Klimaforum09, a ‘cimeira paralela’ à COP-15, artigo de Carol Salsa
[EcoDebate] “Unimos pessoas de todos os cantos do mundo para criar um futuro mais verde”. Este é o mote do Klimaforum09, a “cimeira paralela” onde todas as pessoas podem participar para debater as alterações climáticas. O Klimaforum09 também vai decorrer em Copenhague mesmo, ao lado do Bella Center.
“Precisamos que o alcance o COP-15 promova um novo acordo político sobre as alterações climáticas mas para resolver estes problemas todos têm que estar envolvidos”, afirma o porta-voz do COP-15, Niels Fastrup.
O Fórum estará próximo ao Bella Center, onde vão estar reunidos os líderes mundiais, e decorrerá nos mesmos dias – entre 7 e 18 de dezembro. O Klimaforum09 é organizado por uma organização não governamental dinamarquesa e tem o apoio do Governo do país.
“O fórum estará aberto a todas as pessoas. Esperamos 10 mil visitantes por dia durante a segunda semana do COP-15”, revela Fastrup. “A COP-15 vai focar-se nos grandes países. Nós tentamos equilibrar esta situação prestando uma atenção especial aos países menores”, afirma o porta-voz do fórum.
O Klimaforum09 pretende criar uma ligação com a COP-15 através do chamado “Fórum Plenary”; a idéia é convidar representantes de organizações não governamentais que estão presentes no Bella Center para estarem no Klimaforum09 todas as noites e contarem os desenvolvimentos do COP-15.
O Klimaforum já confirmou a presença do cientista Steven Hardung. Além dos debates, o Klimaforum09 vai organizar “workshops” , sessões de filmes, música, teatro e exposições.
Na programação cultural do fórum, estará uma exposição de fotógrafos das Ilhas Maldivas, um dos locais mais ameaçados do mundo pelo aquecimento global.
No túnel do tempo, as negociações nas COPs foram as seguintes:
COP | ANO | CIDADE | PAÌS | Resultados do evento |
1 | 1995 | Berlin | Alemanha | Iniciou o processo de negociação de metas e prazos específicos para a redução de emissões de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos. É sugerida a construção de um Protocolo |
2 | 1996 | Genebra | Suiça | É acordada a criação de obrigações legais de metas de redução por meio da Declaração de Genebra. |
3 | 1997 | Quioto | Japão | Culminou com a adoção do Protocolo de Quioto, que estabelece metas de redução de gases de efeito estufa para os principais emissores, chamados “ Países do Anexo I”. |
4 | 1998 | Buenos Aires | Argentina | O Plano de Ação de Buenos Aires é elaborado, visando implementar e ratificar o Protocolo de Quito. |
5 | 1999 | Bonn | Alemanha | Deu continuidade aos trabalhos iniciados em Buenos Aires. |
6 | 2000 | Haia | Holanda | As negociações são suspensas pela falta de acordo, especificamente, a União Européia e os Estados Unidos, em assuntos relacionados a sumidouros de carbono e às atividades de mudança do uso da terra. |
61/2 e 7 | 2001 | Bonn
Marrakech |
Alemanha
Marrocos |
2ª fase da COP 6 foi realizada em Bonn,e a COP-7 em Marrocos. As negociações foram retomadas, porém, com a saída dos Estados Unidos do processo de negociação, sob a alegação de que os custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia americana. Os EUA também contestaram a inexistência de metas para os países em desenvolvimento. |
8 | 2002 | Nova Delhi | Índia | Iniciou discussão sobre o estabelecimento de metas para uso de fontes renováveis na matriz energética dos países. |
9 | 2003 | Milão | Itália | Entra em destaque a questão da regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). |
10 | 2004 | Buenos Aires | Argentina | São aprovadas as regras para a implementação do Protocolo de Quioto e discutidas questões relacionadas à regulamentação de projetos de MDL de pequena escala de reflorestamento / florestamento, o período pós-Quioto e a necessidade de metas mais rigorosas. |
11 | 2005 | Montreal | Canadá | Primeira conferência realizada após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. Pela primeira vez, a questão das emissões oriundas do desmatamento tropical e mudanças no uso da terra é aceita oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção. |
12 | 2006 | Nairóbi | África | Representantes de 189 nações assumem o compromisso de revisar o Protocolo de Quioto, e regras são estipuladas para o financiamento de projetos de adaptação em países pobres. O governo brasileiro propõe oficialmente a criação de um mecanismo que promova efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento em países em desenvolvimento. |
13 | 2007 | Bali | Indonésia | Pela primeira vez a questão de florestas é incluída no texto da decisão final de uma conferência, com recomendação para que seja considerada no próximo tratado climático. Nessa reunião, foi criado o Bali Action Plan (Mapa do Caminho de Bali), no qual os países passam a ter prazo até dezembro de 2009 para elaborar os passos posteriores à expiração do primeiro período do Protocolo de Quioto(2012) |
14 | 2008 | Póznan | Polônia | Países em desenvolvimento emergentes, como Brasil, Índia, México e África do Sul sinalizaram uma abertura para assumir compromissos na redução das emissões de carbono, embora não tenham falado em números. Os países desenvolvidos não colocaram qualquer proposta concreta na mesa. Especialistas consideraram que as discussões foram lentas diante da urgência de se estabelecer um acordo global. |
Diante de tantos eventos, resta-nos divulgar os resultados para um posicionamento e reflexão dos resultados e metas traçadas, e se elas foram cumpridas. Até hoje foi um fiasco o atingimento de metas do Protocolo de Quioto. Tudo indica que na COP-15 os países não chegarão a um acordo.
Exemplo disso é que os EUA alegaram reduzir 17% das emissões quando na realidade este número refere-se ao ano de 2005 e não ao de 1990, ano base para as avaliações. O que acontece é que a redução corresponde a apenas 3%, tendo por base o ano de 1990. Papel aceita tudo e palavras são só palavras soltas ao vento,nos eventos.
Fontes:
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/cop15/node/1
http://mundopossivel.wordpress.com/2009/11/02/evento-paralelo-a-cop15-deve-reunir…
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate, é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM.
EcoDebate, 01/12/2009
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