Cidadão Ecológico na Formação de Professores
►Conteúdo gerado por Humano (a) para Humanos (as)◄
Artigo de José Austerliano Rodrigues
Um cidadão ecológico é uma pessoa que protege os direitos da natureza, bem como seus direitos, e assume a responsabilidade.
O aumento da poluição e da população no último século prejudicou seriamente o meio ambiente e afetou a natureza mais negativamente do que nunca. Formar cidadãos ecológicos é essencial para minimizar esses danos por meio das responsabilidades que assumem (AKBAKLA; EROL; CÖMERT, 2023).
Deste modo, o conhecimento e as percepções dos candidatos a professores, que irão educar o nosso futuro, servirão diretamente para a formação de cidadãos ecológicos.
Nesse contexto, o objetivo primordial da pesquisa é determinar os significados que os futuros professores atribuem ao conceito de cidadania ecológica.
A compreensão do Estado-nação pela Revolução Francesa e o movimento nacionalista aumentaram a importância da cidadania. Cada nação experimentou isso de forma única (AKBAKLA; EROL; CÖMERT, 2023). Por exemplo, enquanto a cidadania baseada na origem étnica é predominante na Alemanha, a cidadania que concede direitos iguais a todos os membros da sociedade, independentemente da língua, religião ou raça, prevaleceu na França (TUĞCU, 2019). Em outras palavras, a cidadania ganhou destaque como uma forma de descrever o estado de ser cidadão e o fato de que alguém que vive dentro dos limites de uma nação tem obrigações além das comunidades privadas às quais pertence (ÜNSAL, 1998).
Nesse contexto, cidadania tem sido definida como um conceito público que inclui várias formas de pertencimento, posição e sensibilidade e emergiu do contexto jurídico e político do modelo estatal (ÜSTEL, 2004). A globalização tornou recentemente a comunicação mais simples além-fronteiras, e a interação humana aumentou. Devido a essa circunstância, há agora novas definições e interpretações de cidadania. O conceito de cidadania foi ampliado para abranger questões e comportamentos dos cidadãos (UYSAL, 2018). Em particular, a sociedade se baseia na vontade do cidadão desde a segunda metade do século 20.
A educação para a cidadania, segundo Dobson (2003), ensina apenas as obrigações do indivíduo para com as instituições e organizações de sua sociedade, trouxe inicialmente uma mudança. Previu-se que os cidadãos têm algumas responsabilidades em relação ao meio ambiente e às questões ambientais, além de algumas preocupações ecológicas que surgiram após a Revolução Industrial.
A cidadania ecológica, que aborda os direitos ambientais e algumas responsabilidades nas esferas individual e pública e a integra à identidade cidadã, deve ser revelada nesse contexto.
Desde o início, as pessoas interagiram umas com as outras e com o seu entorno. Ao longo do tempo, por causa dessa interação, várias questões ambientais surgiram. As questões ambientais tornaram-se mais urgentes devido ao aumento das populações urbanas, à industrialização e ao consumo de recursos. As questões ambientais começaram a diminuir a qualidade de vida dos seres vivos à medida que as catástrofes ambientais se multiplicam.
Assim sendo, as catástrofes ambientais, na opinião de Spannring (2019), obrigaram os cientistas a realizar mais pesquisas sobre ecologia e sustentabilidade, levando ao surgimento e crescimento do conceito de cidadania ecológica nesse campo de estudo. Quando a literatura é examinada, os pesquisadores afirmam que o sistema econômico baseado no consumo desconecta as pessoas da natureza e de suas raízes, o que eles acreditam ser uma das causas dos desastres ecológicos.
A única solução para resolver essa questão é abandonar a postura de cidadania centrada consumo. Segundo Carson (2011), catástrofes ambientais podem ser evitadas com o surgimento de uma nova cidadania ecológica. Para criar um mundo mais habitável, é essencial reduzir as questões ambientais e cultivar cidadãos ambientalmente conscientes (GOUGH; SCOTT, 2005; KELLY; ABEL, 2010). Huckle (2014), afirma que educar as pessoas sobre cidadania ambiental é crucial para o futuro do nosso planeta. Nesse contexto, ele define cidadania ecológica como a cidadania ambiental que emergiu com os avanços tecnológicos e o crescimento econômico em nosso mundo, junto com os direitos e obrigações que garantem o bem-estar das pessoas e a exigência de segurança (FLYNN et al., 2008).
