Homem, Água e Pecuária, artigo de Jorge Gerônimo Hipólito
Foto de Jorge Gerônimo Hipólito
[Ecodebate] O empreendedor do agronegócio não deveria ser contra a preservação da reserva legal, vez que a floresta contribui para a manutenção da reserva hídrica. Senão, vejamos.
Em 2001, o Brasil produziu 28,5 milhões de toneladas de soja o que redundou num consumo de 57 bilhões de metros cúbicos de água ou 1.807,5 m³/s. A não preservação da reserva legal nas propriedades, poderá, mais adiante, inviabilizar a produção de alimentos, óbvio, por carência de água. [Fonte: http://www.ana.gov.br]
Infelizmente, não basta ter conhecimento, pois imprescindível será adquirir consciência. Tempos atrás, enquanto falava com estudantes, um deles questionou: na nossa fazenda predomina a pecuária e se fossemos seguir seus conselhos teríamos que abrir mão de 30 hectares de terra (área de preservação permanente) se levar em conta a faixa de um quilômetro situada a margem de um curso d’água de 10 metros de largura. Percebam que nesse caso havia conhecimento, mas não havia consciência. O meu comentário foi exatamente o que consta do primeiro parágrafo com ênfase inclusive sobre a formação das pastagens.
Eu reforcei aos estudantes o seguinte: você tem uma fazenda e nela desenvolve pecuária. Na sua fazenda passa um rio, onde o gado bebe água. Pronto, isso já valoriza a propriedade muito mais que aquelas que não têm nenhum rio. Pois bem, além do rio sempre será relevante a manutenção da lamina d’água, isto é, do seu nível maior. Lembrando, alguns rios detêm o leito sazonal e que na verdade também não deveria ser usado, pois completa o ecossistema. A cultura adquirida faz felizes os fazendeiros quando esses vêem o gado com água pela barriga.
O tempo passa, o gado impede a regeneração da vegetação natural e isso diminui a retenção das águas das chuvas, pois deixa de existir a barreira natural. Num primeiro momento os rios transbordam, mas depois vão abaixando o nível gradualmente. Os pecuaristas começam a correr atrás dos prejuízos e buscam construir represinhas nas propriedades, exatamente igual à constante dessa postagem. Vale lembrar, muitos, ao construir represas não requer a licença ambiental. Pronto, em seguida são autuados por infringir legislação ambiental. Nesse caso, talvez, eu jamais consiga compreender, pois, na hipótese de o fazendeiro ter requerido a licença, os danos não ocorreriam da mesma forma?
Eu quero aproveitar o exemplo da construção de represas para alertar os fazendeiros que nesse estágio a natureza já assiná-la que vai faltar água e que as dificuldades serão incomensuráveis. Importante também ressaltar, as pequenas capoeiras ou bosques esparsos na fazenda segura ou mantêm o lençol freático próximo da superfície e isso evidentemente beneficia a formação das pastagens. Logo, ao empreendedor só restará os lucros independentemente se a pecuária for de leite ou de corte. Vamos lá pessoal, eu sei que é difícil, mas oitocentos hectares de mil não são suficientes ou será que o céu é o limite? O céu, no futuro poderá não ser o mesmo céu…
* Artigo enviado pelo Autor e originalmente publicado no Blog do Jorge Hipólito.
EcoDebate, 29/07/2009
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