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Expedição faz estudo da presença de índios isolados no Acre

[Por Leandro Chaves, para o EcoDebate] Nos últimos anos, o povo Huni Kui da Terra Indígena (TI) Kaxinawá do Rio Humaitá tem encontrado no seu território um outro grupo de índios, até então pouco conhecidos. São os isolados, também chamados de “brabos”. Eles se mantiveram em isolamento desde o período dos grandes seringais e hoje, por viverem próximos a outras comunidades indígenas e ribeirinhas, saqueiam terçados, machados, facas, roupas, redes, panelas e outros utensílios, provocando temores e conflitos.

Para evitar confrontos armados decorrentes desses saques, além de respeitar sua opção em continuar isolados, algumas atividades em parceria entre a Funai e a Comissão Pró-Índio do Acre são realizadas junto aos moradores da terra indígena e seu entorno. Em dezembro de 2009, uma equipe das duas instituições iniciou novo mapeamento da presença de isolados nos rios Muru e Iboiaçu, atividade iniciada em maio durante a I Oficina de Sensibilização e Informação sobre Povos Isolados.

Na ocasião, foram mapeadas sete casas saqueadas pelos brabos, em 2009, no alto rio Muru. Além disso, foram mapeados os locais onde foram vistos e encontrados vestígios, como acampamentos, restos de comida, casco de jabuti, cinzas de fogo e trilhas de deslocamentos.

Nilson Sabóia Kaxinawá, realizador de filmes indígenas, participou da expedição, registrando os vestígios encontrados e os depoimentos dos seus parentes do rio Humaitá e dos moradores do entorno sobre a presença de brabos na região. “Eu filmei tudo o que encontramos, pois achamos muitas coisas”, afirma Nilson, que está produzindo um documentário sobre os isolados. “Esse material vai compor um filme que estou trabalhando, porque é muito importante que o mundo saiba que esses índios brabos existem”.

Enquanto subiam o rio Humaitá a equipe da Funai e 12 Kaxinawá foram atacados a flechadas pelos brabos. Ninguém se feriu e as flechas foram recolhidas e distribuídas entre a equipe. “Fomos atacados três vezes em três lugares diferentes do rio Humaitá pelos brabos. Inclusive pegamos as flechas e guardamos como lembrança”, conta Nilson. O trabalho de levantamento da presença de índios isolados durou cerca de um mês e meio, finalizando em meados de janeiro deste.

Nesse mês de abril, uma nova Oficina de Sensibilização e Informação sobre Povos Isolados, coordenada pelo sertanista José Meirelles e apoiada pela CPI/AC, vai ser realizada entre os ribeirinhos do alto Tarauacá e moradores das três terras Kaxinawá do município de Jordão, que também têm sido afetados pela intensa presença de índios isolados. Notícias recentes vindas do alto rio Tarauacá informam que um índio brabo foi morto por um caçador não-índio nas cabeceiras do igarapé Arara, nas proximidades da TI Kaxinawá do Seringal Independência.

Colaboração de Leandro Chaves, CPI/AC, para o EcoDebate, 08/04/2010

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