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GEO-4: Relatório da ONU diz que o mundo ainda não resolveu desafios ambientais

Nova York, 25 out (EFE).- O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) afirmou hoje que os países continuam sem resolver desafios globais como o impacto da mudança climática, a extinção de espécies e a fome. Matéria da Agência EFE, publicada pelo UOL Notícias – 25/10/2007 – 15h23

Em seu relatório “Perspectivas do Meio Ambiente Mundial”, o órgão da ONU ressalta que esses e outros desafios são problemas “ainda não solucionados” e que “põem a humanidade em perigo”.

As advertências do PNUMA unidas nesse documento formam o primeiro relatório sobre o meio ambiente realizado pelo organismo em 20 anos, quando a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento publicou o estudo “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland.

O relatório mais recente também é chamado de GEO-4 (Global Environment Outlook, na sigla em inglês) e foi elaborado por 390 especialistas de todo o mundo. Foram avaliados os estados atuais da atmosfera, da terra, da água e da biodiversidade em nível global.

O GEO-4 também descreve as mudanças ocorridas desde 1987 e identifica uma série de ações prioritárias.

Dentro do panorama pessimista, o PNUMA destacou alguns progressos conseguidos no combate a problemas relativamente simples, mas afirmou que “os mais difíceis ainda permanecem”.

“Nosso objetivo não é apresentar situações hipotéticas deprimentes e sem saída, mas realizar uma convocação à ação urgente”, diz o texto.

“A resposta da comunidade internacional foi valente e inspiradora em alguns casos”, afirmou no documento o subsecretário-geral da ONU e diretor-executivo do PNUMA, o alemão nascido no Brasil Achim Steiner.

“Em muitas ocasiões esta resposta foi lenta e esteve marcada por um ritmo e um grau de atuação que não responde ou que não reconhece a magnitude dos desafios enfrentados pelas populações e pelo meio ambiente”, disse Steiner.

Entre os exemplos positivos, o subsecretário destacou o corte mundial de 95% na produção de substâncias químicas que danificam a camada de ozônio durante os últimos 20 anos e o tratado de redução das emissões de gases do efeito estufa.

Mas entre os problemas que os especialistas consideram ainda existentes estão situações que vão desde o rápido aumento de “zonas mortas” (carentes de oxigênio) nos oceanos, até a reaparição de doenças conhecidas e desconhecidas relacionadas em parte com a degradação da natureza.

Em relação à mudança climática, o relatório diz que agora a ameaça é tão urgente que é preciso cortar fortemente as emissões de gases poluentes até meados do século.

Os especialistas sustentam que a mudança climática é uma “prioridade mundial” que exige vontade política e liderança, mas destacam que há uma “assombrosa falta de sentimento de urgência” e uma resposta mundial “infelizmente inadequada” diante de tal prioridade.

As negociações sobre um tratado que irá substituir o Protocolo de Kioto, o acordo internacional que obriga os países a controlar as emissões, começam no mês de dezembro em Bali (Indonésia).

Outro problema citado pelos especialistas do PNUMA se refere às pessoas que vivem “muito acima” de suas possibilidades.

“Hoje em dia, a população humana é tão grande que a quantidade de recursos necessários para sustentá-la supera a disponibilidade deles”, alerta o documento.

A demanda da humanidade sobre o meio ambiente é de 21,9 hectares por pessoa, enquanto a capacidade biológica média da Terra é de apenas 15,7 hectares por pessoa.

O relatório diz que o bem-estar de bilhões de pessoas no mundo em desenvolvimento está em perigo, pelo fato de os problemas simples que foram combatidos com sucesso em outros lugares ainda não terem sido resolvidos.

Outros aspectos que pedem ação rápida, segundo o GEO-4, são a diminuição das populações de peixes, a perda de terra fértil por degradação e a pressão insustentável nos recursos.

O estudo alerta, além disso, para a queda da quantidade de água doce disponível para o ser humano e outros seres vivos, e para o risco de que os danos ao meio ambiente possam chegar a tais níveis em que não tenham mais chances de recuperação.