Mudanças climáticas tornam furacões no Atlântico mais intensos e frequentes
O satélite GOES-16 da NOAA capturou o furacão Idalia se aproximando da costa oeste da Flórida, enquanto o furacão Franklin se agitava no Oceano Atlântico, em 29 de agosto de 2023.
Um estudo recente publicado pela Universidade de Reading, no Reino Unido, trouxe um alerta preocupante: os furacões no Oceano Atlântico tendem a se tornar mais intensos e frequentes nas próximas décadas, impulsionados pelas mudanças climáticas.
A pesquisa, que analisou projeções climáticas e padrões atmosféricos, sugere que o aquecimento global está alterando drasticamente a dinâmica desses fenômenos naturais, com impactos potencialmente catastróficos para regiões costeiras.
De acordo com o estudo, o aumento da temperatura dos oceanos e mudanças nos padrões de vento estão criando condições mais favoráveis para a formação e intensificação de furacões.
Os pesquisadores utilizaram modelos climáticos avançados para simular cenários futuros, e os resultados indicam que a frequência de furacões de alta intensidade (categorias 3, 4 e 5) pode aumentar significativamente até o final do século.
Um dos pontos destacados pela pesquisa é o papel do aquecimento das águas superficiais do Atlântico. Furacões dependem do calor liberado pelos oceanos para ganhar força, e, com o aumento das temperaturas, esses sistemas têm mais “combustível” para se intensificarem rapidamente.
Mudanças na circulação atmosférica podem fazer com que os furacões se desloquem mais lentamente, prolongando seu tempo de atuação sobre áreas específicas e aumentando os danos causados por ventos fortes e chuvas torrenciais.
O estudo também alerta para os impactos socioeconômicos dessas mudanças. Regiões costeiras, especialmente no Caribe e no sudeste dos Estados Unidos, já são altamente vulneráveis a tempestades tropicais.
Com furacões mais fortes e frequentes, os riscos de destruição de infraestrutura, perdas humanas e prejuízos econômicos aumentam exponencialmente. Além disso, países em desenvolvimento, com menos recursos para investir em sistemas de alerta e infraestrutura resiliente, podem ser os mais afetados.
Os pesquisadores enfatizam a urgência de ações globais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme estabelecido no Acordo de Paris, são medidas essenciais para evitar os piores cenários.
No entanto, mesmo com esforços de mitigação, a adaptação às novas realidades climáticas será inevitável. Investimentos em infraestrutura resiliente, sistemas de alerta precoce e planejamento urbano sustentável são fundamentais para proteger comunidades vulneráveis.
Enquanto os líderes globais discutem políticas climáticas, os cientistas continuam a monitorar e estudar os padrões climáticos, buscando entender melhor os mecanismos por trás desses fenômenos extremos. O estudo da Universidade de Reading é mais um alerta de que o tempo para agir é agora, antes que os impactos das mudanças climáticas se tornem irreversíveis.
O estudo reforça a necessidade de uma resposta global coordenada para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Com furacões mais intensos e frequentes no horizonte, a preparação e a adaptação serão tão importantes quanto a mitigação.
O futuro do Atlântico e das comunidades que dependem dele está diretamente ligado às escolhas que fazemos hoje.
Referência:
Monerie, PA., Feng, X., Hodges, K. et al. High prediction skill of decadal tropical cyclone variability in the North Atlantic and East Pacific in the met office decadal prediction system DePreSys4. npj Clim Atmos Sci 8, 32 (2025). https://doi.org/10.1038/s41612-025-00919-y
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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