Estudo cataloga plantas que podem desaparecer devido à ocupação de restinga na Bahia
A equipe de biólogos da Unicamp catalogou 86 plantas na restinga de Maraú, entre elas as angiospermas Centrosema brasilianum e Humiria balsamifera (fotos: Volker Bittrich e André Amorim).
As restingas são frequentemente destruídas por construções litorâneas irregulares. Na tentativa de alertar a população sobre a importância desse ecossistema costeiro e preservá-lo, biólogos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram um levantamento das espécies de plantas encontradas na península de Maraú, uma das últimas áreas de restinga ainda preservadas na Bahia. * Matéria de Barbara Marcolini , no Ciência Hoje On-line.
Durante dois anos, a bióloga Clara Sampaio, orientada pela professora Maria do Carmo Amaral, do Departamento de Botânica da Unicamp, analisou e catalogou espécies de plantas na restinga de Maraú, em especial nas áreas que ficam alagadas no período de chuvas (chamadas palustres). A pesquisadora realizou coletas a cada dois meses e identificou ao todo 86 espécies de angiospermas (plantas com flor) aquáticas e palustres – entre elas, plantas herbáceas, arbustivas e subarbustivas.
A espécie Baccharis singularis, da família da carqueja, também foi encontrada na restinga de Maraú, cuja vegetação vem perdendo espaço para construções à beira-mar (foto: Clara Sampaio).
A vegetação herbácea e arbustiva das restingas é composta por plantas de pequeno porte e abriga pequenos animais, em sua maioria insetos. Esse ecossistema é importante porque ameniza os ventos marinhos e a salinização antes que estes cheguem à mata atlântica.
A península de Maraú, localizada próximo a Itacaré, apresenta características geográficas semelhantes às da restinga de Marambaia e às do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, ambos no Rio de Janeiro. Porém, ao contrário dessas áreas, a restinga baiana não está sob proteção efetiva. Uma lei municipal protege a península, mas, segundo as normas do Ibama, a área pode ter certo grau de ocupação humana. Assim, a restinga vem perdendo espaço para construções à beira-mar, que se instalam principalmente nas áreas palustres.
Regiões mais procuradas
Sampaio lembra que, no período de seca, as áreas palustres apresentam vegetação rasteira, composta principalmente por gramíneas. Por isso, são logo procuradas por moradores e comerciantes, que constroem casas, restaurantes e pousadas em meio à restinga, além de realizarem cultivos diversos, como o de abacaxis e cocos. “Mas, durante o período de chuvas (entre maio e agosto), as áreas palustres são inundadas, o que danifica as construções”, acrescenta a bióloga.
Todo o trabalho de catalogação das espécies de plantas existentes na restinga de Maraú está disponível na internet. O projeto é uma iniciativa do professor Volker Bittrich, que orientou diversos alunos do Departamento de Botânica da Unicamp no desenvolvimento dessa página virtual, onde é possível encontrar resultados de pesquisas sobre diversas espécies de plantas de ecossistemas do Brasil.
* Matéria de Barbara Marcolini , no Ciência Hoje On-line.
[EcoDebate, 08/05/2009]
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