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Notícia

Povos da Floresta do Acre querem ser beneficiados por mecanismo de REDD

(Seminário dias 12 e 13 de agosto em Rio Branco reforçará o papel dos povos da floresta no debate climático global)

Representantes de organizações de seringueiros, indígenas e agricultores familiares do Acre se reúnem dias 12 e 13 de agosto em Rio Branco para o seminário REDD e Povos da Floresta, organizado pelo Fórum Amazônia Sustentável, uma coalizão de 168 entidades civis de todo o Brasil. O evento ajudará a capacitar parte das populações tradicionais da Amazônia para o debate internacional sobre a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD). O mecanismo deverá ser definido este ano na Conferência do Clima em Copenhague (COP 15) e poderá constar como uma das estratégias do novo acordo climático global para ajudar a conter as emissões de gases do efeito estufa. A programação está disponível em: www.forumamazoniasustentavel.org.br

Devido aos serviços ambientais prestados (manutenção de matas nativas, água e biodiversidade), os povos da floresta também deverão ser os beneficiários de um futuro mecanismo de REDD. O tema é de interesse do Brasil, pois o país detém as maiores extensões de florestas tropicais nativas do mundo. O REDD pode significar recursos financeiros para ajudar a manter os modos de vida tradicionais e projetos de desenvolvimento sustentável para as comunidades que vivem na Amazônia.

“Se a sobrevivência da floresta está em jogo, a nossa também está. Por isso, queremos uma posição clara por parte governo brasileiro sobre o REDD, mas que beneficie o povos das florestas”, defende o líder Júlio Barbosa, do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS). Segundo ele, o Brasil pode liderar o debate mundial sobre o tema, incluindo os povos tradicionais nas discussões. “Temos milhares de comunidades e as maiores extensões florestais nos trópicos. Podemos pautar as discussões internacionais”, afirma o líder seringueiro.

“Já somos muito prejudicados com o desmatamento e seremos ainda mais afetados com a prováveis alterações climáticas e seus efeitos sobre a floresta”, alerta Rubens Gomes, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA). Por outro lado, lembra ele, os povos tradicionais que vivem na Amazônia também são responsáveis pela preservação de milhões de hectares de mata nativa na região.

As florestas localizadas em terras indígenas e reservas extrativistas na Amazônia brasileira estocam cerca de 15 bilhões de toneladas de carbono, conforme estudo do Instituto de Pesquisa da Amazônia (IPAM). Isso equivale a 30% dos 47 bilhões de toneladas de carbono que, calcula-se, estão fixadas nas florestas da região.

Articulação nacional

O seminário de Rio Branco servirá para apresentar o Fórum Amazônia Sustentável a mais uma capital amazônica. O evento, que reunirá também ONGs, institutos de pesquisa, universidades, governo e empresas privadas é a segunda etapa de uma articulação nacional que o Fórum promove com os setores envolvidos com o desenvolvimento amazônico e a questão climática.

A primeira fase envolveu a elaboração conjunta de uma Carta de Princípios sobre REDD entregue aos Ministros do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Relações Exteriores na semana passada com o objetivo de influir na posição oficial do Brasil em Copenhague. No final de agosto, o Fórum se reúne em São Paulo com líderes empresariais e cientistas para mais uma rodada de discussões envolvendo REDD.

Segundo Beto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o REDD é uma ideia ainda em aperfeiçoamento, mas que ajudará a diminuir o desmate. Por isso, interessa a todos os segmentos.

“A articulação nacional é a contribuição do Fórum para subsidiar a decisão oficial do Brasil no debate climático”, esclarece Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA). Segundo ela, qualquer perspectiva de desenvolvimento sustentável para a Amazônia precisa incluir os diversos segmentos da sociedade.

Sobre o Fórum Amazônia Sustentável

O Fórum Amazônia Sustentável foi fundado em Belém (PA) em novembro de 2007 como resultado de um longo processo de diálogo iniciado em abril do mesmo ano sob a liderança do Instituto Ethos e de 40 outras organizações. Atualmente, a organização conta com 168 associados. Por ser um movimento democrático e intersetorial, o Fórum se propõe a discutir e elaborar uma agenda para a promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia. Para isso, cria espaços de debate em seus eventos e Grupos de Trabalho (GTs), para envolver pessoas de diversos segmentos, entre eles, indígenas, quilombolas, seringueiros, sindicalistas, trabalhadores rurais, empresários, pesquisadores e governantes. O Fórum prioriza a formação de uma cultura em favor da sustentabilidade, a construção de compromissos de boas práticas produtivas e o apoio ao desenvolvimento sustentável. Para saber mais: www.forumamazoniasustentavel.com.br

O evento será realizado pelo Fórum Amazônia Sustentável e Governo do Estado do Acre, com apoio na organização e mobilização de: Conselho Nacional de Seringueiros (CNS), Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Projeto Saúde e Alegria (PSA).

* Colaboração de Jaime Gesisky para o EcoDebate, 12/08/2009

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