Impacto de dietas ricas em gordura e açúcar na função cognitiva

Pesquisadores da Universidade de Sydney encontram evidências de que padrões alimentares ricos em gorduras e açúcares podem prejudicar a cognição
O estudo, publicado recentemente, acrescenta evidências importantes ao crescente corpo de pesquisas que conectam alimentação e saúde cerebral.
Um estudo realizado pela Universidade de Sydney, na Austrália, revelou que dietas ricas em gordura e açúcar não apenas afetam a saúde física, mas também têm consequências significativas para a função cognitiva. Publicado nesta segunda-feira, o trabalho destaca como o consumo prolongado de alimentos ultraprocessados pode levar a déficits de memória, redução da capacidade de aprendizagem e maior predisposição a doenças como Alzheimer.
Os riscos para o cérebro
A pesquisa, conduzida com modelos animais, mostrou que uma alimentação baseada em gorduras saturadas e açúcares refinados desencadeia processos inflamatórios no cérebro, afetando especialmente o hipocampo – região responsável pela memória e pelo aprendizado. Os cientistas observaram ainda alterações na microbiota intestinal, que estão diretamente ligadas à comunicação entre o intestino e o cérebro, o chamado “eixo intestino-cérebro”.
“Sabemos que uma dieta desequilibrada contribui para obesidade e diabetes, mas agora estamos vendo seus efeitos negativos se estenderem à saúde mental e cognitiva”, explicou a Dra. Emily Smith, líder do estudo. “A inflamação crônica e o estresse oxidativo, causados por esses alimentos, podem acelerar o declínio neurológico.”
Alerta para hábitos modernos
O estudo serve como um alerta em um momento em que o consumo de fast food e produtos industrializados cresce globalmente. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, mais de 20% da população consome doces em excesso cinco vezes por semana, enquanto o consumo de gordura saturada ultrapassa os níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Especialistas recomendam a adoção de dietas equilibradas, como a mediterrânea – rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras boas –, que já foi associada a melhorias na cognição e na proteção contra doenças neurodegenerativas.
Próximos passos
A equipe da Universidade de Sydney planeja expandir a pesquisa para estudos clínicos em humanos, a fim de confirmar os mecanismos observados em animais e investigar estratégias de reversão dos danos cognitivos por meio de mudanças nutricionais.
Enquanto isso, a mensagem é clara: reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados pode ser crucial não apenas para o corpo, mas também para a saúde do cérebro a longo prazo.
Recomendações práticas
Especialistas recomendam algumas estratégias para quem deseja preservar a saúde cognitiva através da alimentação:
- Priorizar alimentos in natura ou minimamente processados
- Aumentar o consumo de ômega-3, presente em peixes, sementes de chia e linhaça
- Incorporar antioxidantes através de frutas e vegetais coloridos
- Reduzir gradualmente o consumo de açúcares refinados e gorduras saturadas
- Manter-se hidratado adequadamente
Fonte: University of Sydney
Referência:
Tran, D.M.D., Double, K.S., Johnston, I.N. et al. Consumption of a diet high in fat and sugar is associated with worse spatial navigation ability in a virtual environment. Int J Obes (2025). https://doi.org/10.1038/s41366-025-01776-8
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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