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Artigo

Uma releitura da família e os alicerces sociais do passado, artigo de Américo Canhoto

Dr. Américo Canhoto
Dr. Américo Canhoto

[EcoDebate] À primeira vista, a estrutura familiar parece estar desmoronando; mas, se observarmos o momento presente com cuidado; veremos que a família passa por rápidas transformações; como tudo nesta era planetária; desde a nossa intimidade a tudo que se encontra nesta banda do universo. Nada mais será como antes; nem como está; neste momento.

Para entender as transformações para melhor que os grupos familiares estão vivendo, é preciso revisitar o passado com outro olhar para evitar o pessimismo neste momento de faxina.

Analisemos um dos pontos em jogo: Os alicerces sociais do passado.


Houve tempo em que as condições do ambiente social não desencadeavam influência tão forte nos indivíduos, na família e na sociedade quanto nos incríveis dias de hoje. Antes de um julgamento apressado de mais ou menos evolução de uns ou de outros como se faz com freqüência, é preciso que se dê o devido desconto às gerações anteriores: nos últimos 50 anos a velocidade com que as transformações se processaram foi inimaginável; se comparadas a períodos anteriores da nossa evolução.

Vejamos alguns parâmetros colocados em discussão pelas pessoas:

A disciplina:
Antes; até pouco tempo; as famílias davam a impressão de fortes, coesas e disciplinadas, a ponto de coibir com sucesso as idéias capazes de criar mudanças aos princípios sociais pré/ estabelecidos. É que a maioria das pessoas questionava menos; e, é natural que os “velhos de hoje” rotulem os “jovens de hoje” como: rebeldes que contestam demais; desobedientes; “sem valores morais”; “uma geração de perdidos”.

Diríamos que hoje, forçosamente, é que o ser humano começa a se encontrar consigo mesmo e com os outros de forma clara.

Quando os “jovens de hoje” rotulam os “velhos de ontem” de antiguidades; eles não estão sendo cruéis; rebeldes; irreverentes; irresponsáveis ou maldosos; eles estão sendo até “verdadeiros”; sem que o saibam; pois basta procurar no dicionário o conceito do que seja uma antiguidade. * (vá ao dicionário)…

Valores morais:
Mumificados que estávamos na hipocrisia cultural; hoje, estamos mais ou menos perplexos com essa movimentação planetária como a globalização, que provoca uma necessidade de reestruturação do nosso comportamento – o que gera nas pessoas menos maduras: insegurança, estresse, medo, intranqüilidade.

Num turbilhão, nossas múltiplas personalidades estão desabando; e estamos sendo jogados de encontro a nós mesmos e de encontro aos outros. Estamos, subitamente, nos libertando de nossos medos e ao mesmo tempo nos libertando uns dos outros; pois, o medo sempre foi e continua sendo uma arma de domínio.

Porém, a aceleração da interatividade faz com que caiam rapidamente as máscaras da hipocrisia nos deixando nus, pelados, os lobos “metidos a cordeiros”. Uma leitura mais correta desse processo: o que de errado antes se fazia escondido; hoje, se faz na cara dura.

Liberdade:
Quanto mais se pensa mais se exercita o livre-arbítrio e mais livre nos tornamos. E, como nada ainda é perfeito: a liberdade para nós quase seres humanos é um paradoxo como tantos outros. Pois, ansiamos por ela, mas não sabemos ainda o que fazer com ela, como usá-la. Tal e qual uma criança.

Um exemplo: a libertação dos dogmas e das superstições religiosas; quando nós nos libertamos do dogma de que sexo é pecado; ficamos um tanto quanto perdidos; e sem referências. Quando nos libertamos dessa camisa de força; como coletividade, nós tendemos à permissividade; o que é lógico já que retidos ao nos libertarmos tendemos a ir de um pólo ao outro até que atingir o ponto de equilíbrio.

O consumismo:
Como ela não existe, é uma ilusão de conceito e dos sentidos, nada mais paradoxal para um ser humano do que assistir à própria morte. E, nada mais cruel para um materialista do que assistir e participar do fim da era materialista (leia e estude Einstein, seus postulados, seus conflitos íntimos, sua vida). O consumismo pregando a liberação dos instintos sem o crivo da razão em nome da liberdade sem responsabilidade; introduz nos arquivos mentais e emocionais do homem a anarquia emotiva; e o conduz à doença e à loucura – porque o esvazia de conteúdo ético; o que mantém o indivíduo na condição de troglodita; retira-lhe a perspectiva da inteligência e a busca da espiritualidade que faz parte de sua estrutura psicológica, daí criam-se conflitos e explodem paixões. Essa bagunça íntima gera perturbações e ansiedade doentia como: Estresse, Depressão, Angústia Existencial, Medo Mórbido e Pânico.

A teoria do consumo a qualquer preço ditada pelas gerações anteriores; fez com que as crianças e os jovens de hoje penetrassem no penoso labirinto da insatisfação negativa. As gerações mais antigas se especializaram em encher a cabeça das crianças de expectativas e não as vacinaram contra as frustrações.
Com a ajuda da mídia de ação rápida o conflito entre o ser e o ter fez com que boa parte das pessoas não atingisse a necessária cota de responsabilidade e dignidade.

