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Os males da seca e das queimadas no Brasil

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queimada
Queimada. Foto: EBC/ABr

 

A seca intensa no Brasil e as queimadas ilegais causam incêndios florestais, aumentam a inflação e agravam crises de saúde. Saiba como o clima extremo e o crime ambiental afetam a população e a economia

Ensaio de Rosângela Trajano

Nos últimos meses uma onda de seca grande em várias regiões do Brasil fez com que incêndios florestais causassem grandes danos à população dos lugares mais afetados com a fumaça que subiu aos céus.

O clima seco na maioria das cidades fez aumentar a inflação e alguns produtos começam a ficar bem mais caros nas prateleiras dos supermercados como frutas e até mesmo o nosso querido café. Tomar um cafezinho agora vai ser mais difícil e caro.

O governo federal junto com o Supremo Tribunal Federal – STF convocou mais 150 brigadeiros para tentar apagar o fogo das florestas de várias cidades, nesta quinta-feira, 12 de setembro de 2024.

Também tem se cogitado a volta do horário de verão para a economia de energia, já que com o calor o uso de ar-condicionados e outros aparelhos elétricos têm se intensificado na maioria das regiões do país.

Nas cidades mais afetadas como é o caso de todo o estado de São Paulo, a fumaça tem coberto o céu trazendo preocupações às autoridades sanitárias e deixando os hospitais superlotados por pacientes à procura de atendimentos com problemas respiratórios e oftalmológicos.

A alta procura por umidificadores de ar e nebulizadores para pessoas que estão passando por problemas respiratórios, como asma, bronquite e pneumonia estão em falta na maioria das farmácias e quando são encontrados têm um preço acima do valor de mercado. A população sofre com isso, mas não há muito o que ser feito.

A fumaça se espalha pelo estado de São Paulo e quem a ingere pode sentir vários sintomas e adoecer gravemente. A fumaça pode causar tosse e irritação grave na garganta além de falta de ar. As pessoas que sofrem de asma ou bronquite podem desencadear uma série de crises. A fumaça faz muito mal à saúde do corpo humano e é preciso cuidado para não a respirar por muito tempo, mas tem regiões do país que esse cuidado está completamente impossível de ser feito pela população, pois por todos os lugares há fumaça fora e dentro de casa.

A recomendação é deixar as portas abertas para entrar um pouco de ar, mesmo que seja impuro, melhor do que respirar a fumaça preso dentro de casa. Se tiver água suficiente para tomar banhos também é recomendado. Lavar os olhos com soro e nunca passar as mãos sujas neles.

Ao inalarmos muita fumaça as nossas vias respiratórias podem ser lesionadas, causando inflamações simples ou complicadas dependendo da quantidade inalada. É preciso manter sempre o cuidado de estar em ambientes arejados, de procurar um lugar seguro para ficar. Não deixar as crianças brincarem com o fogo também é de fundamental importância, pois elas não sabem o perigo que estão vivendo.

Além disso, as fumaças das queimadas podem desencadear também problemas cardiovasculares, como doença arterial coronariana, angina e até infarto. Todo cuidado é pouco diante deste clima seco e do grande número de queimadas nas nossas florestas.

Não devemos nos arriscar entrando sozinhos nas florestas para tentarmos apagar o fogo mesmo que ele esteja próximo das nossas casas, pois é perigoso. Só quem deve fazer isso são os bombeiros que sabem as técnicas e como se protegerem do fogo e da fumaça. Não se aventure tentando salvar seus animais ou plantações mesmo sabendo que é tudo o que você tem mais vale a sua vida e a dos seus familiares.

É uma tristeza o que temos visto pela televisão em algumas regiões do país. Florestas completamente queimadas. Animais mortos e árvores queimadas. Um rastro de cinzas que se alastra pelas estradas das grandes cidades junto com a fumaça. Não sobrou quase nada na Amazônia Legal e em algumas cidades do estado de São Paulo.

A bandeira utilizada para indicar o valor da energia elétrica no país mudou de cor neste mês de setembro e passou a ser vermelha, sem perspectiva de voltar a ser verde tão cedo.

