Índia: Interesse em energia solar faz subir preço de terra no deserto Thar
A sede da Índia por energia solar transformou as terras inóspitas do deserto Thar em uma tomada elétrica em potencial, com grandes promessas para empresas do setor e para um país às voltas com cortes regulares de eletricidade.
“Vou abrir meu próprio hotel”, disse Vijay Singh, um homem que acaba de ganhar US$ 60 mil após vender parte de sua fazenda, um pedaço de terra seco e empoeirado.
O deserto Thar ocupa um território de 200 mil quilômetros quadrados na região noroeste da Índia. E como explica o especialista PC Pnda, do Central Arid Zone Research Institute, no Estado do Rajastão, sol é algo que não falta no local. Reportagem de Steven Duke, Editor, One Planet, BBC World Service.
“Aqui na região temos radiação solar em abundância. Mais de 300 dias de sol por ano, nove horas por dia”.
Recentemente, o governo indiano lançou sua Missão Solar Nacional, um plano de US$ 19 bilhões cuja meta é gerar 20 mil megawatts de eletricidade solar por volta de 2022.
No momento, a energia solar contribui com uma pequena fração disso – menos de 1%.
Abundância
Segundo um vendedor de imóveis da região, Multan Parihar, a terra local pode ser usada para produzir energia solar.Mas não é apenas o sol que está atraindo o governo e investidores ao Rajastão.
A área também possui o que grandes projetos energéticos precisam: terra.
“Nessa área, tem muita terra do governo disponível e terra privada também”, disse Parihar.
Segundo ele, nos últimos tempos, o Rajastão se tornou um bom lugar para se fazer negócios imobiliários. Preços em algumas regiões triplicaram nos últimos seis meses.
“As pessoas não usam a terra para agricultura, o lugar é desolado. Mas pode ser usado para produzir energia solar”.
A revolução solar no deserto Thar deve ter início em breve, quando uma das maiores empresas de energia da Índia, a Reliance Industries, ativar sua usina solar de cinco megawatts na cidade vizinha, Khimsar.
Demanda
Projetos envolvendo energia são prioritários se a nação quiser manter seu grande crescimento econômico, segundo grandes empresários indianos.
“A indústria de manufatura está diretamente associada à energia”, disse Hari Bhartia, um dos mais bem-sucedidos empresários do país, dono de um império que envolve produtos farmacêuticos, energia e varejo.
“Não acho que você pode construir uma indústria manufatureira a menos que tenha um suprimento estável de energia. Energia faz parte do crescimento econômico”.
Mas apesar de estar envolvido na operação de campos de petróleo e gás na Índia, Bhartia não pretende investir no deserto.
“Hoje, esses projetos solares são movidos principalmente por subsídios governamentais. A longo prazo, essas tecnologias precisam ficar auto-suficientes”.
Apesar da cautela de alguns, o fazendeiro Singh está confiante de que cidades barulhentas vão surgir na terra solitária que um dia foi sua. E um número constante de técnicos em energia solar vai querer se hospedar em seu hotel.
EcoDebate, 28/07/2010
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