Turismo Rural Sustentável a partir das Perspectivas dos Stakeholders Locais
O desenvolvimento do turismo rural sustentável exige que os operadores de turismo rural compreendam o conceito de práticas sustentáveis e os benefícios de sua adoção
Artigo de José Austerliano Rodrigues, Márcio de Andrade Souza Freitas e Leonardo Bandeira Luna de Moraes
O turismo rural é uma forma de turismo em áreas rurais ou remotas (Borto, 2002). Ele contribui para a revitalização econômica, ecológica e sociocultural, com o objetivo de melhorar o status e a qualidade de vida da comunidade local e do meio ambiente.
Assim, o turismo rural oferece às comunidades rurais uma oportunidade de crescimento, além de maneiras de aprimorar ou agregar valor à natureza local, às atrações culturais e às atividades, promovendo alimentos locais, bem como atividades de lazer em paisagens intocadas.
Também gera oportunidades de renda e emprego para as áreas rurais, desempenha um papel significativo na reativação de recursos naturais e culturais, sendo essencial para a economia das regiões rurais (Chan, 2023).
Assim sendo, o turismo rural sustentável é definido como atividades que contribuem para o desenvolvimento econômico e social positivo das áreas rurais, sem prejudicar os ambientes social e natural (Jovanović; Manic, 2012).
Ao mesmo tempo, a gestão do turismo rural e dos destinos rurais é uma questão complexa que exige o envolvimento ativo dos stakeholders (partes interessadas) do turismo rural e das associações turísticas. O mais importante é que eles compreendam a importância e a aceitação das práticas sustentáveis e seus benefícios.
Podovac (2016) destacou a necessidade de educar os stakeholders sobre o comportamento responsável do turismo rural em relação aos recursos naturais. Simplificando, a sustentabilidade refere-se à capacidade de manter e preservar os recursos e práticas ao longo do tempo.
O conceito de desenvolvimento do turismo sustentável e seus princípios foram amplamente aplicados para compreender a sustentabilidade dos destinos turísticos.
O conceito de turismo sustentável implica alcançar um equilíbrio entre as facetas ambientais, econômicas e socioculturais, com base no tripé da sustentabilidade (Elkington, 1998), que inclui atividades, supervisão e crescimento do turismo que mantêm a integridade natural, econômica e social, protegem os recursos naturais, ambientais e culturais, garantem a satisfação dos turistas por meio de experiências significativas e promovem práticas sustentáveis no turismo (Niedziółka, 2012).
Fatores ambientais, sociais, econômicos, cidadania ecológica e tecnologia de informação, bem como o crescimento de longo prazo sem a depleção ou degradação de seus recursos, são amplamente documentados como áreas de interesse principal.
De maneira geral, os motivos para adotar práticas sustentáveis incluem proteção ambiental, a economia de custos por meio da redução do uso de recursos, o aumento da competitividade e diferenciação, o fortalecimento da marca (branding) do destino e da capacidade competitiva, a conformidade ética e legal, além do engajamento em estratégias de sustentabilidade de marketing. Todos esses fatores são essenciais para a implementação de práticas sustentáveis (Chan, 2023; Rodrigues Filho; Rodrigues, 2018; Belz; Peattie, 2012).
Por exemplo, os destinos e locais rurais em Sabah, na Malásia, são abençoados com uma rica variedade de recursos naturais e culturais, além de paisagens únicas que atraem turistas. Essas características tornam-se atrações rurais singulares, que demandam práticas sustentáveis, as quais devem ser geridas por stakeholders locais (como líderes comunitários, empresários, autoridades locais e outros envolvidos no turismo da região), para proporcionar experiências autênticas.
Além disso, o turismo rural está crescendo rapidamente, à medida que mais pessoas procuram novos espaços para escapar da rotina profissional e do ambiente urbano (Schmidt, 2016).
