COP4, Reunião em Genebra sobre a Convenção de Estocolmo sobre poluentes perigosos, por Maristela Simonin
Incrível! Hoje pela manhã pesquisei na grande mídia nacional e nada. Nenhuma palavra sobre uma importantíssima conferência da Convenção de Estocolmo, prevista para acontecer nos dias 4 a 8 de maio em Genebra, Suiça. Sua finalidade: reunir ministros e funcionários de governo de 150 países (entre eles o Brasil) para dar prosseguimento aos esforços mundiais que visam a livrar o planeta de algumas das mais perigosas substâncias químicas produzidas pela humanidade, todas apresentando fortes evidências científicas de estarem associadas ao câncer de mama e outros agravos crônicos à saúde. Falo dos Poluentes Orgânicos Persistentes, conhecidos pela sigla POPs.
Escrevi por e-mail à Convenção e a sra. Marcela Carew me confirmou: a conferência está acontecendo, sim, no Centro Internacional de Conferências de Genebra. A pergunta é: por que não estamos falando dela aqui no Brasil?… Vamos aguardar os jornais da noite, esperando que a notícia não seja dada “telegraficamente”.
Essa conferência é considerada um marco importantíssimo na luta contra as substâncias químicas persistentes que ameaçam a vida no planeta. Foi convocada pela Convenção de Estocolmo de 2001, que é administrada pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas, sediado em Genebra.
A Convenção de Estocolmo é um tratado mundial sobre os POPs. Sua finalidade é descobrir e recomendar a seus participantes os meios de reduzir e finalmente banir da Terra esses produtos químicos, haja vista tratar-se de venenos perigosos que permanecem intactos no meio ambiente durante anos ou mesmo décadas, e se acumulam nos tecidos gordurosos de organismos vivos, espalhando-se geograficamente através do ar, da água e de espécies migratórias.
Todos eles são acusados de produzir ou contribuir para produzir câncer e outras doenças e anomalias. O dossiê científico State of the Evidence 2008: The Connection between Breast Cancer and the Environment, elaborado pela PhD Janet Gray et al (cf. International Journal of Occupational and Environmental Health, Vol 15, nº 1, 2009), demonstra que eles vêm sendo associados cientificamente ao câncer de mama, seja como genotóxicos, seja como perturbadores hormonais do tipo xenoestrógeno (imitador de estrógeno).
Os 12 primeiros POPs visados pela Convenção compreendem nove agrotóxicos (aldrina, clordano, DDT, dieldrina, endrina, heptacloro, hexaclorobenzeno, mirex e toxafeno), dois produtos químicos industriais (o PCB e o hexaclorobenzeno, igualmente usados como agrotóxicos) e os subprodutos não intencionais, como as dioxinas e os furanos. A intenção agora é propor que se acrescentem nove itens a essa lista e ver o que é possível fazer para apressar as substituições e eliminações dos POPs em todo o mundo.
É preciso dizer à grande mídia que todos nós, cidadãos e consumidores, temos legítimo interesse nisso e que, apesar da complacência com que acolhe agrotóxicos e outros produtos químicos perigosos em seu território, o Brasil não somente assinou (em 23/05/2001) como ratificou (em 16/06/2004) a Convenção de Estocolmo contra poluentes orgânicos persistentes.
Com informações da Convenção de Estocolmo: PRESS RELEASE –COP4 – GENEVA – 4 MAY 2009
* Por Maristela Simonin, no MAMAblog.
[EcoDebate, 06/05/2009]
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Concordo parcialmente com o que vc.diz no artigo, Maristela. Na web, o evento está em :
http://www.iisd.ca/chemical/pops/cop4/
publicado em 4 de maio de 2009.
O outro lado da moeda é que nem todos os leitores de qualquer portalambiental são pesquisadores, digo, algo semelhante a ratos de livraria, ou equivalentes a mouses da web, e, por isso, não estariam sabendo da notícia em português que vc. acaba de nos fornecer. Com todo o respeito e pela bela notícia, obrigado !
PS.
O site a seguir informa o dia 4 de maio de 2009 em:
http://chm.pops.int/Convention/Pressrelease/COP4Geneva4May2009/tabid/509/language/en-US/Default.aspx
Olá!
Agradeço a EcoDebate pela divulgação do artigo, pois é muito importante podermos levar a informação ao maior número possível de leitores.
Quanto à crítica ao silêncio da mídia, Carol, eu me referia aos grandes jornais e à TV, que na minha opinião tinham, sim, o dever de informar sobre conferência tão importante.
Abs,
Maristela Simonin