dioxinas: Possível contaminação de mozarela de búfala preocupa Itália
ROMA, 26 Mar 2008 (AFP) – Autoridades da Itália tentaram manter a calma de consumidores internacionais, após o alerta de uma possível contaminação de dioxina no queijo mozarela, um dos principais produtos exportados pelo país. Matéria da Agência France-Presse, publicada pelo UOL Notícias, 26/03/2008 – 16h43.
‘São casos sem ligação, os riscos são limitados e as preocupações são excessivas’, garantiu nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores, Massimo D’Alema, que teme uma crise ‘sem justificativa’.
A decisão da Coréia do Sul e do Japão de suspender temporariamente as importações do queijo mozarela com leite de búfala depois de detectado, em dezenas de fábricas no sul da Itália, níveis ‘anormais’ de dioxina no leite, preocupou o governo que convocou reunião extraordinária para analisar o caso.
Participaram da reunião especialistas do ministério da Agricultura, Meio Ambiente, Comércio Exterior e vários cientistas.
A presença de dioxina na mozarela foi detectada no último fim de semana depois que autoridades da vigilância sanitária da região de Nápoles, no sul da Itália, realizaram uma série de vistorias na região e em Caserta, onde é produzido o famoso queijo.
Tanto os especialistas como a opinião pública acreditam que a contaminação do leite ocorra devido a substâncias tóxicas acumuladas no terreno ano após ano devido a uma péssima gestação do lixo na região.
‘Nada está cientificamente confirmado, mas o alto nível de dioxina presente no queijo se deve provavelmente à comida mal ingerida pelos búfalos, que pastam em áreas onde foi enterrado lixo tóxico nos últimos anos’, explicou o porta-voz dos agentes da alfândega especializados na proteção do meio ambiente.
A Itália teme que o setor de produção de mozarela se enfraqueça, uma grande preocupação já que é peça chave para a economia do sul que é pobre e subdesenvolvida, criando um prejuízo aproximadamente de 500 milhões de euros.
‘A maioria do produto não foi infectada pela dioxina. Estamos identificando quais as granjas com leite com valores fora dos padrões para que não proibir a comercialização’, deixou claro o vice-ministro da Saúde, Gian Paolo Patta.
‘Não há porque deixar que esses casos se tornem uma obsessão e uma preocupação como acorreu com a gripe aviária’, lembrou Patta, ao se referir ao pânico coletivo causado pela crise das aves infectadas que tomou conta da Itália em fevereiro de 2006.
Países asiáticos, autoridades européias, entre elas a Comissão Européia, exigiram ‘urgentemente’ informações sobre a possível contaminação da mozarela de búfala.
O controle do queijo na região de Nápoles é rotina desde a crise de 2001 e 2003 quando uma quantidade anormal de lixo foi acumulada na região.
Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, o ministro de Agricultura Palo de Castro, negou qualquer vínculo do lixo da região de Nápoles com a presença de dioxina na mozarela de búfala.
Há três meses que a capital do sul da Itália vive submersa em toneladas de lixo, uma problema social que se repeite há 14 anos.
Apesar de não haver provas concretas da ligação entre a mozarela contaminada e o terreno da região, os agentes alfandegários e a vigilância sanitária reconhecem que pode haver uma relação entre os dois fatores.
Aproximadamente 250 mil búfalos produzem leite para a fabricação da mozarela; desses, 80% provêm da região de Campaña. Por ano a Itália produz 33 mil toneladas do queijo, considerado alimento fundamental na dieta italiana.
Da produção de mozarela de búfala, 16% é exportada, 329 toneladas ao Japão e 10 toneladas à Coréia do Sul.
De acordo com a vigilância sanitária, as vendas diminuíram ‘de 30 a 35%’ na Itália.