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Estudo do Greenpeace liga desmatamento ao consumo nos países ricos

Infográfico da Agência Estado, de 2007
Infográfico da Agência Estado, de 2007

Consumo de carne está ligado à destruição da Amazônia, diz Greenpeace – A destruição da floresta Amazônica para abrir caminho às fazendas de gado foi pela primeira vez associada aos padrões de consumo de carne e couro no mundo desenvolvido, de acordo com ativistas ambientais.

A criação de gado é a causa mais importante do desmatamento da floresta tropical no Brasil. O lucrativo negócio produz carne para atender aos novos gostos dos consumidores mais ricos de economia emergentes como a China e a Índia, assim como para mercados há muito tempo estabelecidos, como a Europa e os EUA.

As exportações do setor geram mais de US$ 7 bilhões por ano para o Brasil, um número que o governo quer dobrar.

Um relatório publicado hoje pelo grupo ambientalista Greenpeace estabelece uma ligação entre o avanço das fazendas de gado na Amazônia e os produtos – principalmente carne e cosméticos – vendidos por supermercados e marcas de luxo.

Algumas companhias citadas pelo relatório como possíveis receptoras de produtos de áreas desmatadas disseram ao “Financial Times” que iriam rever suas políticas em relação aos fornecedores.

As preocupações levantadas pelo relatório também refletem um desejo cada vez maior dos consumidores de saber a procedência dos produtos que compram, o que aumentou por conta dos temores recentes em relação aos alimentos.

A Unilever disse que lançaria um “auditoria de procedência” para garantir que nenhum de seus produtos venham de áreas desmatadas, apesar de já ter um código de conduta para seus fornecedores.

A rede de supermercados Waitrose disse que examinaria as provas do Greenpeace e “conduziria uma investigação minuciosa” se necessário.

A Tesco disse que seus produtos de carne vêm de áreas localizadas a 3.000 quilômetros da Amazônia.

A Kraft Foods disse que só comprou carne do Brasil para produtos vendidos localmente na Itália, e suas compras mundiais representam menos de 0,2% da produção total de carne do Brasil.

A marca de bens de luxo Prada negou comprar couro brasileiro. Segundo ela, “o couro brasileiro é de muito baixa qualidade para nós. Nossos especialistas são capazes de perceber a diferença.”

O Greenpeace está pedindo que as companhias que têm ligações com o Brasil estabeleçam políticas para assegurar que nenhum dos produtos que vendem venham de áreas desmatadas.

A rede varejista Marks and Spencer disse que tem procedimentos para assegurar que sua carne venha apenas de fazendas específicas, com animais marcados e carcaças com selos em todos os estágios.

Outros supermercados contatados pelo FT disseram que seus fornecedores assinaram contratos garantindo que sua carne não vem da Amazônia.

Todavia, o Greenpeace sustenta que muitos desses contratos não passam de “exercícios de preencher formulários” e os distribuidores não têm procedimentos adequados para garantir que as condições do contrato são cumpridas.

A maior parte do setor de exportação de carne do Brasil é administrada por um pequeno número de companhias. Três delas, contatadas pelo FT, não responderam à reportagem. Uma quarta, a Bertin, processadora de carne e couro, disse: “Estamos caminhando na direção de métodos mais sustentáveis e esta é a tendência de todo o setor”.

A International Finance Corporation, que forneceu financiamento para a Bertin, disse: “Tem havido progressos, mas ainda existem desafios”.

Pessoas que conhecem bem a situação dizem que os problemas sérios persistem. Um executivo do setor, que pediu para não ser identificado, disse: “O maior problema é controlar o comportamento dos fazendeiros. Vários produtores não têm nem mesmo propriedade legal sobre suas terras”.

O texano John Carter, que é fazendeiro no Mato Grosso, no sul da Amazônia, disse: “Simplesmente não há dúvida de que a produção de carne migrou para a Amazônia”.

A reportagem [Consumer link to destruction of Amazon forest] é de Fiona Harvey, Jenny Wiggins e Jonathan Wheatley, do Financial Times, no UOL Notícias.

[EcoDebate, 02/06/2009]

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