Saiba mais: Engenharia genética, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] A humanidade começou faz muito tempo, a selecionar plantas e manipular sementes, produzindo variedades que não ocorriam na natureza. O exemplo clássico é o milho, originário das Américas, que foi domesticado e modificado pelo ser humano, de forma que hoje é totalmente dependente da mão humana para produzir.
Um gene é um segmento de DNA (ácido desoxirribonucléico) que combinado com outros genes determina a composição das células. Um gene tem seu comportamento determinado por sua composição química e arranjos espaciais (forma com que os compostos se distribuem no espaço). Com o desenvolvimento permanente, os genes permitem que o organismo se adapte ao ambiente, num processo conhecido como evolução desde Charles Darwin.
O DNA contém informações genéticas que determinam como as células individuais e o organismo serão construídos, como funcionarão e como se adaptarão ao ambiente. O DNA é dividido em unidades funcionais, chamados genes, assim como uma frase é formada por palavras.
No melhoramento genético convencional, novas combinações de genes são produzidas por cruzamentos de indivíduos escolhidos, buscando reunir características importantes na descendência. O cruzamento entre plantas escolhidas só é possível havendo compatibilidade sexual. Com o advento do DNA recombinante é possível isolar genes individuais de uma espécie e inserir em outra, sem a necessidade de compatibilidade sexual (PAIVA, F. A. Sobre a soja transgênica. In: Revista do Plantio Direto, maio-junho de 1999, p24-25).
A Engenharia Genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia de DNA em determinados locais, inserindo segmentos em outros organismos e costurando a sequência novamente. Os cientistas cortam e colam genes de um organismo, para outro, como se estivessem num computador, manipulando a biologia natural a fim de obter características específicas que auxiliem algum objetivo.
As restrições são a falta de estudos de longo prazo entre 2 populações diferentes, sendo uma que use o cruzamento e outra que não use, para que comparações definitivas de longo prazo possam atestar a presença ou não de efeitos. Outra restrição é que o lugar que os genes são inseridos não podem ser controlados completamente, o que pode causar resultados inesperados, pois afetam genes de outras partes do organismo.
A barreira para transferência de genes entre diferentes espécies ou mesmo diferentes reinos foi ultrapassada. Como em todo processo, existem vantagens e riscos. Administrar é gerenciar riscos, executar controles e desenvolver governança corporativa nos setores público ou privado.
Como exemplo, temos o gene codificante da enzima poli-galacturonidase, que foi inibido em tomates, evitando a degrdação das pectinas (um componente da parede celular) e assim os tomates permanecem firmes por mais tempo (são chamados longa vida por esta característica).
Portanto, a engenharia genética produz organismos que recebem genes de outros seres vivos, alterados ou não em laboratórios, com objetivos agronômicos, medicinais ou mesmo econômicos apenas. É um desenvolvimento científico que necessita controles rigorosos, para que seja utilizado a favor da humanidade e da qualidade de vida das populações e não sofra deturpações.
Num país que não consegue controlar fraudes em alimentos prosaicos de tecnologia simples como o leite, sem dúvida, este é um tema de grande potencial e acaba se transformando num caso de alta periculosidade.
Roberto Naime, Professor no Programa de pós-graduação em Qualidade Ambiental, Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo – RS, é colunista do EcoDebate.
EcoDebate, 15/07/2010
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