Estabilidade:
Algum tempo atrás, os vetores de estímulo capazes de gerar instabilidade no seio das famílias eram infinitamente menos intensos e em menor número. Hoje as pessoas são estimuladas intensamente pela mídia, na qual indivíduos sem preparo; formulam teorias sobre comportamento humano. Os meios de comunicação veiculam procedimentos de pessoas extravagantes que cultuam vícios, e vendem seus produtos pela propaganda enganosa que estimula paixões. Esses indivíduos acham que só existe um lado da moeda na lei de causa/efeito. Agem levianamente, ajudando a “massa” a desgastar as energias, dilapidando a existência e o tempo. E quando a vida reage, as respostas são contundentes, daí uns e outros, condutores e conduzidos levantam as mãos para os céus como pedintes.

Qualquer um que observe a aceleração de tudo, sem ser adivinho; pode afirmar que as respostas serão rápidas, duras e sofridas; enquanto as atitudes das pessoas permanecerem no “troglodita” campo das paixões. A quantidade de apelos e informações para o consumo gera no mínimo confusão na cabeça das pessoas; daí a repercussão na família, criando instabilidade. O resgate da estabilidade do ser humano e da família virá pela reflexão que ordena a submissão dos reflexos, dos instintos e das emoções à razão e á ética cósmica. O bem pensar, embora nos primeiros estágios possa nos enganar e ludibriar; é a única forma capaz de ordenar todas as conquistas evolutivas do ser humano; alinhando as atitudes às Leis da Evolução. Mudam-se as causas reformam-se os efeitos – simples assim.

Honra:
Antes as pessoas podiam dedicar-se a ter honra, alguns até o faziam; pois, acumular valores materiais para eles não era possível; dadas as circunstâncias de vida. Naquele ritmo de vida mais lento onde as ambições não eram tão aguçadas; havia tempo para sentir orgulho da palavra empenhada, de adquirir a confiança e a estima dos outros. Porém muitas pessoas que se achavam honradas; até hoje tem uma compreensão distorcida do que seja honra; ou o seu oposto complementar a desonra.

Na vida modernosa a honra foi pro beleleú; pois as pessoas não têm tempo de ter honra; já que conquistar a dignidade moral exige tempo e esforço. E para isso, para ter honra não dá tempo de aproveitar os objetos do desejo, ostentar a qualquer preço e a qualquer custo. Hoje a honra das pessoas estampa-se no vestuário, no carro, no iate, nas colunas sociais, no número de conquistas amorosas. Os pais não podem querer ser honrados pelos filhos já que dão o exemplo de não honrar nem a si mesmos. Esse estado de coisas para os mais saudosistas pode parecer um retrocesso; mas não é, principalmente, porque o código de honra do passado era assentado quase que só na hipocrisia camuflada; ao menos hoje, esse defeito já está sendo estampado na cara das pessoas, já está na pele e daí para fora é mais um passo; quando ainda nas entranhas é mais difícil ser expelido.

Outro ponto positivo é que hoje poucos hipócritas têm tempo de lavar a honra com o sangue dos outros. Nos dias de hoje quantos pais hipócritas vociferam que, se a filha engravidar sem casar, vai acontecer isso, vai acontecer aquilo, e nascido o neto, tornam-se vovôs/coruja e ainda sustentam, às vezes, o “bastardo” que lhes desonrou o lar. É progresso afetivo ou não?

Respeito:
É comum que se diga da falta de respeito dos mais jovens pelos mais velhos nos dias de hoje. É que o respeito à antiga nada mais era do que a expressão do medo – da submissão à vontade dos outros pela força; e, estava mais pelo lado da elegância social. Além disso, o antigo sentimento de respeito era pura hipocrisia da boca para fora; pior ainda na presença da pessoa truculenta e autoritária; mas pelas costas era bem diferente.

Nada contra a elegância social; ao contrário; pois, tudo que é belo deve ser cultivado. E ser respeitoso com tudo e com todos é sinônimo de boa/educação pessoal e social; mas, deixar de questionar tudo do que se discorda é burrice, e aceitar truculência nas respostas é covardia.

A cada dia fica mais claro e definido que, respeito não se pede nem se impõe. Respeito se conquista…

Ouço muito no dia a dia os mais velhos se queixando dos mais novos. Coisas do tipo: não concordo como meus filhos estão educando meus netos.
Fica a pergunta: Quem educou os pais dos seus netos?

Qual a origem da epidemia de diabetes e de obesidade em nossas crianças da atualidade?

Quem se interessar pelo tema pode buscar mais reflexões no artigo: “A GERAÇÃO CRIADA NO REGIME DE CONFINAMENTO E ENGORDA” – no blog: http://construindoafamiliadofuturo.blogspot.com

Alegria e bola prá frente pessoal!
Fiquemos zen e felizes; pois, tudo vai dar certo e acabar bem.

No contexto dessa aparente bagunça de valores sociais da atualidade; é preciso que fiquemos bem tranqüilos; pois, todos os VERDADEIROS VALORES do passado vão retornar pouco a pouco porque nunca desapareceram; eles são leis naturais de evolução, matemáticas e eternas. É só aguardar um pouco e desenvolver a paciência de esperar a “poeira baixar”; pois, tudo sempre a cada dia fica melhor do que antes…

Mas, que tal deixar uma marca para a posteridade arquivada no nosso DNA? – Fulano de tal passou pela vida e deixou uma marca pessoal positiva – engaje-se em projetos de melhoria da educação.

NÃO TEM FILHOS? NEM NETOS? – NÃO IMPORTA NO MEIO DA ETERNIDADE – UM DIA OS TERÁ!

Eduque-se que já estará fazendo um favor ao mundo e ao universo.

Américo Canhoto: Clínico Geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Uso a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.

* Colaboração de Américo Canhoto para o EcoDebate, 26/07/2010

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