A definição de cidadania ecológica dada na literatura é a seguinte: conhecer seus próprios direitos, conhecer os direitos da natureza, encorajar as pessoas a assumir a responsabilidade pelas questões ambientais, exibir comportamento participativo em relação aos problemas ambientais, observar a justiça, apoiar instituições e organizações ambientais, reduzir a pegada de carbono e proteger o mundo para as gerações futuras (AKBAKLA; EROL; CÖMERT, 2023).
De acordo com várias definições, são cidadãos que fornecem sustentabilidade e estão conscientes da necessidade de usar os recursos igualmente em todo o mundo (AGYEMAN; EVANS, 2005; DOBSON, 2003; KARATEKIN; UYSAL, 2018; NASH; LEWIS, 2005; JAGERS; MATTI, 2010). Dito de outra forma, a cidadania ecológica pode ser vista como uma razão para proteger o meio ambiente (GÜLDOĞAN, 2007).
Por exemplo, o modelo de sustentabilidade de marketing proposto por Rodrigues Filho e Rodrigues (2018), conhecido como as cinco dimensões: econômica, ambiental, social, cidadania ecológica e tecnologia da informação, confirma o quanto o enfoque cidadão-ecológico é politicamente viável para promover uma mudança comportamental na sociedade mais ampla e uma responsabilidade pessoal em relação ao meio ambiente (JAGERS; MATTI, 2010; RODRIGUES FILHO; RODRIGUES, 2018; RODRIGUES, 2024). Essas cinco dimensões do modelo de sustentabilidade de marketing citadas acima foram aplicadas nos setores industriais de alimentos, calçados e roupas esportivas na cidade de Campina Grande – PB. No entanto, para a maioria dos stakeholders entrevistados, as empresas estudadas não praticam a cidadania ecológica.
Assim sendo, as atitudes e ações dos indivíduos impactam o meio ambiente e, para que esse impacto seja positivo, todas as pessoas que vivem no planeta precisam estar cientes de seus efeitos, trabalhar em conjunto e adotar uma mentalidade ecológica (ÖZDEN; ÖZTÜRK, 2019). Os cidadãos ecológicos podem exercer ou renunciar a alguns direitos (SZERSZYNSKI, 2005). A cidadania ecológica é uma forma de cidadania que busca soluções para questões ambientais específicas (LATTA; GARSIDE, 2005). Os objetivos da educação ambiental devem coincidir com as definições de cidadania ecológica para que o processo de encontrar soluções para os problemas ambientais tenha o impacto desejado (UYSAL, 2018).
A Rede de Pesquisa em Desenvolvimento Sustentável listou as seguintes características que um cidadão ecológico deve possuir (UYSAL, 2018):
1. Acredita que o desenvolvimento ambiental sustentável está ligado à modernização. Com base nessa crença, as pessoas desenvolvem uma compreensão ambiental alternativa que também considera as fontes de alimento dos animais e outros seres vivos na natureza.
2. O cidadão ecológico acredita que a melhoria ambiental em benefício do meio ambiente é compatível com a modernização e se esforça para promovê-la. Ao considerar todas as espécies vivas no ambiente, propõe soluções para enfrentar as mudanças climáticas e outras questões ambientais que representam riscos.
3. O cidadão ecológico acredita que agir eticamente é essencial para demonstrar comportamentos ecológicos.
4. Os cidadãos ambientais acreditam na justiça que abrange tanto seu ambiente local quanto o mundo global.
5. Um cidadão ecológico distingue dos demais cidadãos em ações específicas.
6. Enquanto os deveres do indivíduo para com os outros indivíduos e seu ambiente são revelados na compreensão convencional de cidadania, os direitos, responsabilidades e participação em relação a todas as espécies vivas na natureza são destacados na compreensão de cidadania ecológica. A cidadania ecológica é discutida na literatura pertinente com dimensões como participação, responsabilidade, sustentabilidade, direitos e justiça.
