Agricultura Ecológica: Produção e Consumo Local, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] A promoção de uma agricultura que reproduza a vida, garanta a soberania e a segurança alimentares, supra as necessidades familiares, locais e regionais e enfrente a massificação da agricultura industrial, são os principais objetivos da agroecologia. Atualmente, não somente as cidades, mas também as comunidades rurais estão sofrendo uma erosão de qualidade em suas dietas alimentares, sendo a principal causa a substituição da agricultura como uma atividade de cultivo e manejo da terra para gerar alimentos diversificados, por modelos de monoculturas que buscam reproduzir o capital financeiro e gerar lucros aos empreendedores e empresários do agronegócio.
Esta inversão possibilita a monopolização dos mercados pelos complexos agroalimentares que industrializam, distribuem e comercializam alimentos através de grandes redes de supermercados, não somente às populações urbanas, mas inclusive para áreas rurais antes autosuficientes e autônomas.
[Leia na íntegra]A agricultura ecológica promove sistemas de produção, beneficiamento e circulação dos produtos como instrumentos indispensáveis para que as comunidades rurais e urbanas tenham alternativas agrícolas e de organização do consumo que garantam as suas soberanias e seguranças alimentares, promovendo intercâmbios produtores/consumidores em que ambos sejam sujeitos e possuam autonomia em suas atividades e ações. O planejamento e implantação dos sistemas produtivos devem considerar as características dos ecossistemas locais, preservação das sementes, policulturas, agroflorestas, hortas, quintais frutíferos e outros elementos fundamentais à produção diversificada de alimentos com autonomia pelos agricultores. A formação de associações, cooperativas, redes e grupos formais ou informais de produtores e consumidores facilita a produção, distribuição e consumo locais (circuitos curtos) gerando relações de solidariedade entre os indivíduos e comunidades rurais e urbanas envolvidas.
As atividades de agroindustrialização e de beneficiamentos dos produtos, além de agregar valor, possibilitam aproveitamento mais eficiente da produção, gerando alternativas de trabalho e renda para todos os envolvidos, inclusive mulheres e jovens, possibilitando a participação e cooperação entre as famílias e comunidades de produtores e consumidores e a criação de espaços alternativos de comercialização direta, respeito e confiança mútuas e acesso a alimentos saudáveis e de qualidade nutricional adequada.
Na agricultura ecológica, o processamento e a comercialização direta dos produtos aos consumidores através de feiras e empreendimentos familiares, além de garantir uma melhoria nutricional da população, contribui significativamente para o desenvolvimento de alternativas econômicas de produção e consumo ao modelo capitalista, buscando melhorar a qualidade de vida através da solidariedade e do comércio justo, do debate e da reflexão sobre o desenvolvimento de práticas que preservem a natureza e garantam aos seres humanos um futuro saudável e solidário.
Antonio Silvio Hendges, articulista do Portal EcoDebate, é Professor de biologia e agente educacional no RS. E-mail: as.hendges{at}gmail.com
EcoDebate, 22/09/2010
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