Chuva no Rio foi a mais forte em 44 anos e parou a cidade. Mortos no estado do Rio chegam a 103
Rio de Janeiro – Voluntários da Pátria uma das vias principais do bairro de Botafogo inundada pela chuva ( Carolina Goncalves/ Foto ReporterABr)
O temporal que atingiu o estado do Rio de Janeiro deixou um saldo de 95 mortos, a maioria soterrados por deslizamentos de terra. Há informações sobre desaparecidos, mas os números são imprecisos. Ruas da capital ainda estão com toneladas de lama e de lixo, e as atividades escolares foram canceladas
Mortos no estado do Rio chegam a 103
O temporal que atingiu o estado do Rio deixou um saldo de 103 mortos*, a maioria soterrados por deslizamentos de terra. O balanço parcial foi divulgado ontem (6) pelo Centro de Operações do Corpo de Bombeiros, que corrigiu para 101 o número de feridos. Há informações sobre desaparecidos, mas os números são imprecisos.
Do total de vítimas, o município de Niterói foi um dos mais afetados e contabiliza 48 mortos. Na cidade do Rio são 35. Já as cidades de São Gonçalo, Nilópolis e Paracambi, na Baixada Fluminense, têm 11 mortos. Em Petrópolis uma pessoa morreu.
O temporal foi o maior desde 1966, segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Naquele ano, o índice pluviométrico foi de 245 milímetros, enquanto que nas últimas chuvas o nível chegou a 288 milímetros. A chuva provocou pontos de alagamentos, deslizamentos de terras, quedas de árvores, deixando ruas submersas. A Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul, um dos principais cartões-postais da cidade, transbordou.
Os aeroportos da cidade do Rio fecharam ontem à noite e só voltaram a operar nesta manhã. Passageiros foram alojados em hotéis. Nas estradas, a situação também foi complicada. As principais estradas de acesso ao Rio, como a Via Dutra, Linha Vermelha e Avenida Brasil registraram pontos de alagamento e retenções, sendo que a Ponte Rio-Niterói ficou fechada por mais de uma hora pela manhã.
Bairros ficaram sem luz. A Light chegou a recomendar que as pessoas não usassem os elevadores. A concessionária trabalha com 60% do efetivo para normalizar o fornecimento. Há ainda trechos de ruas de vários bairros sem energia.
O sistema de transporte público sofreu várias interrupções e muitas pessoas permaneceram até a madrugada de hoje nas ruas esperando para voltar para casa. Ao longo do dia, as barcas que unem o Rio a Niterói voltaram a operar normalmente, assim como os trens metropolitanos, que tiveram ramais suspenso. O metrô funciona com intervalo irregulares e os ônibus urbanos estão com a frota reduzida.
Por causa dos transtornos e dos inúmeros chamados de emergência, as autoridades recomendaram que as pessoas não saíssem de casa. O centro do Rio ficou vazio. Agências bancárias e lojas não abriram e serviços públicos funcionaram parcialmente. A Polícia Militar reforçou o policiamento em “pontos-chaves” para evitar assaltos a motoristas parados no trânsito.
Em um dos bairros mais afetados, o Maracanã, a Confederação Brasileira de Vôlei adiou o jogo da Superliga feminina, que seria realizado hoje no ginásio do Maracanazinho. No estádio do Maracanã, que hoje (7) recebe jogo da Taça Libertadores, a equipe limpa túneis de acesso ao campo, que ficaram alagados.
Prefeitura diz que foi a pior chuva dos últimos 40 anos no Rio de Janeiro
O maior índice pluviométrico no Rio de Janeiro desde que começou a medição, há mais de 40 anos, foi registrado pelo Serviço de Meteorologia do município como consequência do da chuva intermitente que atinge a cidade desde o fim da tarde de ontem (5). Os pluviômetros do órgão marcaram 288 milímetros (mm) de chuva no período, o equivalente a 288 litros de água por metro quadrado.
As três estações meteorológicas que registraram mais chuvas entre o começo da noite de ontem até as 15 horas de hoje (6) foram a do Forte de Copacabana, com 194,6 mm, de Seropédica, com 167,4mm, e de Jacarepaguá, com 124,6mm.
O meteorologista Mamedes Luiz Melo, do Instituo Nacional de Meteorologia (Inmet), em Brasília, disse que estão previstas chuvas fortes para hoje, mas o tempo será de céu nublado e com chuva fina a partir de quinta-feira (8).
O prefeito Eduardo Paes afirmou que esta é a pior chuva na cidade nos últimos 30 anos. O Inmet tem em seus arquivos índices inferiores a 200mm na capital fluminense, em 11 de janeiro de 1962, com 167,4mm, e 8 de dezembro de 1981, com 157,9mm.
De acordo com o órgão, os registros de chuva mais forte no estado do Rio de Janeiro são na Ilha de Guaíba, na região de Mangaratiba. “No dia 14 de maio de 1983 choveu o equivalente a 337mm na área”, disse o meteorologista Mamedes Luiz Melo.
As chuvas mais torrenciais até hoje na lembrança dos cariocas na faixa etária a partir dos 50 anos são as que atingiram o Rio de Janeiro no começo de 1966. Segundo os registros oficiais choveu o equivalente a 166mm.
Embora tenham sido em menor volume do que agora, as águas de 1966 puseram abaixo vários casarões de quatro andares em Santa Teresa, bairro onde está localizado o Morro dos Prazeres, área mais atingida pelas chuvas de agora, segundo a Defesa Civil.
* O número de mortos foi atualizado com informações às 23:45, de 06/04/2010.
Reportagens de Isabela Vieira e Luiz Augusto Gollo, da Agência Brasil, publicadas pelo EcoDebate, 07/04/2010
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta utilizar o formulário abaixo. O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Participe do grupo Boletim diário EcoDebate |
Visitar este grupo |
Fechado para comentários.