A seguir, apresenta-se uma breve literatura sobre esses conceitos:
-
O fundamento da dimensão responsabilidade é as pessoas colherem os benefícios dos recursos que a natureza lhes fornece (SKILL, 2012). Em outras palavaras, pessoas que conservam energia diariamente e agem de forma responsável, enfatizando o trabalho de reciclagem para proteger o meio ambiente (DOBSON, 2003).
-
Sustentabilidade: os cidadãos ecológicos garantem ativamente a sustentabilidade ambiental, controlando seus padrões de consumo insustentáveis e exibindo atitudes que visam melhorar o meio ambiente (EVANS, 2011).
-
Participação: de acordo com Mengsi e Zhengke (2018), um cidadão ecológico se engaja ativamente em iniciativas de proteção ambiental e é ambientalmente consciente para melhorar o estado da natureza. Além de suas funções e responsabilidades relacionadas ao meio ambiente, ele também é um participante proativo na identificação das causas subjacentes das questões ambientais e trabalha deligentemente para avançar nessas questões (HADJICHAMBIS; REIS, 2020).
-
Direito e Justiça: de acordo com Wolf (2007), direito e justiça referem-se ao desenvolvimento de um forte senso de justiça em relação a outras pessoas, seres vivos e meio ambiente. A justiça é considerada a primeira qualidade moral que um cidadão ecológico deve possuir nessa situação (HAYWARD, 2006; KENNEDY, 2011).
Contudo, os professores das instituições de ensino têm um grande trabalho ensinando as crianças sobre cidadania ecológica. Conhecer as visões daqueles que serão professores no futuro sobre cidadania ecológica é crucial neste contexto.
De acordo com o cidadão ecológico na formação do professor, os indivíduos que se identificam como ecocidadãos devem possuir habilidades específicas. Essas habilidades incluem empatia, resolução de problemas, pensamento crítico, pensamento analítico, alfabetização ambiental, observação, proteção da natureza, autoconsciência, consciência de direitos, reconhecimento dos direitos da natureza, cooperação, percepção de sustentabilidade, consciência, pensamento inovador e adesão às regras (AKBAKLA; EROL; CÖMERT, 2023).
Todavia, as pessoas que se espera que sejam cidadãos ecológicos estão cientes de que fazem parte da natureza e devem amar e proteger a natureza, de acordo com as descobertas do estudo e a literatura revisada. A educação baseada em valores deve ser priorizada para que os professores em formação possam aprender valores naturais.
Portanto, uma variedade de atividades criativas pode ser realizada para ajudar os professores em formação a desenvolver uma empatia pelo mundo natural e pelas criaturas que o habitam. Muitos estudos têm notado o valor das técnicas dramáticas no crescimento das habilidades de empatia quando a literatura é examinada (CORSA, 2020).
As atividades na natureza tornam-se mais significativas no desenvolvimento de competências de literacia ambiental. Atividades como plantar árvores ou plantas podem ser planejadas para ajudar a desenvolver essa habilidade. Projetos que promovam atitudes de cidadania ecológica entre os professores em formação, especialmente aqueles que estudam em universidades, podem incluir a escolha de disciplinas e cursos relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade.
José Austerliano Rodrigues é Administrador e Especialista Sênior em Organizações de Diversos Setores para a Sustentabilidade. Ele também atua como Docente em Gestão de Sustentabilidade de Marketing e Diversos Tipos de Empreendedorismo, possuindo Doutorado em Sustentabilidade de Marketing pela UFRJ. E-mail: austerlianorodrigues@bol.com.br.
[ Se você gostou desse artigo, deixe um comentário. Além disso, compartilhe esse post em suas redes sociais, assim você ajuda a socializar a informação socioambiental ]
in EcoDebate, ISSN 2446-9394
A manutenção da revista eletrônica EcoDebate é possível graças ao apoio técnico e hospedagem da Porto Fácil.
[CC BY-NC-SA 3.0][ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate com link e, se for o caso, à fonte primária da informação ]