A grande seca provocada pela falta de chuvas no país tem nos levados a enfrentarmos não somente problemas de saúde, mas também afetou a inflação com a alta da maioria dos produtos nos supermercados devido ao transporte de cargas que ficou mais difícil. Com tudo ficando caro é provável que até os medicamentos tenham um reajuste nos próximos dias e combater as doenças respiratórias pode se agravar ainda mais.

O Brasil enfrenta a pior seca da sua história, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). E a previsão dos meteorologistas é que dure até o final de novembro, sendo bem otimista. Na verdade, creio que este é um cenário que pode se alastrar pelo próximo verão inteiro, ou talvez amenizado com as fortes chuvas desta época do ano. É torcer e acreditar que a seca vai acabar logo.

Os pobres são os que mais sofrem com essa seca grande, pois com a alta dos produtos alimentícios os itens de uma cesta básica ficam cada vez mais caros, e é preciso muitas vezes deixar de comprar a comida para comprar o medicamento de combate às doenças causadas pela fumaça.

Animais queimados são vistos atravessando estradas federais e estaduais, fugindo para dentro das residências, procurando um lugar onde possam se proteger contra o fogo e a fumaça. Já perdemos diversos animais silvestres, ninhos, habitats, ecossistemas. Estamos vivendo um verdadeiro caos com essas queimadas que já duram mais de três meses e não conseguimos contê-las.

Com os animais silvestres entrando e se espalhando pelas residências e estradas podemos ter casos de picadas de cobras venenosas, ataques de tigres ou lobos aos homens. Todo cuidado é pouco diante disso, também. É necessário que as pessoas ponham telas protetoras nas suas casas já que não podemos fechar as portas devido a fumaça.

O pequeno agricultor que ver a sua plantação ser destruída pelas queimadas sofre e chora como um menino sem saber o que fazer, tentando apagar um fogo que só aumenta com a terra seca. É por isso que muita gente está ficando doente, porque estão tentando salvar os seus patrimônios. A única coisa que lhes resta depois de tanto tempo à espera da chuva.

Os rios secos estão deixando as populações ribeirinhas famintas com os peixes mortos. O povo não tem o que comer. Comprar peixe ficou mais caro, também. Alguns rios praticamente estão mortos na Amazônia. E uma pessoa com fome é sinal de alerta para a desnutrição, principalmente as crianças e os idosos.

Infelizmente estamos diante de um problema sério que há anos não vivíamos no Brasil, a seca destruindo tudo. Matando animais e queimando florestas. Se antes eram os garimpos ilegais que derrubavam as nossas árvores agora são as queimadas que veem destruindo tudo que encontram pela frente. Temos mais um inimigo para enfrentarmos e dessa vez o inimigo é a própria natureza consequência dos malefícios causados pelas mãos dos homens ambiciosos e donos de grandes fortunas que vêm para o nosso país explorar o nosso meio ambiente.

O clima seco em algumas regiões do país não é culpa apenas da natureza, mas dos homens que destroem tudo.

Os homens que robotizados criam fábricas, indústrias e jogam lixo em qualquer lugar por onde passam. São eles os culpados por tanta destruição nas florestas brasileiras, pois durante anos colaboraram para que o clima se tornasse seco interferindo na natureza com os seus desenvolvimentos e crescimentos industrializados.

Quantas “cachorras” Baleias vamos precisar ver morrerem de fome e sede como no romance de Graciliano Ramos intitulado de “Vidas secas”? Salvemos as nossas Baleias pelo bem do meio ambiente e da vida que pede passagem. Os animais precisam ser tirados das florestas o mais rapidamente possível para não correrem o risco de serem mortos de fome ou queimados pelos incêndios que ainda creio serem causados também por ações humanas, também. Não responsabilizemos somente a natureza.

Rosângela Trajano, Articulista do EcoDebate, é poetisa, escritora, ilustradora, revisora, diagramadora, programadora de computadores e fotógrafa. Licenciada e bacharel em filosofia pela UFRN e mestra em literatura comparada também pela UFRN. É pesquisadora do CIMEEP – Centro Internacional e Multidisciplinar de Estudos Épicos. Com mais de 50 (cinquenta) livros publicados para crianças, ministra aulas de Filosofia para crianças na varanda da sua casa, de forma voluntária. Além disso, mora pertinho de um mangue aonde vai todas as manhãs receber inspiração para poetizar.

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in EcoDebate, ISSN 2446-9394

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