Comércio Eletrônico nas Dimensões da Sustentabilidade
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Artigo de José Austerliano Rodrigues
O comércio eletrônico (e-commerce) pode ser analisado nas dimensões da sustentabilidade, considerando seus impactos econômicos, ambientais e sociais.
O crescimento dos negócios on-line em todo o mundo confirma o papel da tecnologia na revolução da internet (NISAR; PRABHAKAR, 2017). A disseminação e a facilidade de uso da internet permitem que o comércio eletrônico se torne cada vez mais utilizado (HARYANTI; SUBRIADI, 2021).
Deste modo, o comércio eletrônico facilita as compras dos consumidores, a busca de produtos, a comparação de preços, a eficiência e a melhoria do atendimento ao consumidor (WAGNER, 2015; HEUER et al., 2015; MOISESCU, 2018; SAFAVI, 2009).
Como parte da economia digital, Goldfarb e Tucker (2019), afirmam que o comércio eletrônico, de acordo com o relatório da McKinsey de 2018, tem impacto em quatro áreas relacionadas às dimensões da sustentabilidade: benefícios financeiros, criação de empregos, benefícios ao comprador e equidade social (DAS et al., 2018).
Já na economia da sustentabilidade, a economia digital tornou-se um novo fenômeno com um papel estratégico no desenvolvimento da economia global (LAMBERT; JAMES; TRAN, ANH; REINERS, 2020).
Assim sendo, o comércio eletrônico está relacionado à dimensão da sustentabilidade ambiental. Por exemplo, o comércio eletrônico causa um efeito ambiental positivo na redução das emissões de gases CO2 devido à redução das necessidades individuais de viagem dos consumidores (CHUEAMUANGPHAN; VISVANATHAN; KASHYAP, 2019).
No entanto, o comércio eletrônico produz um impacto ambiental negativo nos resíduos de embalagens (BIRD, 2018). O uso do comércio eletrônico leva a mais resíduos plásticos descartáveis devido às embalagens (RHEA WESSEL, 2019). Uma embalagem de e-commerce comum pode usar até sete tipos de materiais de embalagem: papel, envelopes, caixas de papelão, sacolas plásticas, sacolas de tecido, fitas e materiais de apoio (plástico bolha, isopor).
Enquanto a dimensão social consiste em aspectos das necessidades humanas e do desenvolvimento cultural, focando na igualdade (Sun et al.,2013), a perda de empregos atribuída ao e-commerce é causada pela substituição potencial de lojas tradicionais e físicas por virtuais, resultado em desemprego para algumas pessoas (HARYANTI; SUBRIADI, 2021).
No entanto, o e-commerce cria oportunidades de trabalho para empreendedores e indivíduos com letramento digital (BIAGI; FALK, 2017). Assim sendo, as empresas tendem a focar na dimensão econômica, pois se esforçam para alcançar renda e crescimento financeiro (BERGMAN, 2014).
A sustentabilidade econômica pode ser enfatizada como um pré-requisito para o crescimento e desenvolvimento da empresa. Porém, nenhuma empresa pode alcançar crescimento econômico se isso causar danos ambientais. Portanto, pode-se afirmar que todas as dimensões da sustentabilidade são igualmente importantes para assegurar um equilíbrio ambiental, social e econômico ao longo do tempo e do espaço.
É importante discutir esta pesquisa para integrar o uso do comércio eletrônico com a sustentabilidade, como apoio aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (2015), bem como ao Modelo de Sustentabilidade de Marketing, no contexto da tecnologia de informação (RODRIGUES FILHO; RODRIGUES, 2018).
A integração do comércio eletrônico à sustentabilidade o torna mais sustentável (ARNOLD et al., 2018). Mas, ainda são poucos os estudos que relacionam a intenção de uso com a sustentabilidade (BIAGI; FALK, 2017; HONG, 2018). Pesquisas anteriores discutiram a sustentabilidade do comércio eletrônico sob a perspectiva da empresa (Oláh et al., 2018), enquanto outras discutem a sustentabilidade sob uma perspectiva ambiental e o comportamento dos consumidores e cidadãos ecológicos em relação aos produtos sustentáveis (HARYANTI; SUBRIADI, 2021; RODRIGUES, 2024). Outras pesquisas sobre sustentabilidade focam no uso de produtos diretamente da perspectiva do consumidor, sem abordar especificamente o comércio eletrônico (KAUTISH; DASH, 2017).
A seguir, o e-commerce e as três dimensões da sustentabilidade.
