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Variação de fluxo de calor no Amazonas pode chegar a 10°C

A causa são as ações humanas, como desmatamentos, queimadas, quintais descobertos e cimentados, ocupação de áreas irregulares, que provocam os desequilíbrios ambientais.

Estudos sobre as variações do fluxo de calor na superfície do Amazonas demonstraram que há uma oscilação diurna de 2°C em local com cobertura vegetal e de 10°C em local sem cobertura vegetal. O levantamento foi feito nos municípios de Manaus e Presidente Figueiredo, especificamente na região de Balbina. Isto significa que a proteção vegetal pode influenciar na sensação térmica (calor) ao longo do dia e prejudicar o cultivo de determinadas lavouras.

A causa são as ações humanas, como desmatamentos, queimadas, quintais descobertos e cimentados, ocupação de áreas irregulares, que provocam os desequilíbrios ambientais. Com a impermeabilização do solo, a água da chuva passa a escoar pela superfície, causando erosão, destruição, transbordamento de igarapés e enxurradas. Foi o que explicou o professor João da Silva Carvalho, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Ele coordena o projeto “Estudo da Estrutura Geotermal Rasa Voltado para o Diagnóstico do Conforto Térmico na Cidade de Manaus”.


Realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do programa Integrado de Pesquisa Científica e Tecnológica (PIPT), o projeto vem sendo desenvolvido desde 2008. Na primeira semana de agosto os pesquisadores viajam para Presidente Figueiredo para fechar o ciclo anual de monitoramento.

Segundo Silva, o resultado direto é o aumento da sensação de calor devido, principalmente, ao aumento da temperatura da superfície. “As informações mostram a importância de se realizar uma política de ocupação de terras e aproveitamento dos recursos naturais. Só assim será possível minimizar os impactos”, afirmou.

Em épocas de altas temperaturas (anomalias), conforme Silva, a temperatura pode ser muito maior. Ele explicou que a superfície emite calor, contudo as pessoas não sentem toda a magnitude. Por exemplo, na praia, às 13h, o indivíduo não consegue pisar na areia.

Conforme Silva, os resultados do monitoramento para avaliação de conforto térmico ambiental mostraram a grande diferença de temperatura observada nos diversos ambientes urbanos (rua asfaltada, quintal arborizado, quintal não arborizado e ambiente interno de casa).

“Em horário de maior insolação, às 13h, os locais com asfalto podem apresentar temperatura superficial superior a 50°C – com variação de 19°C. Em quintais não arborizados chega a quase 40°C – variação de 9°C. Nos quintais arborizados pode chega a 29°C – com variação de 2°C”, destacou.

Monitoramento

O acompanhamento da variação do fluxo de calor está sendo feito em poços de um metro a dois metros de profundidade. Em Manaus, as medições são feitas em dois poços no Campus Universitário da Ufam, sendo um com cobertura vegetal e outro sem. Em Presidente Figueiredo, o processo é realizado em dois poços de Balbina e segue as mesmas características dos da capital.

Os pesquisadores também fazem o acompanhamento de poços abandonados com 50 metros de profundidade, sendo um no Campus Universitário e outro na Fazenda Experimental, no km 38 da BR-174.

“Por meio de uma sonda utilizada para medir a temperatura nas diferentes profundidades ao longo do poço, verificamos uma variação anual de 3°C em locais com cobertura vegetal. Os valores oscilam entre 26°C e 29°C. Isso demonstra a grande estabilidade nas magnitudes térmicas anuais.

Essas variações são significativamente maiores em local sem vegetação, podendo chegar a 6°C”, informou. Já na profundidade de um metro, os pesquisadores verificaram a estabilidade da temperatura diurna, oscilando entre 0,6°C no local sem cobertura vegetal e 0,05°C no local com cobertura vegetal.

Reportagem de Luís Mansuêto, da Agência Fapeam, publicada pelo EcoDebate, 28/07/2010

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