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Rússia admite que fogo chegou a regiões de contaminação radioativa atingidas pelo desastre de Chernobyl

Chamas chegam a área contaminada
Chamas chegam a área contaminada

Fogo na Rússia atinge área de contaminação radioativa. O temor é que as chamas liberem partículas radioativas assentadas nas florestas de Bryansk, após a catástrofe de Chernobil, há quase 25 anos.

Autoridades russas confirmaram nesta quarta-feira (11/08) que o fogo atingiu uma área do país contaminada com radioatividade. Os incêndios florestais que castigam a Rússia há semanas chegaram a Bryansk, região na fronteira com a Ucrânia que sofreu contaminação em decorrência da explosão do reator de Chernobil, em 1986.

Desde e a última sexta-feira (06), fontes oficiais contabilizaram 28 focos de incêndio nas proximidades de Bryansk, num total de 269 hectares de área queimada. A região é tida como uma das mais perigosas do planeta, devido à exposição radioativa sofrida há quase 25 anos.

O fogo também atingiu outras regiões contaminadas, como a área próxima a Chelyabinsk, na região Ural, que também abriga diversas instalações nucleares.


“Há mapas em que é possível ver a contaminação radioativa e outros mapas em que é possível ver os incêndios. Quando colocamos um sobre o outro fica claro para todos que as áreas contaminadas estão em chamas”, informou a Agência Florestal Federal da Rússia.

Risco de contaminação

O governo russo havia negado, previamente, que o fogo estivesse consumindo as zonas afetadas pela radioatividade. A organização ambientalista Greenpeace, no entanto, denunciou a situação e acusou o governo de manter a população desinformada sobre o risco iminente.

O ministro russo de Prevenção de Catástrofes, Sergei Schoigu, já havia demonstrado preocupação: “Se houver incêndio nessa região, não serão liberados apenas materiais poluentes comuns, mas também partículas radioativas. Isso pode criar uma nova zona contaminada. Por isso nós reforçamos a nossa presença na região. Entre outros meios, contamos também com um grupo de robôs-bombeiros.”

Nikolai Schmatkov, da WWF, diz que o risco é imenso: “As partículas radiativas ficam por um longo período na floresta. Elas se instalam, principalmente, na madeira morta e seca, em galhos quebrados, na turfa ou nas folhas dos pinheiros acumulados no chão. Todo esse material é altamente inflamável.”

Segundo o ambientalista, material radioativo como o Césio 137 pode ser liberado com a fumaça. “Quando a floresta começa a queimar, as nuvens e a poeira podem conter partículas radioativas, atingir as camadas superiores da atmosfera e atingir grandes distâncias. Fuligem e cinzas podem alcançar também povoações, e por isso são um grande perigo”, esclarece Schmatkow.

Prejuízo econômico

A onde de calor na Rússia pode provocar também perdas econômicas estimadas entre 5 e 12 bilhões de euros e, ainda, comprometer a modesta recuperação econômica do país. A cifra foi calculada com base em perdas na agricultura, indústria e no setor de serviços, sem contar as doenças e mortes.

Várias fábricas suspenderam a produção durante a onda de calor para poupar os trabalhadores das altas temperaturas. A fumaça que tomou conta de Moscou também esvaziou o comércio da capital russa.

Antes de os termômetros atingirem marcas recordes neste ano, a previsão de crescimento da economia russa era de 4% em 2010. Alexander Morozov, economista-chefe para a Rússia e Comunidade dos Estados Independentes (CEI) do banco HSBC em Moscou, afirmou esperar que os prejuízos gerados pela onda de calor – que provocou a maior seca dos últimos 130 anos e incêndios – correspondam a 1% do Produto Interno Bruto da Rússia.

Batalha contra o fogo

Os bombeiros continuam tentando controlar o fogo que ainda consome uma área equivalente a cerca de 92 mil campos de futebol na Rússia. Na última terça-feira, o fogo atingia uma área de 174 mil hectares, mas nesta quarta-feira a área total de incêndios diminuiu pela metade, embora exista ainda centenas de focos de incêndio. Devido às chamas, 54 pessoas morreram no país.

NP/afp/dpa/dw
Revisão: Carlos Albuquerque

Matéria da Agência Deutsche Welle, DW-WORLD.DE, publicada pelo EcoDebate, 12/08/2010

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