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Notícia

O ano em que a América do Sul queimou

 

Os catastróficos incêndios florestais do Pantanal acabariam devastando quase 1,5 milhão de hectares de extensão total de quase 20 milhões de hectares

Os primeiros grandes incêndios florestais de 2024 começaram muito cedo na Amazônia antecipando uma temporada muito difícil em toda a região.

Com a maior parte do continente em condições severas de seca, e particularmente a região amazônica desde meados de 2023, as condições eram favoráveis para o aumento da atividade de incêndios florestais.

O Brasil e a Venezuela registraram as maiores emissões de carbono de incêndios florestais no conjunto de dados do GFAS para fevereiro, depois que quase 1700 pontos de incêndio foram detectados apenas no estado brasileiro de Roraima, que contaram para metade das emissões do Brasil durante esse mês.

A atividade de incêndios florestais continuou sendo maior do que a média, expandindo-se em toda a América do Sul ao norte durante o primeiro semestre do ano, com Bolívia, Guiana e Suriname experimentando os incêndios florestais mais intensos desde pelo menos 2003 por uma grande margem a partir de meados de maio.

A Venezuela termina em 2024, com as maiores emissões de carbono já registradas em estreito com o ano de 2020. Por outro lado, no entanto, a Colômbia experimentou atividade de incêndios florestais abaixo da média.

Durante o final de maio e junho, a região do Pantanal, a maior área de zonas úmidas tropicais do mundo, viu uma atividade de incêndios florestais sem precedentes com consequências catastróficas para esse frágil ecossistema. Até 5 de junho, dados de satélite do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil detectaram um aumento impressionante de 980% em relação ao ano anterior no número de detecções de incêndios florestais.

Os dados de emissões de carbono dos incêndios florestais do CAMS refletiram esse aumento sem precedentes na atividade de incêndios florestais para o estado de Mato Grosso do Sul para maio-junho, com 3,3 megatoneladas de carbono já antes do início típico da temporada de incêndios em agosto e setembro.

Dados do CAMS GFAS para o estado brasileiro de Mato Grosso do Sul

Dados do CAMS GFAS para o estado brasileiro de Mato Grosso do Sul. Esquerda: poder radiativo total de fogo, mostrando valores em grande parte acima da média (vermelho) durante junho. Direita: emissões anuais estimadas de carbono de incêndios florestais. Crédito da imagem: CAMS

 

As emissões para a região ao longo do ano são estimadas em 18,8 megatoneladas de carbono, a mais alta no conjunto de dados.

Na Amazônia Legal, a outra região severamente atingida do Brasil durante 2024, as emissões contaram com 176,6 megatoneladas de carbono, a maior desde 2010. Intensos incêndios florestais afetaram também a região do Pantanal, a vizinha Bolívia e o Paraguai durante esse período.

Os dados do Copernicus Climate Change Service C3S mostraram as temperaturas do ar excepcionalmente altas e as baixas anomalias de umidade do solo que favoreceram a fuga de incêndios na região durante junho.

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Esquerda: Anomalias de temperatura do ar de superfície para a América do Sul em junho de 2024, mostrando as áreas afetadas pelos incêndios do Pantanal em uma média de 5oC a 6oC acima da média. Direita: anomalias de umidade do solo para a América do Sul em junho de 2024. Crédito da imagem: C3S

 

Os catastróficos incêndios florestais do Pantanal acabariam devastando quase 1,5 milhão de hectares de extensão total de quase 20 milhões de hectares.

Cientistas locais têm alertado sobre a degradação da região do Pantanal nos últimos anos com uma redução acentuada da área inundada devido à degradação da terra, mudanças no clima e no uso da terra, bem como o aumento dos episódios de incêndios florestais, embora a extensão dos incêndios florestais de 2024 seja uma das piores nas últimas duas décadas.

A situação persistiu, particularmente na Bolívia, que continuou registrando intensidade e emissões sem precedentes de incêndios florestais, e o Brasil, aproximando-se do máximo histórico, já que o estado do Amazonas experimentou uma temporada de incêndios florestais excepcionalmente intensa a partir de julho, em grande parte acima da média e com níveis sem precedentes de emissões de incêndios florestais, continuando a tendência dos últimos anos.

Emissões cumulativas de carbono (topo) e emissões anuais de incêndios florestais estimados (parte inferior) para o Brasil e a Bolívia

Emissões cumulativas de carbono (topo) e emissões anuais de carbono estimadas por incêndios florestais (parte inferior) para o Brasil e a Bolívia, até 30 de novembro de 2024. Crédito da imagem: CAMS

 

Como resultado da intensa atividade de incêndio, a análise CAMS do número de dias acima do limiar de 35 microgramas por metro cúbico/m3 de matéria de partículas finas PM 2,5 excedeu 150 dias durante 2024 em algumas áreas da Bolívia e do Brasil, com vários dias destes potencialmente perigosos para as concentrações de PM 2,5 de saúde na maior parte da América do Sul central. Isso está representado no mapa abaixo. A visualização também mostra a atividade de transporte de poeira no Atlântico e no Caribe, que pode aumentar os níveis de PM nessas regiões.

Número de dias de concentrações médias diárias de PM2,5 acima de 35 mg/ m3 durante 2024

Número de dias de concentrações médias diárias de PM 2,5 acima de 35 g/m3 durante 2024 (até dezembro de 2024). Crédito da imagem: CAMS

 

O México e a Central América também experimentaram um período de intensidade de incêndios florestais acima da média durante abril e início de maio, após o início da temporada (normalmente entre março e final de maio) na média ou ligeiramente abaixo, com a Nicarágua registrando as maiores emissões de carbono de incêndios florestais entre março e junho.

 

Fonte: Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS)

 

in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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