Operação retira chiqueiros de perto do Aeroporto Tom Jobim-Galeão, campeão de colisões entre aviões e pássaros
Foto: O Globo
Uma operação feita ontem (14) no entorno do Aeroporto Internacional Tom Jobim retirou chiqueiros construídos próximos à cabeceira da pista de pouso e decolagem. Os chiqueiros estavam em uma área de proteção permanente (APP) às margens da Baía de Guanabara, e contribuíam para a proliferação de aves, o que coloca em risco o tráfego aéreo.
A secretária estadual do Ambiente, Marilene Ramos, disse que a operação foi feita por solicitação do Ministério da Defesa que alertou que pelo menos 10% dos incidentes entre aviões e aves no país, principalmente urubus, ocorrem nas proximidades do Aeroporto Tom Jobim.
Segundo Marilene, a criação de porcos no local é crime ambiental. “Seus dejetos bem como seus restos, já que muitos são abatidos ali mesmo, são despejados nas águas da Baía de Guanabara, agravando a poluição e atraindo urubus”.
Marilene disse que outras medidas foram adotadas para erradicar a presença de urubus na área, como o fechamento de lixões clandestinos e o fechamento do aterro de Gramacho, em Duque de Caxias.
Nove porcos foram apreendidos e levados para um curral do estado e se estiverem em boas condições de saúde serão abatidos para consumo. Um dos cinco proprietários notificados – que criavam cerca de 100 porcos – descumpriu a determinação para retirar os animais. Ninguém foi preso.
Os chiqueiros destruídos ficas ao lado da comunidade Parque Royal, na Ilha do Governador, onde os criadores moram. Severino José Miranda, de 57 anos, disse que criava porcos para complementar seu salário de vigia noturno. Miranda tinha nove porcos no momento da operação. Ele disse que trabalhou por dois anos no aeroporto numa obra da Construtora Odebrecht e nunca ouviu falar em problema de ave com avião.
José Lino dos Santos, de 58 anos, que vendeu seus porcos antes da operação, trabalha na construção civil e disse que no ano passado teve 14 porcos apreendidos. Ele está desempregado e afirmou que a criação de porcos o ajudava, rendendo pelo menos um abate por ano.
“Os porcos ajudam, não dá para arrumar dinheiro, mas para a gente defender o nosso arroz e o feijão ou comprar um gás. Eu vendia, cortava aqui mesmo. Emprego na idade da gente ninguém arruma mais, então a gente tem que caçar outro recurso para viver e não roubar”.
Aeroporto Tom Jobim é campeão de colisões entre aviões e pássaros
O Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, zona norte do Rio, é o responsável pelo maior número de colisões entre pássaros e aviões no país. De acordo com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), só no ano passado foram 93 casos na área. Dados da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) mostram que há 3 anos, o registro era de pouco mais de 40 casos por ano.
Com essa evolução, o Aeroporto do Galeão passa a responder por cerca de 10% desse tipo de colisão no país, superando o volume de registros dos aeroportos com maior movimento, como Guarulhos, Congonhas e Brasília.
Os dados mostram apenas registros feitos pelas empresas aéreas e tripulações, como explicou o major Rubens de Oliveira, gerente do Programa de Controle do Perigo Aviário. Segundo ele, “há um consenso internacional que somente 20% a 25% das colisões que acontecem são comunicadas. Há uma tendência de [o registro de casos] ser maior [do que o divulgado] e de forma geral, é de 4 a 5 vezes maior do que esse volume”.
A maior preocupação dos técnicos são os urubus, que, por voarem mais alto e por mais tempo, provocam mais incidentes, além de quero-queros, corujas e carcarás. A identificação dessas aves explica a liderança do aeroporto do Galeão nesse ranking. O complexo fica às margens da Baía de Guanabara, cercado pelo esgoto a céu aberto, lançado por comunidades próximas, além de manguezais e detritos acumulados.
“O entorno do Galeão é muito complicado. A própria Baía de Guanabara é muito poluída com atração de muitas aves como garças e urubus, o aterro de Gramacho, os lixões clandestinos. Esse micro ambiente do entorno do Galeão nos preocupa muito e o aeroporto tem muito movimento. E quanto maior o movimento no aeroporto, maior o risco de colisões com as aves”, afirmou o major.
Reportagem da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 15/09/2010
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