Nitratos podem ser acionadores ambientais de Alzheimer, diabetes e doença de Parkinson
[Por Henrique Cortez, do EcoDebate] Um novo estudo [Epidemilogical Trends Strongly Suggest Exposures as Etiologic Agents in the Pathogenesis of Sporadic Alzheimer’s Disease, Diabetes Mellitus, and Non-Alcoholic Steatohepatitis] publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, realizado por pesquisadores do Rhode Island Hospital, sugere uma ligação entre o aumento substancial dos níveis de nitratos presentes em nosso meio ambiente e o aumento das mortes por doenças insulino-resistentes, incluindo doença de Alzheimer, a diabetes mellitus, a doença de Parkinson e a Esteatose Hepática Não-Alcoólica.
Os pesquisadores estudaram a evolução das taxas de mortalidade devido a doenças que estão associadas com o envelhecimento, tais como diabetes, doenças de Alzheimer, Parkinson, doença vascular cerebral, dentre outras.
Eles encontraram um forte paralelismo entre o aumento na taxa de mortalidade por estas doenças e a crescente exposição humana aos nitratos, nitritos e nitrosaminas. Outras doenças, incluindo o HIV, doença vascular cerebral e a leucemia não apresentaram as mesmas tendências.
De acordo com os pesquisadores esta é a “geração nitrosamina”, tendo em vista que nossa alimentação atual é rica em aminas e nitratos, que levam ao aumento da produção nitrosamina e a exposição é ainda maior pelo uso de nitratos nos fertilizantes.
Nitritos e nitratos pertencem a uma classe de compostos químicos que podem ser prejudiciais para os seres humanos e animais, sendo que muitos podem ser cancerígenos. Eles são encontrados em muitos produtos alimentares, bem como cerveja e água. A exposição também ocorre através da produção e transformação de produtos de borracha e látex, bem como fertilizantes, pesticidas e cosméticos.
Nitrito de sódio é deliberadamente adicionado à carne e peixe para prevenir a produção de toxinas e é também usado para preservar a cor e o sabor de carnes.
Nitrosaminas são formadas por uma reação química entre nitritos ou de outras proteínas.
Os pesquisadores salientam que o papel das nitrosaminas tem sido bem estudado e que seu papel como um agente cancerígeno foi amplamente documentado. A pesquisa sugere que as alterações celulares, que ocorrem como resultado da exposição às nitrosaminas, são fundamentalmente semelhantes às que ocorrem com o envelhecimento, tais como as doenças de Alzheimer, Parkinson e diabetes mellitus tipo 2.
Os pesquisadores reconhecem que um aumento nas taxas de mortalidade é previsível em faixas etárias mais elevadas. No entanto, quando os pesquisadores compararam a mortalidade de Parkinson e a doença de Alzheimer entre 75 a 84 anos de 1968 a 2005, as taxas de mortalidade aumentaram muito mais dramaticamente do que para as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, que também estão associadas ao envelhecimento.
Por exemplo, em pacientes de Alzheimer, a taxa de mortalidade aumentou 150 vezes e as taxas de mortalidade pela Doença de Parkinson também aumentaram em todos os grupos etários. No entanto, as taxas de mortalidade por doença cerebrovascular na mesma faixa etária diminuiu, mesmo também sendo uma doença associada ao envelhecimento.
Os autores afirmam que o aumento nas taxas de prevalência de doenças de Alzheimer, Parkinson e diabetes não pode ser explicado com base em mutações genéticas. Segundo eles, as nitrosaminas produzem alterações bioquímicas dentro de células e tecidos, sendo concebível que a exposição crônica a baixos níveis de nitritos e nitrosaminas, através de alimentos processados, água e fertilizantes, é responsável pela atual epidemia dessas doenças e as crescentes taxas de mortalidade que lhes estão associadas.
Se esta hipótese for correta, as potenciais soluções para redução da exposição incluem a eliminação da utilização de nitritos e nitratos no processamento e conservação de alimentos, redução de sua utilização agricultura, além da descontaminação da comida e água antes de consumo humano.
O artigo “Epidemilogical Trends Strongly Suggest Exposures as Etiologic Agents in the Pathogenesis of Sporadic Alzheimer’s Disease, Diabetes Mellitus, and Non-Alcoholic Steatohepatitis“, de De la Monte, Suzanne M., Alexander Neusner, Jennifer Chu e Margot Lawton, publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, 17:3 (July 2009) pp 519-529, DOI 10.3233/JAD-2009-1070, apenas está disponível para assinantes ou por acesso pago.
Para maiores informações transcrevemos, abaixo, o abstract:
Suzanne M. de la Monte, Alexander Neusner, Jennifer Chu and Margot Lawton (Communicated by Paula Moreira)
Epidemilogical Trends Strongly Suggest Exposures as Etiologic Agents in the Pathogenesis of Sporadic Alzheimer’s Disease, Diabetes Mellitus, and Non-Alcoholic Steatohepatitis
Abstract: Nitrosamines mediate their mutagenic effects by causing DNA damage, oxidative stress, lipid peroxidation, and pro-inflammatory cytokine activation, which lead to increased cellular degeneration and death. However, the very same pathophysiological processes comprise the “unbuilding” blocks of aging and insulin-resistance diseases including, neurodegeneration, diabetes mellitus (DM), and non-alcoholic steatohepatitis (NASH). Previous studies demonstrated that experimental exposure to streptozotocin, a nitrosamine-related compound, causes NASH, and diabetes mellitus Types 1, 2 and 3 (Alzheimer (AD)-type neurodegeneration). Herein, we review evidence that the upwardly spiraling trends in mortality rates due to DM, AD, and Parkinson’s disease typify exposure rather than genetic-based disease models, and parallel the progressive increases in human exposure to nitrates, nitrites, and nitrosamines via processed/preserved foods. We propose that such chronic exposures have critical roles in the pathogenesis of our insulin resistance disease pandemic. Potential solutions include: 1) eliminating the use of nitrites in food; 2) reducing nitrate levels in fertilizer and water used to irrigate crops; and 3) employing safe and effective measures to detoxify food and water prior to human consumption. Future research efforts should focus on refining our ability to detect and monitor human exposures to nitrosamines and assess early evidence of nitrosamine-mediated tissue injury and insulin resistance.
[EcoDebate, 10/07/2009]
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