Brasil: Global Player Ecológico, artigo de Tomás Togni Tarqüinio
[EcoDebate] Seria lamentável se o Brasil defender, em Copenhague, uma meta de redução das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) de apenas 20%, até 2020, com relação às emissões de 1990.
Neste caso, o Brasil passaria a integrar o pelotão de países que não pretendem assumir nenhuma liderança na luta contra as modificações climáticas. Sem nenhum brilho, o Brasil estaria assim se alinhando junto aos grandes países poluidores cuja visão da crise ecológica não vai mais além dos interesses nacionais de curto prazo.
Outro aspecto agravante é o fato de que, uma posição minimalista frustraria a expectativa de inúmeros defensores da ecologia que, em todos os países, esperam uma atitude arrojada do Brasil, propondo um índice de redução de emissões mundiais de GEE superior a 30%.
A União Européia (UE), que se vangloria de estar na liderança do processo, com uma proposta de redução das emissões GEE de 20%, já comprometeu o seu Plano Clima-Energia ao fazer concessões exageradas à indústria automobilística alemã e aos produtores termoelétricos poloneses. No entanto, até as pedras do caminho de Copenhague sabem que a meta proposta da UE é amplamente insuficiente para conter o aumento da temperatura média do planeta abaixo de 4ºC, em 2.100. Ou seja, ela compromete as possibilidades de adaptação da natureza e da sociedade às modificações provocadas pelo rápido aquecimento global. Um aumento superior a 2º C será catastrófico para humanidade.
A expectativa que paira sobre o Brasil se justifica na medida em que, dentre os grandes países, nós somos quem tem melhores condições de propor metas ousadas sem comprometer de maneira grave o nível de vida de sua população. Porém, para modificar nossos modos de produzir e consumir é preciso que os países ricos assegurem os financiamentos necessários para que o Brasil descarbonize sua economia, produza energia limpa, melhore a eficiência energética, aproxime a esfera da produção da esfera do consumo (evitando-se o transporte de bens, intensificando, porém a transferência de informações); aproxime a produção vegetal da produção animal na agricultura, vença o desmatamento, dentre tantas outras ações ecologicamente responsáveis.
Questão a negociar, portanto.
Temos condições de alcançar esta meta ambiciosa de mais de 30%, pois, se nossa matriz energética é limpa, a nossa matriz de emissões de GEE é suja; nossa principal fonte de CO2 é o desmatamento.
Se o Brasil tem pretensões em vir a ser um Global Payer, a questão ecológica planetária lhe oferece uma excelente oportunidade.
* Colaboração de Tomás Togni Tarqüinio, Antropólogo e Ecologista, para o EcoDebate, 30/10/2009
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