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Mega hidrelétricas na Amazônia iniciam nova onda de protestos indígenas

Kayapó dançam durante protesto contra hidrelétrica em 2006. © T Turner
Kayapó dançam durante protesto contra hidrelétrica em 2006. © T Turner

Índios Kayapó estão para realizar um protesto contra a construção de uma enorme hidrelétrica prevista para o rio Xingu, um dos principais afluentes do rio Amazonas no Brasil.

A semana de protestos teve início no dia 28 de outubro na comunidade Kayapó de Piaraçú. Espera-se que pelo menos 200 indígenas se reúnam. Representantes do Ministério de Minas e Energia e Ministério do Meio Ambiente foram convidados para conversar com os indígenas.

Os Kayapó e outros povos indígenas se opõem à hidrelétrica, dizendo que eles não foram adequadamente consultados sobre o projeto e não foram informados sobre os impactos reais que a hidrelétrica terá em suas terras.

A hidrelétrica desviará mais de 80% do fluxo do rio Xingu e terá um grande impacto nas populações de peixes e florestas ao longo de um trecho de 100 km ao longo do rio habitado por povos indígenas. A Survival protestou contra o projeto ao governo.

Os Kayapó estão furiosos com Edison Lobão, Ministro de Minas e Energia, que recentemente declarou que “forças demoníacas” estavam impedindo a construção de grandes hidrelétricas no Brasil. O líder Kayapó Megaron Txucarramãe disse, ‘Essa palavra é muito feia. Foi uma ofensa para nós e para quem defende a natureza.’

Belo Monte é um dos maiores projetos de infra-estrutura do Programa de Aceleração de Crescimento do governo. Em 1989, os Kayapó organizaram um protesto em massa contra uma série de hidrelétricas planejadas para o rio Xingu. Eles pressionaram com sucesso o Banco Mundial para cancelar o financiamento do projeto, que foi então arquivado.

Planos para construção de hidrelétricas em outros rios da Amazônia também são alvo de protestos indígenas. Há um ano atrás, a tribo Enawene Nawe do estado de Mato Grosso saquearam um local de construção de uma hidrelétrica na tentativa de parar a construção de dezenas de barragens planejadas para o rio Juruena. Os índios dizem que as barragens arruinarão a pesca de que dependem.

Na Amazônia ocidental, a hidrelétrica de Santo Antônio, parte de um complexo de hidrelétricas a serem construídas no rio Madeira, inundará as terras de pelo menos cinco grupos de indígenas isolados. Acreditasse que um grupo vive apenas a 14 km do local da construção da barragem principal.

Em uma carta ao Presidente Lula, os Kayapó explicam a sua posição,

‘Desde os primeiros ensaios sobre a Usina na década de 80, os indígenas nunca tiveram opinião antagônica com a questão mas que forçam o desejo de que o empreendimento não venha destruir os ecossistemas e biodiversidade que milenarmente cuidamos e ainda podemos preservar. Sr. presidente, nosso grito fica registrado para que os estudos sejam bem executados e procurem discutir com os povos indígenas deste grande berço ecológico dos nossos antepassados….. Queremos participado do processo sem que ao menos sejamos taxados de ruins demoníacos que emperram a evolução do país.’

Stephen Corry, diretor da Survival, disse hoje, “O verdadeiro impacto das hidrelétricas foi ocultado As vidas, terras e sustento de muitas tribos serão destruídos caso eles sigam em frente com os planos de construção. Nenhuma forma de compensação poderá repor estragos desta magnitude que destruirão as vidas e independência de pessoas.

* Nota da Survival International publicada pelo EcoDebate, 28/10/2009

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