A importância do Planejamento Estratégico Municipal
“No interior da grande cidade de todos está a cidade pequena em que realmente vivemos”. José Saramago, ensaísta e dramaturgo português (1922 – 2010)
Um Planejamento Estratégico Municipal (PEM), eficiente transcende as barreiras temporais de mandatos e governos
Artigo de Adrimauro Gemaque
Agora em janeiro de 2024 se inicia nos 5.570 municípios do país uma nova Gestão Municipal, temos os prefeitos que foram reeleitos e os que vão governar pela primeira vez. O Brasil é uma das maiores democracias do mundo e tem uma longa experiência eleitoral. Durante os períodos colonial e imperial, foram realizadas constantes eleições para escolher os administradores das vilas e das cidades.
Mesmo assim, faz tempo que a população vem amargando as péssimas consequências da má gestão pública em uma parte significativa dos municípios brasileiros, como também nos governos estaduais e federal.
Vivemos em um mundo de constante transformação, onde as cidades enfrentam desafios complexos e crescentes, desde a busca por soluções para o aumento populacional até a necessidade de preservar o meio ambiente e garantir qualidade de vida cada
vez melhor. Nesse contexto, o Planejamento Estratégico Municipal emerge como um aliado imprescindível para administrar as demandas presentes e, ao mesmo tempo, traçar caminhos sólidos para o crescimento sustentável no longo prazo.
Um Planejamento Estratégico Municipal (PEM), eficiente transcende as barreiras temporais de mandatos e governos, fornecendo um horizonte claro de objetivos compartilhados, metas definidas e ações alinhadas aos anseios da população. Mais do que um mero plano burocrático, ele se torna uma visão de futuro, uma bússola para orientar todas as ações da administração pública e da sociedade civil na busca por um bem comum.
Quando a sociedade se sente parte integrante do planejamento estratégico, os resultados são mais abrangentes, bem-sucedidos e contribuem significativamente para o desenvolvimento e a melhoria da cidade
Para a elaboração do Planejamento Estratégico Municipal, as ferramentas mais utilizadas como indicadores são, SWOT (análise de pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças) e Balanced
Scorecard (BSC), elas desempenham papéis fundamentais para a elaboração, acompanhamento e implementação de um plano eficaz.
Balanced Scorecard (BSC)
Fonte e Elaboração: Conselho Federal de Administração – CFA
O BSC, permite que a administração municipal alinhe suas ações e iniciativas estratégicas com os objetivos definidos no planejamento, assegurando que todas as áreas essenciais sejam contempladas para alcançar a visão de futuro do município.
Uma outra ferramenta que é utilizada na identificação das possíveis causas de um problema ou desafio específico é o Diagrama de ISHIKAWA (Espinha de Peixe ou Diagrama de Causa e Efeito). No contexto municipal, pode ser aplicada para analisar problemas complexos e identificar suas causas subjacentes, ajudando na formulação de estratégias para superá-los. Por exemplo, se o município enfrenta um problema de trânsito, o diagrama de ISHIKAWA pode ajudar a identificar as causas raiz, como infraestrutura inadequada ou falta de transporte público eficiente.
Diagrama de ISHIKAWA
Fonte e Elaboração: Conselho Federal de Administração – CFA
As competências para elaboração do Planejamento Estratégico Municipal (PEM), são do profissional de administração que desempenha um papel fundamental trazendo conhecimentos e habilidades essenciais, para garantir a eficácia e sucesso desse processo complexo que são contribuições valiosas nas suas várias etapas.
Contudo, o profissional de administração mesmo investido do conhecimento da ciência da administração não pode desenvolver de forma isolada a construção de um Planejamento Estratégico Municipal dos demais fatores que permeiam a municipalidade, ele deve ser orientado pelas necessidades, aspirações e perspectivas da comunidade. Nesse contexto devem ser ouvidos: a sociedade, setores sociais e setores produtivos.
O Conselho Federal de Administração, realizou em outubro de 2023, um levantamento para investigar a aplicação do planejamento estratégico municipal em diversas cidades do Brasil. O objetivo do estudo foi analisar a presença e a proporção desse tipo de planejamento em municípios de diferentes tamanhos e regiões.
Foram pesquisadas 560 prefeituras, em 29 municípios (5,18% da amostra) apresentaram evidências de possuir um planejamento estratégico municipal. Por outro lado, 531 municípios (94,82% da amostra) não apresentaram tais indícios. Nas capitais brasileiras,
das 26 cidades pesquisadas, 8 mostraram possuir um planejamento estratégico municipal, ou seja em apenas 30%.
Por fim, o planejamento estratégico municipal é um processo de gestão que visa definir uma visão de futuro para o município e estabelecer as ações e diretrizes necessárias para alcançar essa visão. Ele envolve a elaboração de planos, metas e estratégias de longo prazo, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, melhorar a qualidade de vida da população e potencializar o progresso econômico, social e ambiental da cidade, alinhados aos anseios da população.
Ademais, esse tipo de planejamento é fundamental para as administrações municipais, pois permite que elas identifiquem e priorizem as necessidades e demandas da comunidade, alinhando os recursos disponíveis com os objetivos estratégicos estabelecidos.
Desse modo, o planejamento estratégico guia a atuação do poder público, bem como a participação da sociedade civil e do setor privado, visando o crescimento ordenado e sustentável do município.
Adrimauro Gemaque, é administrador (graduado em Administração Pública) e consultor em Gestão Pública.
Referências:
Planejamento Estratégico Municipal – 2023, Câmara de Gestão Pública (CFA). Disponível em:< https://cfa.org.br/cfa-lanca-cartilha-de-planejamento-estrategico-municipal/ >
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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