Portanto, o turismo rural oferece às comunidades locais oportunidades para diversificar a economia das áreas rurais e revitalizar os locais rurais. Nesse contexto, o modelo de sustentabilidade de marketing torna-se uma prioridade no desenvolvimento do turismo rural, buscando equilibrar as necessidades dos visitantes, as características do local e as oportunidades da comunidade anfitriã para promover seu desenvolvimento econômico local (Ivona, 2021; Rodrigues Filho; Rodrigues, 2018).
Além disso, o modelo de sustentabilidade de marketing (com suas dimensões econômicas, ambientais, sociais, cidadania ecológica e tecnologia da informação) pode contribuir para a melhoria dos padrões de vida, equilibrando a proteção ambiental, a promoção de benefícios econômicos, a justiça social e a preservação da integridade cultural (Rodrigues Filho; Rodrigues, 2018; Liu et al., 2013).
Ademais, Kantar e Svržnjak (2017) mostraram que a sustentabilidade integrada do turismo rural consiste em quatro dimensões: biológica, ecológica, econômica, e sociocultural/política.
O desenvolvimento do turismo rural sustentável exige que os operadores de turismo rural compreendam o conceito de práticas sustentáveis e os benefícios de sua adoção. As práticas sustentáveis exigem uma colaboração e parceria abrangentes entre todos os stakeholders para alcançar uma abordagem holística. Tal aceitação inclui a implementação das práticas sustentáveis pelos operadores no destino rural.
Assim sendo, as perspectivas dos operadores de turismo rural são essenciais, pois eles são os responsáveis pela implementação das práticas. No entanto, suas visões frequentemente são ignoradas. Este estudo ajudam a preencher essas lacunas.
Concluímos também que os benefícios econômicos, o desenvolvimento social, a proteção ambiental, a capacitação e o apoio governamental são os principais fatores que incentivam os operadores de turismo rural a adotarem práticas sustentáveis.
As áreas prioritárias para o aprimoramento dessas práticas estão fortemente associadas aos três pilares da sustentabilidade: treinamento e capacitação, desenvolvimento da infraestrutura e instalações dos destinos rurais, além de esforços para melhorar a colaboração e participação entre os atores do turismo rural.
Esses resultados contribuem para a literatura sobre o desenvolvimento do turismo rural sustentável e oferecem implicações práticas para a adoção de práticas sustentáveis pelos operadores em locais rurais.
Práticas sustentáveis que aderem aos princípios de sustentabilidade em suas estratégias de desenvolvimento econômico, ambiental, social, cidadania ecológica e tecnologia de informação para as áreas rurais não podem ser ignoradas.
Acima de tudo, o turismo rural pode ser uma estratégia de desenvolvimento sustentável e uma ferramenta para diferenciar produtos de turismo rural. Apoio financeiro e programas de treinamento relacionados à sustentabilidade, assim como uma forte colaboração entre os membros da comunidade local, são cruciais para garantir a sustentabilidade dos destinos de turismo rural.
A participação de todas as partes interessadas, com o apoio das associações de turismo e das autoridades locais, ajuda a superar os desafios enfrentados pelos operadores de turismo rural.
José Austerliano Rodrigues é Administrador e Especialista Sênior em Sustentabilidade para Organizações de Diversos Setores, além de Docente em Empreendedorismo e Gestão de Sustentabilidade em Marketing. Possui Doutorado em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br Instagram: @joseausterliano
Márcio de Andrade Souza Freitas é contador formado pela Universidade Federal da Paraíba, docente do programa 5º itinerário no curso técnico em administração. Membro e tesoureiro do Fórum de Turismo Sustentável Vale do Mamanguape (FTSVM). E-mail: msfreitasufpb@gmail.com
Leonardo Bandeira Luna de Moraes é geografo formado pela Universidade Estadual da Paraíba, presidente do COMTUR (Conselho Municipal de Turismo de Mamanguape), presidente da IGR (Instância de Governança Regional) Vale do Mamanguape, e diretor do departamento de oficinas da secretaria de cultura da cidade de Mamanguape e lotado na secretaria de Turismo. E-mail: leoband2013@gmail.com Instragram: @leo_bandeiraa
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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