COP 15: Por uma meta ambiciosa em Copenhague, artigo de Tomas Togni Tarqüinio
[EcoDebate] Quatro assuntos serão objeto da Conferência de Copenhague: estabelecer metas de redução de gases de efeito estufa (GEE); definir ações susceptíveis de reduzir as emissões; definir ações visando adaptação aos efeitos das mudanças climáticas e financiamento deste conjunto de ações. O primeiro e o último pontos são objeto de ásperas controvérsias.
No entanto, o sucesso da Conferência de Copenhague dependerá da posição dos Estados Unidos e de dois gigantes emergentes: China e Índia. Mas, é bom lembrar que posição americana depende da política interna, ou seja, mais do Senado e da Câmara de Representantes do que do presidente Obama. Estes três gigantes relutam em assumir metas obrigatórias elevadas de redução de GEE, ainda que por razões diferentes. Os Americanos estimam que os grandes países emergentes devam ter metas obrigatórias, enquanto que China e Índia relutam em assumir qualquer obrigação sem um compromisso americano de redução.
O Brasil está fora desta querela. Mas isto não significa que devemos assumir uma posição que faça coro com os dois emergentes asiáticos ou com os Estados Unidos, propondo metas pouco importantes de redução de emissões. Ao contrário, uma posição ousada – redução de GEE de 40% – é do interesse do Brasil. Sinaliza que o país não somente está preocupado com as conseqüências das mudanças climáticas em todo planeta, mas com o seu território situado na região tropical. Os efeitos do aquecimento global serão mais graves nos trópicos, embora a contribuição para o aquecimento global dos países aí situados seja medíocre. Não se trata apenas de solidariedade com os países tropicais, mas de afirmar uma preocupação com o nosso espaço tropical, com a população costeira, com biodiversidade e, inclusive, com a foz do Amazonas, que será afetada pela elevação do nível do mar, segundo alguns pesquisadores.
Não temos nada a perder defendendo uma meta ambiciosa, tanto mais que nossas emissões são essencialmente decorrentes de queimadas. O Brasil tem condições de eliminá-las no próximo decênio, bem como o dever de abolir este desperdício ecológico. Mas, a posição brasileira ousada em Copenhague deve estar atrelada a um conjunto de reivindicações financeiras, um dos assuntos do encontro.
É importante deixar nosso recado. Tanto mais que ninguém sabe qual será a natureza do tratado que será gestado em Copenhague. Impossível afirmar se será algo semelhante ao Protocolo de Kyoto, com diferentes obrigações entre os países ricos e pobres, ou se englobará todos. Ou se será uma declaração política ampla e pouco profunda, ou um tratado completo com compromissos compulsórios. Além disto, outras conferências virão, obrigatoriamente.
* Colaboração de Tomas Togni Tarqüinio é Antropólogo e ecologista, para o EcoDebate, 17/11/2009
email: 3.ttt{at}bol.com.br
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