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Artigo

A perigosa ciência do óbvio, artigo de Américo Canhoto

[EcoDebate] Hoje, “vale tudo” para ir para a mídia. A internet foi um inevitável desfecho do jargão: assim caminha a humanidade – Evidente que uma ferramenta desse porte e potencial traz sérios riscos para a maioria que pensa pouco; nada bom nem ruim; apenas um detalhe num final de ciclo do eterno vestibular da universidade cósmica.

Sapeando pela internet me deparei com mais uma nova pérola da ciência do óbvio ululante:

Crianças que não dormem ao menos 10 horas por noite têm risco de sobrepeso
Por Roni Caryn Rabin / The New York Times

Crianças pequenas que não dormem o suficiente têm o dobro de risco de ter excesso de peso
• Crianças brasileiras entre 5 e 9 anos estão crescendo acima dos padrões internacionais
• Obesidade infantil afeta uma em cada três crianças brasileiras
• Obesidade leva crianças chinesas a acampamentos para emagrecer

Crianças abaixo dos 5 anos que não dormem pelo menos 10 horas por noite têm quase o dobro de risco de desenvolver sobrepeso ou obesidade ainda na infância, segundo um novo estudo. E cochilos durante o dia não contam.

O estudo, publicado na última segunda-feira em “Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine”, analisou dados de uma amostra nacionalmente representativa de 1.930 crianças com menos de 14 anos.

Os dados incluíam diários detalhados de dois dias aleatórios, onde os pais registravam a quantidade de tempo que a criança gastava em diversas atividades, entre elas o sono.

O estudo complementa um corpo de evidências já existente, que sugere que o sono desempenha um importante papel no controle do peso – talvez porque crianças cansadas não sejam tão ativas, ou porque o sono afete hormônios que influenciam o apetite e a fome, afirmou a principal autora do artigo, Janice F. Bell, professora-assistente na Escola de Saúde Pública da Universidade de Washington, em Seattle.

“O que estamos dizendo é que um sono adequado entre 0 e 5 anos é provavelmente mais importante do que pensávamos”, disse Bell, acrescentando que a boa notícia é que “isso é um fator de risco modificável – algo que podemos mudar”.

NÃO QUERENDO SER CHATO – JÁ SENDO: Provavelmente um novo remédio para fazer dormir os “gordinhos pentelhos insones”, breve estará no mercado.

Claro que não interessa estudar os motivos que leva a maioria dos obesos de hoje (maioria mesmo) a se tornarem pé e pá na cova antes do tempo.

Conforme todos sabem; mas, poucos se interessam em agir – o problema de fato, é o estresse a que os adultos submetem as crianças na atualidade (até na China).

Vamos recordar apenas alguns tópicos:

Estrutura familiar:
Boa parte da responsabilidade do Estresse a que é submetida a criança pode ser atribuída aos pais. As experiências da primeira infância também parecem ter uma forte influência na maneira como as pessoas lidam com o Estresse. Um exemplo são as crianças criadas em orfanato, abandonadas ou negligenciadas têm altos níveis de corticóides e respostas acentuadas a situações posteriores de Estresse.

Quem é criado numa família caótica, pouco unida e com muitos problemas; é bem provável que, mais tarde na vida, vá reagir com doença segundo suas predisposições.

Até os oito anos o cérebro da criança ainda está se desenvolvendo em resposta ao ambiente. Esse cérebro pode se adaptar a lidar com situações extremas de medo. Daí, seu estado normal é o da adrenalina correndo em quantidade e quando essas crianças se tornam adultas elas se sentem vazias ou entediadas se não estiverem sob pressão o tempo todo. Podem se tornar como seus pais com facilidade: Depressivas, Angustiadas ou entrar em Pânico.

Falta de tempo:
Num passado recente o pai trabalhava fora e a mãe ficava em casa, hoje grande parte dos casais vê-se obrigado a educar as crianças à distância. Estudos americanos indicam que pais e filhos hoje ficam menos de duas horas por dia juntos sob o mesmo teto, trinta anos atrás permaneciam mais de dez horas diárias. Um dado perturbador é que a falta de tempo é irreversível, já que os pais precisam e desejam trabalhar. Um alívio é que até agora não se provou que a educação à distância traga tantos problemas para os filhos, como um casamento ruim, a falta de participação do pai e o grau de ansiedade de culpa que a mãe transmite para o filho por trabalhar fora. O problema que é que muitos pais que lamentam a falta de tempo, mas quando chega o final de semana permanecem sentados em frente da televisão em vez de sair com os filhos. Há pais que lotam a agenda dos filhos na esperança de que as crianças, assim ocupadas, não sintam a falta deles. Não dá certo.

Como o tempo escasseia cada vez mais, os pais e as mães desenvolvem um tipo especial e moderno de remorso: a sensação de que não dão às crianças tudo aquilo que elas precisam. E acabam compensando de duas formas. Com presentes- como se isso aumentasse a compreensão para o fato de que os adultos precisam trabalhar- e deixando a criança fazer tudo o que quer, criando indivíduos sem limites e até infratores. O que pode levar a criança a confundir vínculo afetivo com objetos materiais.

Cobrança de desempenho:
Hoje as crianças têm uma agenda sobrecarregada, com escola, inglês, natação, computação, judô, balé, nem sempre por opção delas. O garoto pode adorar nadar, mas quando o pai o coloca numa escola de natação dizendo que ele vai ser um novo Gustavo Borges, a atividade prazerosa vira cobrança e causa Estresse. Muitas delas sofrem por parte dos pais a pressão pelo perfeccionismo, que em vez do sucesso pode levar ao fracasso. Nessa circunstância a criança começa a se auto/desvalorizar sente culpa e cai em Depressão; a criança sufocada pode tornar-se agressiva ou apática; até Depressiva e suicida.

Não queira que seu filho durma por decreto; pior, se cometer o crime de medicá-lo para dormir – e, até mesmo o número de horas que certos interesses querem padronizar.

Premiar o óbvio é coisa de medíocres: premiar o óbvio ululante é coisa de gente que merece…

Claro que há outros motivos a explicar as razões das crianças de hoje dormirem menos que os adultos – se houver interesse; é fácil deduzir…

Para os interessados;

Leiam nos blogs:

http://construindoafamiliadofuturo.blogspot.com
– Família bagunçada – sociedade zoneada – perigo á vista

http://menganaquegosto.blogspot.com
PROBrEMAS POLÍTICOS.

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 17/09/2010

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