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Excesso de peso (sobrepeso) em pessoas aparentemente saudáveis aumenta risco cardíaco

IMC

Sobrepeso aumenta risco cardíaco mesmo sem colesterol elevado – O excesso de peso em pessoas aparentemente saudáveis –com níveis satisfatórios de colesterol, triglicérides, glicemia e pressão arterial– é um fator independente de risco para doenças cardiovasculares, segundo um estudo [Impact of Body Mass Index and the Metabolic Syndrome on the Risk of Cardiovascular Disease and Death in Middle-Aged Men] da Universidade de Uppsala, na Suécia, publicado no periódico “Circulation”. A conclusão contraria o conceito de que há um subgrupo de “gordinhos saudáveis”.

O estudo, que acompanhou mais de 1.700 homens de meia-idade por 30 anos, é o mais longo trabalho sobre a relação entre obesidade e risco de doenças do coração já realizado. Reportagem de Iara Biderman, colaboração para a Folha de S.Paulo, com informações complementares do EcoDebate.

Até então, os dados mostravam que pessoas com sobrepeso ou obesas que não apresentavam síndrome metabólica não tinham risco cardiovascular maior. Na pesquisa, a síndrome foi definida pela presença de ao menos três de cinco fatores: hipertensão arterial, intolerância à glicose, colesterol alto, colesterol HDL (“bom”) baixo e circunferência abdominal acima dos limites normais.

“Classicamente, imaginava-se que o excesso de peso por si só não aumentava diretamente o risco cardiovascular. O novo estudo coloca esse conceito em dúvida”, diz Raul Dias dos Santos, diretor da Unidade Clínica de Dislipidemias do InCor (Instituto do Coração).

Uma das hipóteses para explicar a relação direta entre o excesso de peso e as doenças cardiovasculares é a atividade pró-inflamatória do tecido gorduroso. “As gorduras liberam substâncias que, no fígado, são transformadas em agentes inflamatórios e vão para a corrente sanguínea, podendo agredir os vasos do coração e do cérebro. Também liberam substâncias que, nos músculos, bloqueiam a ação da insulina, favorecendo o diabetes”, diz Santos.

Para Daniel Magnoni, chefe do serviço de nutrologia do HCor (Hospital do Coração), “não dá para falar em “gordinho saudável”, já que o excesso de peso predispõe ao desenvolvimento de diversas outras doenças, não apenas as do coração”.

Em relação ao aumento do risco cardiovascular, Magnoni aponta que, além do IMC (índice de massa corpórea) utilizado no estudo para caracterizar sobrepeso e obesidade, seria preciso avaliar fatores como a prática de atividade física, o consumo regular de frutas e verduras e o nível de estresse, que não foram considerados no estudo. No entanto, os pesquisadores suecos fizeram os ajustes para idade, hábito de fumar e níveis de colesterol LDL (“ruim”).

Mesmo ajustando esses fatores, foi observado que homens com sobrepeso sem síndrome metabólica têm um risco 52% maior de sofrer infarto, derrame ou insuficiência cardíaca. Nos obesos sem a síndrome, o risco foi 95% maior. Os dados ressaltam a importância de tratar o sobrepeso independentemente da existência de outros fatores de risco, mas não minimizam a importância da síndrome metabólica: a pesquisa também mostrou que, com a síndrome, o risco aumenta para 74% nos homens com sobrepeso e para 155% nos obesos.

Heno Lopes, coordenador do Ambulatório de Síndrome Metabólica do InCor, não se surpreende com esses resultados. “A obesidade tem relação direta com o aumento da pressão arterial, dos triglicérides e a resistência à insulina, por isso o risco do ganho de peso sempre foi valorizado”, afirma.

O fato de existirem obesos que não desenvolvem doenças cardiovasculares não minimiza o risco para a população em geral. “Por alguma razão que ainda desconhecemos, há indivíduos com algum fator cardioprotetor, mas esses são a exceção, não a regra”, diz Lopes.

Impact of Body Mass Index and the Metabolic Syndrome on the Risk of Cardiovascular Disease and Death in Middle-Aged Men

Johan Ärnlöv MD, PhD*, Erik Ingelsson MD, PhD, Johan Sundström MD, PhD, and Lars Lind MD, PhD
From the Department of Public Health and Caring Sciences/Geriatrics (J.Ä.), Department of Medical Sciences (J.S., L.L.), and Uppsala Clinical Research Center (J.S.), Uppsala University, Uppsala, Sweden; Department of Medical Epidemiology and Biostatistics (E.I.), Karolinska Institute, Stockholm, Sweden; and School of Health and Social Studies (J.Ä.), Dalarna University, Falun, Sweden.

* To whom correspondence should be addressed. E-mail: johan.arnlov{at}pubcare.uu.se.

Background—The purpose of this study was to investigate associations between combinations of body mass index (BMI) categories and metabolic syndrome (MetS) and the risk of cardiovascular disease and death in middle-aged men.

Methods and Results—At age 50 years, cardiovascular risk factors were assessed in 1758 participants without diabetes in the community-based Uppsala Longitudinal Study of Adult Men (ULSAM). According to BMI-MetS status, they were categorized as normal weight (BMI <25 kg/m2) without MetS (National Cholesterol Education Program criteria; n=891), normal weight with MetS (n=64), overweight (BMI 25 to 30 kg/m2) without MetS (n=582), overweight with MetS (n=125), obese (BMI >30 kg/m2) without MetS (n=30), or obese with MetS (n=66). During follow-up (median 30 years), 788 participants died, and 681 developed cardiovascular disease (composite of cardiovascular death or hospitalization for myocardial infarction, stroke, or heart failure). In Cox proportional-hazards models that adjusted for age, smoking, and low-density lipoprotein cholesterol, an increased risk for cardiovascular disease was observed in normal-weight participants with MetS (hazard ratio 1.63, 95% confidence interval 1.11 to 2.37), overweight participants without MetS (hazard ratio 1.52, 95% confidence interval 1.28 to 1.80), overweight participants with MetS (hazard ratio 1.74, 95% confidence interval 1.32 to 2.30), obese participants without MetS (hazard ratio 1.95, 95% confidence interval 1.14 to 3.34), and obese participants with MetS (hazard ratio 2.55, 95% confidence interval 1.81 to 3.58) compared with normal-weight individuals without MetS. These BMI-MetS categories significantly predicted total mortality rate in a similar pattern.

Conclusions—Middle-aged men with MetS had increased risk for cardiovascular events and total death regardless of BMI status during more than 30 years of follow-up. In contrast to previous reports, overweight and obese individuals without MetS also had an increased risk. The present data refute the notion that overweight and obesity without MetS are benign conditions.

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EcoDebate, 09/01/2010

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2 thoughts on “Excesso de peso (sobrepeso) em pessoas aparentemente saudáveis aumenta risco cardíaco

  • Há um dado importante a ser considerado. Vivemos sob um estilo de vida de perigo constante (a ilusão psicológica que cria e mantém o estresse crônico); o corpo não sabe diferenciar realidade de ilusão – nesse imbróglio um dos hormônios que foi ás alturas e não abaixa mais é o cortisol – e um dos estragos que faz: aumento de gordura abaixo da linha da cintura (barriga), quadril e coxas – Adeus o antigo efeito sanfona (as pessoas terão cada vez mais dificuldade em perder peso – E até os adolescentes no estirão da puberdade não mais retificam o corpo – criaram um modelito corporal de pera ou beringela – observem por aí.
    O que aguarda essas crianças e os jovens no futuro bem próximo?

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