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O comércio eletrônico está crescendo rapidamente globalmente de ano para ano (EMARKETER, 2019). Como parte da economia digital, Goldfarb e Tucker (2019) afirmam que o comércio on-line é um novo fenômeno que tem um papel estratégico no desenvolvimento da economia global (LAMBERT, JAMES; TRAN, ANH; REINERS, 2020). O comércio
eletrônico dá uma contribuição importante para a economia digital. Considerando o rápido crescimento e a visibilidade oferecidos pelo e-commerce aos consumidores e ao público, é necessária a integração do e-commerce com a sustentabilidade econômica (MACCHION et al., 2017; MANGIARACINA et al., 2015; YANG et al., 2016). Isso está de acordo com a crescente atenção e conscientização sobre a importância da sustentabilidade (MACCHION et al., 2017).
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Há um debate sobre se o comércio eletrônico tem um efeito positivo ou negativo nas três dimensões da sustentabilidade: econômica, ambiental e social, especialmente na sustentabilidade ambiental. Pesquisas na área de transporte relacionadas ao comércio eletrônico detectaram efeitos positivos e negativos do comércio eletrônico no meio ambiente, incluindo congestionamento, combustível veicular e emissões (CARRILLO et al., 2014; CHUEAMUANGPHAN; VISVANATHAN; KASHYAP, 2019). O crescimento do comércio eletrônico é acompanhado por um aumento no número de remessas e transportes, especialmente no tráfego de veículos (MANGIARACINA et al., 2015).
Contudo, isso nem sempre tem um significado negativo. Os resultados mostram que, ao ser entregue diretamente ao domicílio do consumidor, o comércio eletrônico pode reduzir as emissões causadas pelo deslocamento dos consumidores até a loja (CARRILLO et al., 2014). Um efeito negativo relacionado à entrega ineficiente ocorre quando diferentes itens são pedidos de vários e-commerce e enviados para o mesmo local (MANGIARACINA et al., 2015; NISAR; PRABHAKAR, 2017). Outro impacto negativo da dimensão ambiental é o problema das embalagens, que se tornam resíduos do comércio eletrônico, como os resíduos plásticos (LAAH, 2015; BIRD, 2018).
Desta maneira, a integração do comércio eletrônico na sustentabilidade ambiental é necessária para minimizar efeitos negativos no meio ambiente causados por ele (CARRILLO et al., 2014; MUFIDAH et al., 2018; NIA et al., 2018; NISAR; PRABHAKAR, 2017; VAN LOON et al., 2015; WANG; HUANG, 2018; RHEA WESSEL, 2019).
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Estima-se que haverá 26 milhões de novos empregos em 2022 (Kominfo.go.id, 2020) como resultado da economia digital. A tecnologia da informação e comunicação hoje facilita uma melhor comunicação e transferência de conhecimento para empresas em nível global, possibilitando a expansão do mercado de comércio eletrônico em todo o mundo (CUI et al., 2017).
Com isso, o comércio eletrônico tem contribuído para o aumento da inovação social. A substituição potencial de lojas físicas tradicionais por lojas on-line pode resultar na perda de empregos (Biagi; Falk, 2017), mas o e-commerce também cria oportunidades de trabalho para empregadores e indivíduos com habilidades digitais (HARYANTI; SUBRIADI, 2021).
Esta pesquisa revela várias descobertas sobre a integração do comércio eletrônico com a sustentabilidade. Atualmente, as pessoas sentem o conforto e a conveniência dos serviços de comércio eletrônico e confiam nas transações realizdas por meio dele. Portanto, o crescimento do comércio eletrônico está em ascensão.
De modo geral, a sustentabilidade (econômica, ambiental e social) e o modelo de sustentabilidade de marketing (econômico, ambiental, social, ética/cidadania ecológica e tecnologia de informação) são amplamente estudadas em países desenvolvidos.
No Brasil, a ênfase formal nas questões de sustentabilidade tem sido relativamente limitada desde de 2015, mas vem crescendo gradualmente.
Durante esse período, várias iniciativas e políticas foram implementadas para abordar questões ambientais, sociais e econômicas. Isso inclui esforços para reduzir o desmatamento na Amazônia, promover energias renováveis, como a solar e a eólica, e incentivar práticas sustentáveis na agricultura e na indústria.
Além disso, a conscientização sobre a sustentabilidade tem aumentado entre empresas, governos e a sociedade civil, refletindo um movimento em direção a um desenvolvimento mais equilibrado e ambientalmente responsável.
Por fim, o autor deste artigo aplicou o modelo de sustentabilidade de marketing como um novo esquema para a gestão estratégica corporativa, alinhada a tecnologia de informação em indústrias brasileiras.
José Austerliano Rodrigues é Administrador e Especialista Sênior em Organizações de Diversos Setores para a Sustentabilidade. Ele também atua como Docente em Gestão de Sustentabilidade de Marketing e Diversos Tipos de Empreendedorismo, possuindo Doutorado em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
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in EcoDebate, ISSN 2446-9394
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