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Preservação de manguezais pode minimizar impacto de intempéries

Para Miguel Petrere, especialista em ecologia pesqueira da Unesp e vice-coordenador do Advisory Committee for Fisheries Research (ACFR), que assessora o Diretor Geral da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), sobre temas pesqueiros, “os manguezais, além do papel para a preservação dos estoques pesqueiros do mundo, possuem um importantíssimo papel socioambiental. A vegetação dos manguezais absorve o impacto das correntes e tormentas costeiras, uma espécie de barreira biológica , sendo, portanto, de fundamental importância para a segurança das navegações costeiras e para minimizar os impactos e as erosões causadas pelas marés”. Por Hércules Menezes, da ComCiência, 16/06/2008.

A importância dos manguezais na proteção física das regiões costeiras, frente a ciclones, tsunamis e outras intempéries já foi apontado por diversos cientistas. Finn Danielsen, pesquisador da Nordic Agency for Development and Ecology (Nordeco), coordenou um estudo sobre o papel protetor da vegetação costeira em áreas afetadas pelo tsunami asiático de 2004. Os resultados deste estudo, publicados na revista Science em 2005, indicam que nas regiões com manguezais a força do impacto do tsunami foi consideravelmente reduzida. Os pesquisadores desta organização governamental dinamarquesa são enfáticos: “a conservação e restauração dos manguezais costeiros poderão proteger as comunidades de futuros tsunamis. Os benefícios promovidos pela presença dos manguezais, não foram observados em estruturas artificiais de proteção costeiras”.

Outro estudo, publicado na mesma revista em 2007, efetuado por uma equipe de 16 pesquisadores provenientes de diversas instituições de pesquisa norte-americanas, também aponta para a necessidade de se restaurar as áreas originais de manguezais no Delta do Mississipi, como forma de minimizar e mesmo prevenir futuros danos causados por furacões, como Katrina e Rita. Este estudo foi subsidiado pela Gulf of México Energy Security Act, uma lei assinada em dezembro de 2006, implementando uma política pública que aplicará 37% dos impostos arrecadados nos novos poços de gás e petróleo do Golfo do México, na restauração do delta do Mississippi.

Embora furacões e tempestades tropicais sejam regulares e episódicas nesta região, o aumento de suas intensidades tem sido um fator preocupante para políticos e cientistas deste país.

Na América do Sul, o ecossistema de manguezais, que se inicia na Guiana Francesa e costeia o Atlântico até Santa Catarina, vem sendo reduzido consideravelmente. Um relatório da FAO aponta que os 3.600.00 ha de manguezais encontrados em 1973 foram reduzidos a 1.015.000 ha em 2000.

Em contrapartida, neste mesmo relatório a FAO diz que, diversas nações, entre elas Bangladesh, estão aumentando a cobertura de manguezais. Estes países compreenderam a importância social deste ecossistema e estão investindo desta maneira, na melhora da qualidade de vida de suas populações.

Para Miguel Petrere, “as alterações climáticas que vêm ocorrendo, principalmente os tornados na região Sul do Brasil, especificamente em Santa Catarina, deverão exercer uma nova orientação para a política de ocupação de áreas costeiras no país, principalmente em relação à melhor proteção do ecossistema de manguezal, por seu importante papel socioambiental”.

Da ComCiência, Revista Eletrônica de Jornalismo Científico, SBPC/LABJOR