População brasileira envelhece e taxa de fecundidade diminui
A população brasileira vai superar em breve 200 milhões de pessoas e está envelhecendo em ritmo acelerado, enquanto a taxa de fecundidade vem diminuindo. A constatação é de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada em meados de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Pnad indica que a taxa de fecundidade no Brasil atingirá o nível de 1,8 filho por mulher, ante 2,85 filhos em 1991. Em 2030, o país deverá apresentar uma população de 206,8 milhões de pessoas. Esse número, entretanto, poderá cair para 204,7 milhões, em 2040. A queda prevista decorrerá do aumento da taxa de sobrevivência somado à redução da fecundidade. Isso significa que a população brasileira ficará “super envelhecida”, como ocorre em muitos países europeus, além do Japão e Rússia, mostram os pesquisadores.
A perspectiva é de evolução do grupo dos idosos, em especial. De acordo com a Pnad, a população idosa, que era 7,9% da população total em 1992, passou a responder por 11,1%, no ano passado. No sentido inverso, a população menor de 15 anos começou a declinar, passando de 33,8% de participação para 24,5% do total, em 2008.
Na análise do Ipea, as pessoas com idade superior a 45 anos constituem o único grupo populacional que deverá mostrar avanço entre 2030 e 2035. A estimativa é de que a população jovem em idade ativa, entre 15 e 29 anos, sofra redução acentuada a partir de 2010. Os novos empregos que serão criados no país ficarão concentrados nas pessoas acima de 45 anos que deverão responder por cerca de 48,3% da futura população em idade ativa.
Sobre a fecundidade, os pesquisadores observaram que a redução da taxa ocorreu em todas as regiões brasileiras, com destaque para o Sudeste que, tanto em 1992 quanto em 2008, apresentou a mais baixa taxa. No ano passado, ela ficou em 1,6 filho por mulher. O estudo do Ipea mostra também diminuição das diferenças regionais. Enquanto uma mulher nordestina tinha 1,2 filho a mais que uma mulher do Sudeste, em 1992, no ano passado a diferença caiu para 0,5 filho na mesma base de comparação.
O estudo mostra que a taxa de fecundidade é mais alta entre as pessoas de baixa renda, embora os diferenciais estejam sendo reduzidos ao longo do tempo. Em 1992, a diferença era de 3,4 filhos entre as mulheres pobres e ricas. O número caiu, em 2008, para 2,2 filhos. Outra constatação é que a elevação da escolaridade influencia na taxa de fecundidade das brasileiras. Quanto maior o tempo de estudo, menor o número de filhos.
Ainda de acordo com a Pnad, a estrutura familiar brasileira sofreu modificações entre 1992 e 2008. O tipo de arranjo predominante à época era o do casal com filhos (62,8% do total). No ano passado, esse modelo representou 50,5% do total de arranjos familiares. Houve também um aumento significativo de famílias chefiadas por mulheres, que subiram de 4,5% para 31,2% no período pesquisado, somando 4,3 milhões de famílias, em 2008.
Essa elevação está relacionada ao crescimento da participação feminina no mercado de trabalho, segundo o estudo do Ipea. O aumento da proporção de mulheres cônjuges que contribuem para a renda familiar evoluiu de 39,1% para 64,3%.
A pesquisa mostra também declínio no que se refere à fecundidade na adolescência em todas as regiões do país, a partir de 2000. Em 1992, para cada mil adolescentes, eram registrados 91 filhos nascidos vivos. Em 2008, esse número caiu para 69 filhos nascidos vivos.
Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 03/10/2009
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