Big Freeze (ou Grande Congelamento) mergulharia a Europa na ‘idade do gelo’ em meses, por Henrique Cortez

Circulação Termohalina

[Ecodebate] No filme, “The Day After Tomorrow” (O Dia Depois de Amanhã, na versão em português) mostrava , catastroficamente, que o planeta entraria em um novo período glacial no espaço de poucas semanas. Muitos especialistas fizeram um grande esforço em explicar que o colapso da corrente termohalina, levaria décadas, talvez um século.

Agora, às vésperas da COP 15, uma nova pesquisa [Late Glacial and early Holocene atmospheric temperature change in western Ireland: Evidence from limnic Ostracode paleoecology and stable isotope values] mostra que o cenário descrito no filme pode não ser tão longe da verdade. William Patterson, da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, e seus colegas mostraram que o colapso na circulação do Atlântico Norte pode levar o hemisfério norte para uma mini-idade ‘gelo’ em questão de meses. Os trabalhos anteriores, indicavam que este processo levaria décadas.

Cerca de 12.800 anos atrás, o hemisfério Norte foi atingido por uma mini-idade do gelo, conhecida pelos cientistas como o Younger Dryas e apelidado de “Big Freeze” (ou Grande Congelamento, em tradução livre), que durou cerca de 1300 anos. A pesquisa sugere evidências geológicas de que o Big Freeze foi provocado por um súbito afluxo de água doce, quando o Lago glacial Agassiz, na América do Norte transbordou e despejou imensa quantidade de água doce no Atlântico Norte e Oceano Ártico. Esta água doce, um volume maior do que todos os Grandes Lagos da América do Norte combinados, diluíu a corrente transportadora de calor do Atlântico Norte e levando a corrente termohalina ao colapso.

Estudo anterior dos núcleos de gelo da Groenlândia indicou que essa mudança repentina no clima ocorrereu no espaço de uma década ou ou mais. Agora, novos dados mostram que a mudança foi surpreendentemente abrupta, ocorrendo ao longo de alguns meses ou um ano ou dois no máximo.

Patterson diz que não há razão para um ‘Big Freeze “não deve acontecer novamente. “Se o gelo da Groenlândia derreter, de repente, o resultado seria catastrófico”, diz ele.

Como informação adicional sobre o tema sugerimos que leiam “Instabilidade deve marcar mudanças climáticas. Entrevista com Williams Pinto Marques Ferreira”

Tibert, N.E., Patterson, W.P., Diefendorf, A.F.*, Stanton, C.*, and Martini, A. 2008.
Late Glacial and early Holocene atmospheric temperature change in western Ireland: Evidence from limnic Ostracode paleoecology and stable isotope values.
Micropaleontology (in press).

Por Henrique Cortez, do EcoDebate, 05/12/2009, com informações da European Science Foundation

EcoDebate, 05/12/2009

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