um consenso ou depois do dano já causado.”
Texto feito com base em notícias originalmente publicadas no New York Times, em 15 de novembro de 2010, e no Herald Scotland, em 16 de novembro de 2010.
Reportagem de Fabiana Dupont e Fernanda Medeiros, do sítio O Tao do Consumo.
EcoDebate, 24/11/2010
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