Para ler e pensar, artigo de Mayron Régis
[EcoDebate] O leitor agradece ao texto pequeno, de poucos parágrafos, por tomar cinco minutos da sua vida e nada mais. Cinco minutos são meros cinco minutos. Um amigo ou um desconhecido pede atenção por cinco minutos. Ele receia que passado esse tempo o seu ouvinte se desconcentre e vire seus olhos para os lados.
Quem sabe o que são cinco minutos na vida de uma pessoa? De repente, ela se atrasara para algum compromisso profissional ou para um encontro amoroso. Os seus pensamentos se dirigiam mais rápido que seus movimentos. Essa pessoa quase voaria e é uma pena que não possa voar a não ser em seus pensamentos. Absorta ou descuidada dá um pouco de trela àquele ou àquela que a aborda para comovê-la sobre a igreja que retomará os princípios de Jesus Cristo e coisa e tal. Dificilmente, quem promete cumpre na exata medida da promessa. Escasseiam os cinco minutos e a pessoa se diminui perante a conversa que some em sua mente. A indiferença é total, mas se escamoteia muito bem, até porque aquela conversa será mais uma entre tantas daquele dia.
As pessoas circundam, individualmente, seus universos para que poucas coisas interajam entre si. Quem submete uma pessoa a uma conversa ou a um texto de pouca relevância para o individuo ou para a sociedade merece que o seu discurso ou sua prática seja posteriormente jogado no lixo da irrelevância. O que é relevante numa sociedade capitalista e o que deveria ser relevante? As regras do sistema capitalista que norteiam as vidas em sociedade nos dias de hoje são muito diferentes daquelas de décadas atrás. A característica intrínseca do capitalismo é a de reestruturar-se a cada crise ou ameaça de crise. Por exemplo, o Brasil que sempre foi um país exportador de matérias-primas por excelência, por conta da reestruturação do capitalismo em sua base produtiva e em sua base financeira, vai se modificando rapidamente para virar um produtor e vendedor de produtos semi-elaborados como é o caso da China. E essa modificação faz com que as próprias características culturais, políticas, econômicas e ambientais também se modifiquem, pois o capital altera as funções históricas de uma sociedade para que esta se comporte de acordo com as necessidades do capital.
Essa modificação fez com que os anseios da parte excluída da sociedade brasileira se desatrelassem das suas origens sócio-culturais e viessem a se atrelar à nova dinâmica econômica que cerca todo o litoral e o interior do Brasil. O estado do Maranhão vem aos poucos se defrontando com essa nova dinâmica e, mais precisamente, verifica-se isso nos casos específicos da expansão da fronteira agrícola no Cerrado maranhense. Nesse espaço geográfico, projetos para produção de alimentos e projetos agroenergéticos, todos com base nas monoculturas da soja, cana e eucalipto, desestruturam comunidades de extrativistas, quilombolas e indígenas no afã de produzir mais e mais para exportação.
No caso do sistema capitalista, a estruturação da economia e a estruturação do sistema produtivo significam a desestruturação da vida social e a completa degradação dos recursos naturais.
Mayron Régis, jornalista Fórum Carajás.